Where do we go? - Billie Eilish

Capítulo XXVII - O passado

(Cristopher's POV)
21:10PM - 22/11/19

Eu me recordava de ter ido dormir após o almoço com Billie ao meu lado. No entanto, no momento em que acordei ela não estava na cama. Fiquei em silêncio para ver se ouvia a voz dela conversando com minha mãe ou minha tia, mas não ouvi nada além do som do noticiário na tv da sala.
Peguei meu celular para verificar a hora e vi as centenas de mensagens que haviam nele, incluindo a de João e Thaís, meus melhores amigos. Respondi ambos, os acalmando da situação, constatando que eu estava bem e novamente em casa.
Me sentei na cama e passei as mãos pelo rosto enquanto dava um longo bocejo, analisei o quarto ao redor e as malas de Billie ainda estavam ali dentro do closet, achei estranho e me levantei, dirigindo-me ao primeiro andar.

- Olha só quem acordou... - Disse minha mãe ao me ver descer as escadas. Ela estava sentada no sofá assistindo ao noticiário, vestindo um de seus vestidos de seda, aquele especificamente na cor azul marinho.
- Oi... Não foi trabalhar hoje?
- Não. Saí com France. - "Oi?"
- France o médico?
- Sim... - Ela disse em meio a uma risada.
- Eu sabia! Sabia que enquanto eu estava em coma alguma coisa tinha acontecido!
- Eu ia te contar antes, mas sua vida ficou tão movimentada de repente.
- É verdade... Falando nisso... Onde está Billie?
- Até que demorou pra perguntar. - Disse minha tia saindo da cozinha. - Ela saiu tem algumas horas.
- Saiu? Pra onde?
- Ela disse que iria até a casa de Kat, os amigos dela iam estar lá para passar um tempo com ela. Coitada... Deve ter sofrido muito na mão daquele tal de Jeremy.
- Ah... Ela foi com seu carro viu? - Rebekah disse.
- Quem deixou? - Perguntei.
- Nem se faz, até parece que você ia negar se ela pedisse pra você. A menina não queria te acordar, eu dei a chave a ela. - Peguei meu celular no bolso da calça de moletom e decidi mandar uma mensagem para Billie.

{Devo ir até a polícia registrar um boletim de ocorrência por furtar meu carro, Srta. Eilish?}

- É... Tudo bem. Eu vou treinar um pouco, qualquer coisa estou no sótão. - Me levantei do sofá enquanto guardava o celular novamente no bolso.
- Vamos pedir pizza para o jantar. - Disse minha mãe.
- Podem pedir uma vegana para Billie? As coisas dela ainda estão aqui então acredito que ela deva voltar pra cá.
- Anotado. - Ela respondeu e eu segui o caminho até o segundo andar. A escada retrátil que dava acesso ao sótão ficava localizada no teto do meu quarto. Uma posição estratégica já que eu havia me apossado daquele cômodo para o fazer de minha academia. Subindo na minha cadeira do computador eu dava altura para abrir o alçapão do teto, fazendo cair um pedaço de corda que estava preso a escada. Desci da cadeira em seguida, a coloquei no lugar e puxei a corda com certa força, para que a escada descesse, ela ficava exatamente no meio do quarto. Subi até o cômodo escondido que tinha sua composição inteiramente amadeirada, tapetes anti-impacto, halteres, um saco de box e um cavalo com alças daquele de ginástica artística. Retirei meu celular do bolso e coloquei sobre uma pequena mesa de cabeceira antiga que eu havia colocado ali no sótão para guardar pequenos objetos que eu pudesse precisar.
Decidi começar com uma série de apenas trinta flexões, para aquecer o corpo. A medida que eu ia erguendo e abaixando meu próprio peso via as portas da cela na minha frente, com os presidiários caminhando do lado de fora e carcereiros gritando "Ordem!". Essa visão me fazia intensificar cada movimento meu, subindo e descendo com mais veemência. Quando atingi a repetição trinta meu celular tocou. Me levantei com a respiração levemente pesada e fui até o aparelho, a imagem que aparecia era a de... "Maggie?".

- Maggie? - Atendi num tom completamente confuso.
- {Olá, Cris. Boa noite.} - Ela respondeu.
- Boa noite. Aconteceu alguma coisa? - Meu tom já era preocupado. Maggie nunca havia me ligado antes, eu tinha seu número apenas por conveniência.
- {Não... Quer dizer... Billie está com você?} - O tom dela parecia tão inquieto quanto o meu.
- Não. Eu estava dormindo e ela saiu com o meu carro.
- {Ah sim...} - Sentia ela pensativa, como se tentasse escolher as palavras certas para me dizer.
- Maggie, o que está acontecendo? - Enquanto eu falava com ela já comecei a descer as escadas e voltar para o meu quarto.
- {Não é nada... É uma coisa estúpida. Pensei que ela já havia voltado para a sua casa.} - Claramente o tom dela era de mentira. Corri apressado até o closet e peguei uma calça jeans escura, uma blusa longa preta e uma boxer branca.
- Por favor não minta para mim. - Pedi para ela enquanto tirava um dos meus sneakers da prateleira.
- {Não quero te incomodar, você teve um dia cheio o suficiente e...}
- Vai incomodar se não me disser o que está acontecendo. - Corri para o banheiro com as roupas em mãos já pensando nas piores das piores possibilidades: Algo sério aconteceu com Billie.
- {Não houve nada, Cris. Fica calmo.}
- Calmo eu não estou mais. - Tirei a roupa às pressas e coloquei o celular no viva voz. - Se você não me disser o que está acontecendo eu vou descobrir.
- {Eu preciso ir, Cris. Desculpa incomodar.} - Ela desligou o telefone.
- Maggie? Maggie! Merda!