Capítulo X - O outro lado

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(Billie's POV)

Dude, hoje foi intenso. O show como sempre havia sido completamente insano, não tinha nada no mundo que me desse mais prazer do que estar no palco me apresentando pra aquela galera que, por motivos que eu não entendo, me ama tanto. Era difícil não pensar em tudo o que tinha acontecido no estúdio, porque... Eu fucking beijei o Cristopher, não dá pra simplesmente ignorar isso e seguir o dia normalmente, mas eu tentei ao máximo. Ter visto ele daquele jeito no camarim partiu o meu coração de uma forma que é difícil de descrever. Ele parecia um filhote machucado, era uma versão do Capitão que eu não imaginava que existia, eu sequer consigo imaginar o que ele passou para aquelas cicatrizes terem sido formadas, eu não havia reparado nelas até hoje, mas me lembrava de Finneas comentando a respeito com minha mãe.

- Billie? - Finneas me tirou dos meus pensamentos. - Vamos? - Eu sequer havia reparado que havia chegado em casa.
- Vamos. Claro. - Saí do carro após meu irmão e caminhei em direção a porta, quando senti Finneas segurar meu braço.
- Você não está normal. - Ele afirmou. - O que está acontecendo?
- A gente pode conversar depois? Eu preciso de um banho. - Vi uma expressão de preocupação se formar no semblante de meu irmão.
- Ok... Eu vou no seu quarto depois. - Ele passou o braço esquerdo sobre meus ombros, me abraçando e beijou o alto de minha cabeça.
- Valeu. - Respondi e caminhei para dentro com as mãos no bolso. Pepper me recebeu como todos os dias, pulando em cima de mim como se eu fosse um playground pra ela. E eu era mesmo. - Oi, pep! - Me abaixei a frente dela e dei um beijo em sua cabeça. Em seguida me dirigi à cozinha.
- Vai querer o que pro jantar, Bill? - Meu pai perguntou quando entrei no cômodo para pegar uma água.
- Não tenho a mínima ideia. Por mim tanto faz.
- Quando estiver pronto eu te chamo então.
- Ok. - Bebi um gole direto da garrafa e fui caminhando para meu quarto. Ao entrar fechei a porta e acendi a luz na cor vermelha. Fazer shows era muito bom, conhecer centenas de pessoas que gostam tanto do meu trabalho era incrível, mas chegar em casa e me jogar na minha cama como eu havia acabado de fazer... Uuh... Está em outro nível. Tirei meu celular do bolso para conferir algumas mensagens e após cerca de 15 minutos conversando com alguns amigos me subiu uma notificação: Cristopher.

{Boa noite, espero que o show tenha sido incrível como todos os outros. Acabei de chegar em casa. Não quero incomodar seu descanso.}
{Relaxa, cheguei agora também, você não incomoda nem se tentasse. O show foi ótimo. E sua reunião?}
{Foi tudo ok. Assim que as gravações terminarem eu vou ter algum trabalho já garantido.}
{Isso é ótimo!}
{Pois é... Olha... Você quer falar sobre hoje?}
{Não sei. Você quer?}
{Não sei. E a conversa com sua mãe?}
{Ainda não aconteceu, eu espero que ela tenha se esquecido.}
{Depois do que ela viu? Eu duvido.}

- Billie? - Ouvi minha mãe chamar enquanto batia na porta de meu quarto.
- Tá aberta.

{Vocês combinaram? Ela acabou de chegar aqui. Já falo com você, Capitão.}
{Ok.}

- Podemos conversar ou está ocupada?
- Claro. - Me sentei na cama deixando o celular do meu lado com a tela virada para baixo. Vi a "Sra. O'Connell", como Cristopher a chamava, encarar o aparelho e depois direcionar os olhos a mim.
- Era ele?
- Ele? - Tentei me fazer de desentendida na esperança de que ela fosse cair.
- Cristopher. - "Não rolou".
- Como sabe?
- Está com uma cara diferente... Não sei...
- Não tô não.
- Se você diz... - Ela fez uma pausa. - Billie... - Quando minha mãe começava assim era porque as palavras seguintes renderiam um longo assunto. Ela se sentou do meu lado e lançou a pergunta. - Você não acha muito cedo pra ter acontecido o que aconteceu no estúdio?
- Pra ser sincera... Acho... Acho que tudo está indo muito rápido, muito cedo, muito intenso o problema é que eu não consigo evitar isso.
- Esse rapaz mexeu com você mesmo... Tem muito tempo que não te vejo assim.
- Assim..?
- Apaixonada.
- É uma palavra muito forte.
- É o que parece. Mas de qualquer forma... A gente não pode evitar o fato de você estar se envolvendo com um colega de trabalho. E eu não acho que isso seja bom tanto para o ambiente quanto pro resultado do clipe, Billie. Precisamos separar sentimentos de trabalho agora. Talvez possamos substituir ele por outro ator, já que as gravações estão no início ainda.
- Não, de jeito nenhum. Eu escolhi o Capit... O Cristopher totalmente pela capacidade profissional dele e o talento como ator que já foi colocado a prova por Michael e ele adorou. O que aconteceu hoje foi uma irresponsabilidade minha e não vai mais acontecer eu garanto.
- Eu vou ficar de olho em você, não só eu como seu pai. A gente não se envolve em seus assuntos pessoais, por mais que nos preocupemos e muito, mas no profissional a gente precisa fazer a nossa parte ok?
- Ok... Sem problemas. To preocupada com como meu pai vai tratar o Cristopher depois que souber disso tudo.
- Eu vou pedir para que ele não banque o paizão super protetor, não se preocupe. - Ambas sorrimos e eu não pude deixar de abraçar minha mãe.
- Obrigada...
- De nada, meu amor. Ah! Eu quero deixar uma coisa bem estabelecida. - Me afastei dela e a encarei com um olhar de curiosidade.
- O que?
- Eu acho o Cristopher um doce... Muito educado, simpático, ele realmente aparenta ser uma ótima pessoa. - Eu havia pensado em concordar, mas o espontâneo sorriso que se formou em meu rosto já havia respondido.
- Quais são as chances de eu sair pra dar uma volta de carro hoje?
- Bem... Considerando que o carro é seu e que eu preciso contar certas novidades pro seu pai... São bem altas. - Levantei rapidamente da cama e fui até o closet. - Depois do jantar.
- Ok, vou só tomar um banho e já vou lá.

≈≈≈

(Cristopher's POV)

Billie havia dito que já voltava, mas não apareceu novamente. Estava começando a ficar preocupado com o rumo que a conversa com a mãe dela havia tomado. Criar paranóias naquela hora era a última coisa que eu queria, então desci para jantar. Minha mãe havia feito um estrogonofe digno de comer ajoelhado. A comida dos Estados Unidos era boa, mas a culinária de casa dava de mil a zero neles.
Desci as escadas vestindo só uma calça de moletom cinza e calçando pantufas pretas.

- Não tem roupa mais não? Acabou as blusas? A fortuna que você ganha não paga uma camisa? - Perguntou minha tia num tom bem humorado enquanto eu me sentava na mesa
- O que é bonito é para ser mostrado não? - Respondi enquanto me servia.
- Tá fazendo o que aqui então? Volta pro quarto.
- Ok, essa eu perdi. - Eu e minha tia tínhamos o hábito de nos ofender gratuitamente, era como uma competição, minha mãe de vez em quando entrava no jogo, mas na maioria das vezes ela só ria.
- Vocês dois vivem se bic... - Uma alta buzina interrompeu a fala da minha mãe. - Ué.
- Quem será hein? Será que é homem pra mamãe ou mulher pra titia? - Eu disse num tom bem humorado. Eu estava de costas para a janela, mas pude ver dona Catherine e dona Rebekah olharem pro carro e olharem para mim em seguida.
- Considerando a nave alienígena lá fora disfarçada de carro... Pra mim não é. - Disse minha tia.
- Nem pra mim. - Completou minha mãe.

Quando eu olhei pela janela reconheci imediatamente o carro de Billie. Meu coração deu um 360 no meu peito e eu levantei da mesa correndo. Olhei pra baixo vendo minhas vestes nada apresentáveis e corri para meu quarto. Eu parecia uma patricinha estérica mexendo brutalmente no guarda-roupa para encontrar uma blusa decente, acabei encontrando uma camisa de manga longa branca que combinaria bem com a minha calça. Vesti rapidamente e quando olhei no espelho vi meu cabelo parecendo um ninho de mafagafos, pensei rápido e peguei um gorro preto comum. Deixei o tênis por último, optando por um sneaker preto que era meu sapato de atraso, sempre que eu estava sem tempo de selecionar minhas roupas detalhadamente ele era o escolhido por combinar com absolutamente tudo. Desci as escadas na mesma velocidade que subi e fui para a porta.

- Eu já venho! - Disse para as donzelas na cozinha e saí em direção ao carro de Billie. Quando me aproximei ela abaixou o vidro e sorriu. Estava vestida tão informalmente quanto eu, com a diferença de que o informalmente dela custava todo o meu guarda-roupa. Ela estava de blusão branco, uma calça de moletom lisa, o que pra mim era uma novidade, a quantidade de jóias estava muito reduzida, ela usava apenas um colar que eu claramente reparei que era o do figurino do clipe e cerca de 5 anéis apenas.
- Oi, Capitão...
- Oi...? O que está fazendo aqui há essa hora?
- Chame de saudade. - Eu estava sorridente e com uma expressão de surpreso ao mesmo tempo. - Podemos dar uma volta?
- Pra você eu posso tudo, Srta. Eilish.
- Cuidado com suas palavras...

Where do we go? - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora