A noite caiu como um manto negro sobre minha cabeça ,me pego pensando em como adoraria estar por aí fazendo coisas que pessoas normais normalmente faria,mas não sou normal, sou um peso, um encosto para minha família, para os meus amigos, a única mulher que amei me abandonou assim que percebeu que eu havia me convertido na metade de um homem, um ser incompleto.
A raiva invade minhas veias entorpecendo meus sentidos e como costumava fazer antes tentei chutar a primeira coisa que estava na minha frente notando para minha frustração que era impossível ,minhas pernas não obedeciam mais meus comandos. Praguejei um palavrão ,percebendo tarde que em alto som pois logo minha mãe apareceu correndo na varanda.
-Filho que foi? algum problema?
-os mesmos de sempre
-Posso ajudar?
-se você conseguir fazer essas drogas de pernas voltarem a funcionar ,e minha vida voltar a ser a mesma de antes...
Minha mãe me fitou em silêncio, podia sentir sua dor ,e isso me dilacerava a alma ,ela sofria por mim, era só para isso que eu servia causar dor nas pessoas que amava.
Empurrando a cadeira com força passo por ela e marcho para o único lugar seguro, meu quarto.
ENCOSTANDO a cadeira no lado da cama segurei nas bordas e com muito trabalho passei da cadeira para a cama, era nestes momentos apesar da dor que eu me sentia inteiro por estar realizando tarefas simples que para alguém no meu estado era quase impossível.
A noite se arrastou como todas as outras e enquanto as outras pessoas a essa hora estão dormindo, aqui estou eu contando as horas, os minutos e os segundos, e quando o sono finalmente vem está repleto de pesadelos ,ou ilusões.
Assim que os primeiros raios de sol desponta no horizonte salto fora da cama, abro as janelas e deixo o vento matinal entrar, gosto de ver como a vida se inicia cada manhã, mesmo que no meu caso a minha vida tenha tido fim cedo demais, isso que tenho agora não é vida é calvário. . ...
O pior disso tudo não é não poder andar é o excesso de atenção que recebo, isso me sufoca me deixa parecendo um coitadinho, odeio isso, odeio ser um coitado,odeio que me olhe diferente, odeio que as pessoas me vejam como o homem na cadeira em vez de simplesmente um homem com limitações mas um homem.
-sr Cowell ,Mariana está esperando para fazer as fisioterapias
Lucas meu cuidador vem me avisar, respiro fundo e resignado vou me encontrar com minha fisioterapeuta, essa era minha vida e querendo ou não teria que aceitar isso.
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Debaixo do mesmo céu
RomanceEle perdeu os movimentos das pernas num trágico acidente, agora condenado a uma cadeira de rodas , a culpa, a insegurança, são suas companheiras, não por muito tempo pois a chegada ,dela IRÁ balançar seu mundo de cabeça para baixo fazendo -o enf...