Capítulo XX - Pesadelo

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(Billie's POV)

Eu entrei em completo estado de choque vendo Cristopher ser arrastado para fora do aeroporto como um bandido, minha visão era nele e apenas nele, tanto que demorei para entender tudo o que estava acontecendo a minha volta, eu só me movimentava porque Finneas e minha mãe, juntamente com os seguranças estavam praticamente me arrastando pelo aeroporto. Eu estava inteiramente em modo automático, eu acenava para as pessoas sem sorrir, tocava em suas mãos sem de fato sentir elas ali. Ao chegar no local do check-in minha mãe, vendo meu estado trocou breves palavras com Finneas que eu sequer ouvi direito, era algo sobre ligar para Matthew, um dos advogados da nossa equipe, em seguida ela tirou minha mochila de mim, pegando minha documentação e entregando a funcionária da companhia aérea. "Faz seus shows! Eu te amo!" a imagem dele sendo arrastado e o desespero em sua voz enquanto gritava para mim me fazia sentir a dor de repetidas facadas no peito, eu não podia largar tudo e correr até ele, mas eu também não podia tê-lo deixado sozinho, por mais que ele tivesse pedido.

- Billie... - A voz de Finneas era abafada na minha cabeça. - Billie! - Sem demonstrar nenhuma expressão eu virei meus olhos para ele e percebi que o mesmo tentava me fazer andar para o portão de embarque. Meu irmão me abraçou com seu braço direito e me puxou gentilmente, me fazendo dar alguns passos.
- Falou com ele, filho? - Perguntou minha mãe.
- Falei. Ele precisa de mais alguns dados do Cristopher, você pegou o contato da mãe dele ontem não pegou?
- Sim! Peguei sim! - Minha mãe sacou o celular. - Estou encaminhando para você, aí você envia para ele.
- Ok, vou fazer isso agora. - Finneas entregou minha passagem junto a dele para a funcionária que liberou nosso caminho até o avião. O dia estava nublado, o céu coberto por nuvens que prometiam outra tempestade como a do dia anterior. Eu sentia como se não estivesse ali, em minha cabeça se passavam mil e uma coisas diferentes sobre onde e como Cristopher ficaria. Peguei meu celular para verificar a hora e notei que faltavam quinze minutos para a decolagem do avião, ao que tudo indicava éramos os únicos que faltavam dentro da aeronave, eu fiquei parada em frente a escada encarando a tela do celular. - Bill, precisamos embarcar.
- Ainda não. - Respondi para ele num tom baixo.
- A gente preci...
- Eu preciso saber onde e como ele está, Finneas! - Minha voz soou dolorida e percebi que eu estava a ponto de desabar completamente.
- Todos nós queremos saber isso, Bill... Mas a gente não vai ter essa resposta em... - Ele verificou o relógio. - Doze minutos, infelizmente.
- Eles não podem fazer isso com ele... Você viu como levaram ele daqui... - Elevei uma das mãos até a lateral da cabeça, entre o meu cabelo a fechando com força num claro e evidente sinal de desespero.
- Nós vamos embarcar e eu tenho certeza de que quando chegarmos em Berlim já vamos ter alguma notícia, que eu tenho esperança que seja boa.

Ele estava certo, era inútil ficar ali esperando por alguma notícia que fosse, haviam poucos minutos que tudo tinha acontecido. Assenti com a cabeça demonstrando que concordava e ele apenas segurou minha mão, retirando-a de meu cabelo e subiu as escadas do avião comigo. Passei por minha mãe, pai e Claudia em completo silêncio, indo diretamente para meu assento, já que todos eram divididos individualmente. Logo que me sentei minha mãe se levantou, vindo até mim com um pequeno copo de água em mãos e um comprimido que eu conhecia bem como um calmante.

- Seus lábios estão pálidos, Bill... Você precisa se acalmar.
- Como se isso fosse de alguma forma possível... - Peguei ambos os itens das mãos dela e, após colocar o comprimido na boca, percebi um forte tremor em minhas mãos. Minha mãe tocou meu rosto me encarando com um olhar de preocupação e tristeza.
- Ele vai ficar bem, ele mesmo disse... - Ela tentava transparecer calma e serenidade, mas eu a conhecia muito bem, e ela estava tão aflita quanto eu.
- Eu só vou acreditar quando eu ouvir a voz dele me dizendo daquele jeitinho meigo e calmo dele de dizer: "Eu estou bem, meu amor... Estou em casa, segunda preciso e vou trabalhar." - Meus lábios se tornaram trêmulos e eu não consegui segurar as lágrimas que deixavam minha visão embaçada. - Ele não merecia ser tratado daquele jeito na frente de tanta gente, nem na frente de ninguém. Ele não fez o que fez por querer, mãe... - Era difícil falar competindo com a vontade imensa de me debulhar em lágrimas completamente, Cristopher havia sido humilhado publicamente por aqueles policiais a troco de nada.
- Eu sei... Eu sei... - O nariz da minha mãe estava levemente rosado, o que eu reconhecia como uma genuína vontade dela de chorar também. Após a solicitação muito educada da aeromoça para que ela voltasse para seu lugar, ela deixou um selar em minha testa e fez o solicitado.

Where do we go? - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora