Capítulo XXIII - Solitária

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(Cristopher's POV)
12:00PM - 16/11/2019 (Horário de L.A)

Minha mãe havia me visitado mais cedo, por volta de umas oito da manhã, ela conseguiu fazer com que Stuart saísse para buscar um copo d'água para ela e me contou tudo o que Maggie havia lhe dito, inclusive sobre a nova advogada. O peso do mundo pareceu sair das minhas costas só do fato de Billie já estar ciente de que eu fui coagido a dizer aquelas coisas horríveis.

- Hora do almoço! - Stuart gritou e todas as celas foram abertas simultaneamente.
- Cooomida! - Sr. Wilson disse pulando da cama.
- Vamos lá. - Eu sorri amigavelmente para ele e me levantei. Nós dois saímos caminhando lado a lado da cela e os olhares dos outros detentos se voltaram para nós.
- Por que tá todo mundo olhando? - Ele perguntou num tom de sussurro para mim.
- Eles estão olhando porque queriam ter um amigo igual a você, Sr. Wilson. - Ele me encarou com os olhos azuis brilhando e um sorriso inocente no rosto.
- Mesmo?
- Sim. - Respondi retribuindo o sorriso.
- Ae, velho! - Um cara forte, de cerca de um metro e setenta e cindo, todo tatuado chamou a atenção de Sr. Wilson enquanto caminhava até nós.
- Ele tem nome. - Eu respondi me virando para o homem e me colocando a frente do senhorzinho.
- Parece que arrumaram um cuidador de idosos aqui. - Disse ele, fazendo os outros três trogloditas que andavam com ele rir. - Sai da nossa frente, playboy, a gente não tem nada contigo.
- Se tem com ele, tem comigo. Um homem desse tamanho perturbando a vida de um senhor?! Quanta coragem hein? - Ele me encarou com um olhar sério e cruzou os braços.
- Garoto, eu acho... - Ele olhou para seus companheiros que deram um passo a frente. - Que você não vai querer comprar essa briga.
- Ah eu vou... - Quando fui dar um passo a frente Wilson segurou meu braço.
- Não faça isso, amigo.
- Não se preocupe. - Tirei a mão dele de meu braço e me aproximei do outro detento.
- Se você faz tanta questão de defender esse velho... - Ele tirou a camisa e jogou no chão. A essa altura um círculo de pessoas já estava formado ao nosso redor.
- Quebra esse moleque, Ty! - Um dos pau mandados gritou.

Eu repeti o gesto dele retirando a camisa e jogando no chão ao meu lado, percebi que Sr. Wilson correu e pegou minha vestimenta do chão. Me aproximei de Ty com os braços abaixados e ele em posição de luta, com a guarda alta. Quando ele direcionou o primeiro soco com a mão esquerda eu tive tempo de desviar inclinando meu corpo para o lado, me afastar e realizar uma nota mental de que ele era canhoto. Ty voltou a se aproximar de mim, dessa vez tentando um soco com a mão direita, o que fez o golpe não ser tão preciso, me dando força o suficiente para neutralizá-lo com o braço esquerdo e desferir um chute com a perna direita no meio de seu abdômen, o fazendo cambalear para trás. Dessa vez eu parti para cima dele com a raiva subindo a cabeça, o que foi o meu maior erro, perdi parte fundamental da minha concentração pensando na covardia que ele e o resto do seu bando faziam com Senhor Wilson, meu tempo de pensamento foi suficiente para Ty encaixar um soco em cheio em meu rosto com a mão esquerda. O cara era forte, muito mais forte do que Jeremy, não sabia dizer se mais forte que meu ex padrasto, mas havia conseguido me levar para o chão apenas com aquele soco. Ao invés de continuar me batendo ele foi reagir aos gritos de comemoração que estavam dando ao nosso redor, aproveitei o tempo de amaciamento de ego dele para me levantar rapidamente e me dirigir a ele, quando o mesmo se virou para mim eu o empurrei e desferi um soco de esquerda em sua face com toda a força que eu conseguia acumular. Ty caiu no chão e os carcereiros decidiram intervir convenientemente quando ele estava perdendo. Stuart veio direto em cima de mim.

- PAROU! - Ele gritou e bateu com o cacetete na minha nuca, me fazendo cair no chão. - Parou a confusão! Acabou o show! TODO MUNDO PRA PORRA DO REFEITÓRIO! - Os detentos se dispersaram rapidamente, mas Tay permaneceu no chão sendo atendido pelos oficiais. - E você, playboy... - Stuart me segurou pelo braço e me levantou grosseiramente. - Você vai pra solitária. - Meu coração acelerou de pânico, eu sabia as condições desumanas que uma solitária continha.
- Não! - Eu disse tentando me soltar dele, mas outro oficial apareceu para ajudá-lo a me arrastar para lá.
- Não quis arrumar confusão? Pagar de super-herói? Vamos ver se você aguenta isso aqui. - Eles me carregaram até o final de um corredor escuro e abriram uma porta de metal com uma pequena janela retangular que só abria por fora. - Aproveite a estadia, playboy. - Os dois me empurraram para dentro de um cubículo de menos da metade dos metros quadrados da cela comum. O lugar era imundo, o cheiro era uma das piores coisas que eu havia sentido em toda a minha vida, tudo o que eu tinha para dormir era um pano no chão e o local que eu faria as minhas necessidades era um buraco no chão. Ninguém havia me dito quanto tempo eu passaria lá dentro, ou se eu poderia sair para fazer algo.

Where do we go? - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora