Cristopher POV
03:26PMMinha mãe e Maggie se deram infinitamente bem, não desgrudaram uma da outra um minuto sequer, eu havia até brincado com Patrick que ele ficaria solteiro não demoraria muito. Minha mãe acabou por se interessar em comidas veganas, já que, de acordo com ela, a nova integrante da família merecia a melhor culinária que ela poderia oferecer, Maggie ficou radiante com isso e mostrou diferentes receitas veganas que ela costumava fazer para Billie. Infelizmente não durou muito porque Dona Catherine precisou voltar para o trabalho por volta das três da tarde e levou consigo o sol estranhamente escaldante de 6 de novembro, talvez fosse algo do aquecimento global, mas a questão era que assim que minha mãe saiu o tempo fechou e eu estava no gramado do quintal junto com Duck e Elijah tentando ensinar a eles como fazer embaixadinha, enquanto eu tomava uma cerveja oferecida por Finneas antes de ele, Maggie, Patrick e Claudia irem fazer algo no interior da casa.
Por muita insistência de Billie, dos rapazes e do calor eu havia tirado a jaqueta e a camisa. Eu me sentia levemente incomodado, pois tinha plena consciência do quão era feia minhas costas, mas ninguém falou nada, só olharam assustados no começo.- Jesus, Elijah! Você é péssimo nisso! - Disse Billie da varanda.
- Eu estou tentando! Mas não tem como ter controle de uma bola desse jeito com os pés!
- Impossível não é. - Disse Isaac. Terminei a garrafa concedida por Finneas e a coloquei em cima da mesa de madeira.
- Não seja dramático, Elijah. Daqui a pouco eu estou tão bom quanto o Cristopher. Você que é ruim mesmo. - Duck respondeu para ele e jogou a bola na minha direção. Eu a dominei no peito e voltei as embaixadinhas, acabando por ficar de costas para a varanda.
- Eu tenho absoluta certeza que sou tão bom quanto aquele cara. - Jeremy comentou com Kat.
- Então vai lá ué. - Ela respondeu num tom de deboche e ele se levantou vindo em minha direção.
- Passa a bola pra cá, jogador. - Após dizer de uma forma levemente arrogante ele deu dois tapinhas nas minhas costas, na altura do meu ombro, exatamente em cima da minha cicatriz. Eu paralisei completamente, senti uma escuridão familiar se aproximar e tomar todos os meus sentidos. Minha visão se tornou escura e no fundo da minha mente os gritos do meu ex padrasto ecoavam, juntamente com o som da madeira quebrando em mim. Meu corpo respondeu involuntariamente ao ato dele sem que eu tivesse tempo de entender que eu não estava em casa, que ele não era o monstro de todos os meus pesadelos. Todos os meus mecanismos de defesa gritaram que eu precisava me defender, então fechei o punho direito e girei meu corpo com toda a força e velocidade que eu podia juntar naquela hora, atingindo o lado direito do rosto de Jeremy com intensidade o suficiente para o mesmo cair sobre a grama. Ao olhar de relance para ele no chão, vi a figura do ex marido de minha mãe, e quando fui partir para cima dele senti alguém me segurando.- Não! - A voz era de Duck. Ele se colocou a minha frente com as mãos em meu peito, me mantendo afastado do rapaz caído.
- Esse cara é completamente louco! - Após piscar os olhos fortemente vi Jeremy se levantar do chão com o nariz completamente ensanguentado.
- Me... Desculpa... Eu não... - Vendo o estado do rosto dele e o sangue em minha mão eu me dei conta do que tinha acabado de fazer.
- Eu vou quebrar você no meio! - Quando ele deu um passo para vir até mim Billie se colocou a frente de mim e de Duck.
- Você não vai quebrar ninguém no meio, Jeremy Smith! - Ela disse o encarando com uma cara de quem ia ser quebrado no meio era ele. Nunca havia visto Billie tão irritada com alguém antes.
- Olha o que esse merda fez comigo, Billie!
- Eu não sabia que era você... - Tentei me explicar, mas as palavras pareciam estar travadas na minha garganta.
- Ah pronto! Agora além de louco ele é cego.
- Calma aí, Jeremy... Billie deu o aviso a todo mundo depois que o Cristopher chegou, cara. - "Aviso?". Isaac disse num tom de repreensão. A essa altura todos os amigos de Billie estavam a nossa volta. Billie entre Jeremy eu e Duck, Isaac do meu lado esquerdo juntamente com seu irmão Elijah, Kat, Zoe e Drew do meu lado direito, de braços cruzados encarando Jeremy com olhar de decepção.
- Não é possível que eu fui socado na cara por nada e vocês estão do lado dele!
- Eu não queria te machucar, Jeremy. - Por mais que não gostasse dele eu não tinha motivos para machucá-lo, eu simplesmente tinha perdido o controle dos meus atos.
- Você sabia muito bem que não podia ter feito o que fez, eu falei individualmente com cada um de vocês sobre isso exatamente porque eu não sabia o que podia acontecer com ele se vocês fizessem e MINUTOS depois você faz exatamente o que eu pedi para não fazer, Jeremy. Por que? - Billie o questionou.
- Eu... - Ele deu uma leve gaguejada na hora de falar e logo em seguida um trovão foi ouvido. Na sequência senti grossas gotas de chuva se chocando com minha pele, uma forte tempestade começou a cair. - Eu não lembrei! Não é normal você ter que lembrar de não encostar em alguém se não você toma um soco no meio da cara. - Ele não conseguia sequer ser civilizado mais, estava completamente aos berros, o que chamou atenção de Finneas, Claudia, Maggie e Patrick que estavam no interior da casa.
- Você está mentindo, Jer. - Kat se pronunciou pela primeira vez, seu tom era de muita certeza e pelo olhar que ele deu a ela, a certeza era correta. Jeremy foi da mais profunda raiva a uma calma assustadora, a expressão dele mudou radicalmente.
- Tudo bem... Tudo bem... Ele deve ter tido as razões dele... - Ele disse calmamente, me olhando nos olhos. "Como alguém muda radicalmente dessa forma em uma fração de segundos?".
- Agora sim, civilizado... - Duck disse e se afastou de mim, só então notei que ele não estava protegendo Jeremy de mim, e sim me protegendo dele.
- Billie! Sai da chuva! Vai acabar ficando doente e não é hora disso. - Disse Maggie da varanda da casa.
- Vamos pra dentro, a gente aproveita e faz alguma coisa nesse seu nariz jorrando sangue. - Drew disse para Jeremy e foi caminhando na frente. Billie me olhou com uma expressão de quem me perguntava mentalmente se estava tudo bem, eu assenti com a cabeça e ela acompanhou Drew, caminhando as pressas para sair da tempestade. Esperei todos irem na frente e segui atrás de Zoe, deixando apenas Jeremy para trás.
- Hey, Cristopher... - Ele chamou minha atenção, sua voz era suave, não me soava como algo a me preocupar então apenas me virei para trás para encará-lo, quando fui recebido com um golpe de direita do lado esquerdo de minha face. Eu não estava preparado para absorver aquele impacto, o que me fez somente cair no chão ajoelhado. Jeremy complementou o soco de direita com um chute na altura do meu estômago, me fazendo cair deitado de barriga para cima na grama. Ele deu um sorriso cínico e montou sobre meu abdômen, eu sabia que mais golpes viriam, eu já havia percebido que ele era destro e facilmente segurei o soco dele com a minha mão direita, no entanto ele veio com a mão esquerda diretamente no meu pescoço o apertando com toda a força que tinha. Ainda ofegante e sem muito oxigênio pelo chute que eu havia tomado, rapidamente meu ar começou a ficar escasso e ele pareceu perceber isso. - Eu deixei você tocar na minha Billie porque sei que sou muito melhor do que você e é questão de tempo até que ela seja minha oficialmente... Agora tocar em mim foi além dos limites, seu merda. Billie sempre foi minha e por mim eu acabava com esse pequeno empecilho que você é agora mesmo. - Ele sussurrou no meu ouvido e tudo o que eu queria dar era uma resposta a altura para todo aquele absurdo. O tom nojento que ele falava o nome de Billie como se ela fosse sua propriedade privada fez subir em mim uma raiva que eu jamais havia sentido antes.
- EI! - O grito de Finneas foi a última coisa que eu ouvi antes da minha visão escurecer completamente. Ele havia corrido em direção a Jeremy e o imobilizado com um golpe de estrangulamento, passando o braço esquerdo ao redor da parte frontal do pescoço dele e o direito na parte traseira, empurrando sua cabeça para frente, o que impossibilitaria a respiração de Jeremy. Foi efetivo. - PAI! - Finneas gritou por ajuda, apesar do muito esforço dele, o garoto era forte, pesado e não largava de forma alguma meu pescoço. Patrick correu em direção a nós e retirou a mão do rapaz de mim. Enchi meus pulmões de ar, mas não pareceu suficiente, meu ouvido zunia e minha visão antes escura agora estava turva. O único sentido que eu tinha com perfeição era o olfato, e quando uma macia mão tocou minha face, reconheci pelo cheiro que era Billie.
- Cristopher, fala comigo... Ei. - A medida que ela falava minha visão se tornava mais nítida. Ela estava ajoelhada ao meu lado, suas roupas e cabelo encharcados, seu olhar de preocupação era profundo.
- Vamos levar ele pra dentro, nem você nem ele podem ficar nessa chuva. - Duck disse a medida que caminhava até Billie e se abaixava ao lado dela. - Isaac! Ajuda aqui! - Um dos gêmeos veio correndo imediatamente. - Segura as pernas dele, no três a gente levanta.
- Certo. - Senti Duck colocando os braços entre os meus e Isaac posicionando os braços abaixo de minhas pernas.
- Um... Dois... Três! - Eles me levantaram com certa facilidade e caminharam rapidamente até a entrada da casa. - Onde a gente coloca ele, Maggie?
- Leva ele direto pro meu quarto. - Billie respondeu rapidamente.
- Não... Deixa eu ver...
- Tem o quarto de Finneas. - Zoe se aproximou de nós com uma sugestão. - Ele disse que não vai dormir aqui, não vai ter muito problema sujar lá, podemos forrar algumas toalhas na cama só para não molhar muito e ele fica por lá.
- Ótima ideia.≈≈≈
06:25PM
Eu havia sido tomado por uma exaustão tão forte que acabei por adormecer na cama de Finneas. Como era de costume e os recentes acontecimentos não contribuíram para o contrário, eu havia tido um pesadelo horrível com a mesma pessoa de sempre... Meu padrasto. Só que para o meu desespero maior Billie estava no sonho, ela tentava me defender da surra, mas ele a golpeou com um tapa no rosto e quando se virou para mim não era mais ele e sim Jeremy. Nesse exato momento eu acordei, ofegante e tinha quase certeza que tinha gritado a palavra "Não!".
- Ei... Está tudo bem. - Billie estava sentada ao meu lado e tocou meu peito quando notou meu despertar conturbado, como reflexo eu coloquei minha mão sobre a dela e a apertei.
- Onde ele está? - Perguntei olhando para os lados.
- Ele quem? - Ela perguntou soando levemente confusa.
- Jeremy. - Billie respirou fundo e me encarou.
- Não precisa se preocupar com ele... Finneas, meu pai e Duck simplesmente chutaram ele daqui.
- Eu sou um ímã de confusão... - Era exatamente o que parecia, onde eu estava uma confusão diferente aparecia.
- Você não tem culpa. Desde o dia no seu camarim no estúdio fiquei com aquela cena de você segurando na minha mão para eu não tocar suas costas presa na minha cabeça. Então quando você chegou eu falei pro pessoal: Por favor, não encostem nas costas dele. Quando você foi jogar com os meninos e tirou a camisa deu para ver o porquê, mas parece que Jeremy fez de propósito. É isso que não entendo.
- Aquele cara é perigoso, Billie.
- Não é não... É só um surtado que vai ficar longe daqui. Longe de nós. - Eu estava dividido entre contar para ela o que aquele nojento havia falado pra mim enquanto me estrangulava ou não. Decidi permanecer em silêncio quanto a isso, ao menos por enquanto.
- Ótimo. - Me levantei parcialmente, ficando sentado na cama, quando reparei que estava sem calças. Franzi o cenho e olhei embaixo do cobertor. - Quem tirou minha calça?
- Duck.
- O que?!
- Estou brincando, idiota... Fui eu. - Antes que eu pudesse tecer qualquer comentário sobre essa brincadeira que tinha me dado um belo susto, Maggie entrou no quarto.
- Eu trouxe mais gelo.
- Obrigado, Maggie. - Eu disse com um sorriso gentil no rosto que foi imediatamente retribuído.
- De nada, querido. E só para deixar muito claro você não teve culpa de absolutamente nada. Sei que não queria ter machucado Jeremy e só acreditou que estava se defendendo, foi ele quem foi longe demais.
- Eu sei... Eu tentei me desculpar na hora, mas... Ele não quis saber.
- Eu e Finneas achamos que você devia fazer uma denúncia na polícia. Pelo que ele falou, Jeremy pareceu querer realmente...
- Eu sei... Passou pela minha cabeça fazer isso, mas ele deu sorte que com todo esse alvoroço da exposição do meu relacionamento com Billie o que eu menos quero é minha imagem atrelada a confusão. Pelo meu próprio bem e pelo bem dela também. - Billie levou sua mão até meu cabelo e o acariciou cuidadosamente.
- Billie tem muita sorte em ter você, Cristopher.
- Ela tem? Eu pareço um ímã de confusão.
- Já dissemos que você não tem culpa. - Billie me repreendeu.
- Eu sei, mas...
- Mas nada. Eu tenho sorte sim e pronto. - Quando me dei conta Maggie estava olhando para nós e sorrindo.
- Vou deixar vocês dois. - Ela se levantou e saiu caminhando do quarto, a energia calma e boa que Maggie trazia era algo indescritível.
- Eu preciso ir pra casa, estou imundo.
- Não é só na sua casa que tem chuveiro. - Respondeu Billie.
- Mas é só na minha que tem minhas cuecas.
- Também não. - Olhei para ela com um olhar confuso e me lembrei que ela havia tomado banho lá em casa. - Então você...
- Sim... Eu roubei uma das suas Calvin's.
- Ok... Então nesse caso eu não preciso ir embora.
- Não, está cedo ainda e eu quero aproveitar cada segundo que eu tiver com você enquanto não saio em turnê.
- Será um prazer não desgrudar de você, Srta. Eilish. - Billie sorriu e aproximou seu rosto do meu. - Billie... Não faz isso...
- Shh... Só um beijo, nada demais. - Ela disse e uniu nossos lábios, elevando uma de suas mãos a lateral do meu rosto onde eu havia tomado o soco.
- Ai... - Eu disse entre o beijo, realmente estava dolorido ali.
- Desculpa! - Ela sussurrou.
- Tudo bem... - Segurei sua mão e a desci até meu pescoço, ela mesma a guiou até minha nuca, me puxando para mais perto, me beijando novamente.
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Where do we go? - Billie Eilish
FanficApós um acidente automobilístico a vida de Cristopher Evans, um modelo, fotógrafo e ator estava prestes a mudar. Fruto de muito esforço e sorte ele consegue a oportunidade de trabalho que mudaria sua vida completamente, o que ele não contava era que...