Where do we go? - Billie Eilish

Capítulo XXIX - A estréia

(Billie's POV)
22:43 - 22/11/2019

Eu expliquei a Catherine tudo o que havia ocorrido durante a viagem entre a casa dela e a minha. Ela me ouviu pacientemente, em silêncio e, de uma forma inexplicável, me entendeu, entendeu que eu não tive a mínima intenção de trair Cristopher, mas em contrapartida ela, assim como eu, entendia a revolta dele.
Havíamos chegado em frente a minha casa, ela estacionou lentamente e me encarou.

— Chegamos. — Disse naquele característico tom ameno dela. — Eu não sei como vai ser daqui pra frente, não sei como Cristopher vai agir, mas eu duvido muito que ele desista de vocês dois. Ele pode estar de cabeça quente e continuar assim por alguns dias, dê a ele um certo espaço. — A vontade de chorar havia retornado, meus olhos se encheram de lágrimas e eu apenas assenti com a cabeça.
— Obrigada, Catherine.
— Você é parte da família, Billie. Não precisa agradecer. — Eu forcei um sorriso e abri a porta do Jeep desolada. Quem vinha em minha direção era Drew e Zoe, quando Cristopher me disse para ir embora eu pedi para as duas me esperarem em casa e respirei fundo em alívio ao vê-las.
— Olá, Sra. Evans! — Drew cumprimentou Catherine de forma simpática enquanto eu e Zoe tirávamos minhas coisas da mala. Elas não trocaram muitas palavras além de "Tudo bem?" e "Boa noite".
— Vamos lá pro meu quarto. — Eu disse numa voz baixa. Nenhuma das duas disse nada, apenas assentiram com a cabeça e me seguiram.

Passando pela sala imediatamente minha mãe se levantou e veio até mim, sua expressão era preocupada, ela viu em minha expressão que algo de muito errado havia acontecido.

— Billie, o que.... — Ela começou a frase eu logo cortei.
— Quem foi? — Perguntei num tom direto.
— Quem foi o que? — Ela me olhou confusa.
— Quem te disse que Henry estava na casa de Kat? E ainda mais! Pra que você foi ligar para o Cristopher?! — Eu já não pensava direito, eu só queria entender o porque daquilo tudo e, talvez, dividir a culpa com alguém.
— Duck me contou, ele estava preocupado, ele sabe a índole daquele rapaz, a primeira coisa que ele fez quando viu vocês dois saindo juntos foi me avisar e eu não ia ligar para Cristopher, mas você não respondia minhas mensagens e eu queria ter certeza de que estava bem. — Eu engoli seco. As meninas ao meu lado apenas encaravam minha breve discussão com minha mãe que teve fim num abraço, um abraço que me fez desabar em lágrimas mais uma vez.
— Ele me mandou embora... Eu acho... — Recuperei parte do fôlego. — Eu acho que acabou.

≈≈≈

(Cristopher's POV)
11:45 - 29/11/2019

Uma semana... Uma semana sem ver ou ouvir a voz de Billie. Uma semana sem tocá-la, sem sentir seu cheiro. Uma semana desde que sua atitude me despedaçou completamente.
Eu queria ligar, queria mandar mensagem, mas meu coração pesava todas as vezes que eu tentava, lágrimas enchiam meus olhos ao ver que ela estava online e eu simplesmente desistia. Eu não saí de casa desde a última vez, troquei a roupa de cama, mas parece que o cheiro dela está impregnado no meu colchão, não durmo direito, como apenas o necessário para me manter de pé e tento constantemente esquecer o que ela fez comigo.

— Cris? — A voz da minha mãe invadiu o quarto e meus olhos, antes encarando o teto, se viraram para a porta.
— Está aberta. — Ao me ouvir ela abriu a porta lentamente e me encarou minuciosamente.
— Você recebeu um e-mail do diretor do clipe perguntando se sua presença na estréia hoje está confirmada. — "Hoje?!". Eu havia me esquecido completamente que Michael iria preparar toda uma estrutura no Los Angeles State Historic Park para um número determinado de fans da Billie assistirem a estréia e um mini show dela. Eu sequer sabia que os tickets haviam sido postos a venda. Cocei a barba que estava muito por fazer, enquanto me sentava na cama, eu disse a ele que iria comparecer então eu tenho que comparecer.
— Sim. Eu vou sim... Pode avisar a ele, mãe. Obrigado.
— Você não desceu para tomar café. — Ela disse olhando no fundo dos meus olhos.
— É... Eu sei.
— Talvez seja a hora de fazer alguma coisa, Cristopher. Quanto tempo mais você vai ficar desse jeito? Liga pra ela. Vocês precisam conversar!
— Isso vai ser um pouco inevitável hoje.
— É bom que seja mesmo. — Ela disse num tom ameaçador. — Eu sei que os acontecimentos no Brasil te fazem ter essa defesa tão grande quando o assunto é ser traído, mas, filho... Billie tem sido tão boa pra você. Ela te ama, e eu vejo isso.
— Eu tirei esse tempo para pensar. Eu a amo mais do que eu amei qualquer pessoa na minha vida, mas é muito difícil encarar isso como uma sequência de coincidências. — Falar de Billie fazia meus olhos se encherem de lágrimas instantaneamente.
— Eu entendo... — Minha mãe parecia querer começar a dizer algo quando a voz da minha tia se fez presente vinda lá do primeiro andar.
— Catherine! Vamos nos atrasar!
— Acho melhor você ir. — Eu disse a ela com um forçado sorriso no canto da boca.
— Não sei se quando eu voltar você ainda vai estar aqui, mas... Boa sorte na estréia, meu amor. Sei o quanto está ansioso pra ver o resultado do seu trabalho.
— Obrigado, mãe. Por tudo... — Ela sorriu pra mim, um sorriso belo, mas com um fundo de dor por me ver sofrendo de alguma forma. Dona Catherine se aproximou de mim, puxando-me para um abraço e deixando um demorado selar em minha testa.
— Eu te amo. E eu quero aquele lindo sorriso de volta nesse rosto. — Ao se afastar ela analisou minhas expressões minuciosamente, como quem decorava cada traço do meu rosto. — Eu preciso ir. — Ao dizer ela se levantou.
— Bom passeio. Eu te amo. — Disse vendo-a sair.
— Boa estréia.