11

103 41 141
                                    

Levantei pela manhã e coloquei minha roupa de treino. Estava muito entusiasmada com a coreografia que o professor Pierre nos pediu para criar. Sempre com um estilo diferenciado do ballet clássico. E isso era muito bom. Era um desafio para todos sermos ecléticos em relação ao ritmo que dançamos.

Caminhei para a cozinha para tomar o café da manhã, Maria estava lá terminando de colocar a mesa.

-Bom dia Maria. - Fui até ela e lhe dei um beijo na bochecha.

-Bom dia menina. Que roupas são essas? Não vai para a escola?

-Não. Não tenho aula hoje, vai ter uma reforma lá no bloco.- Sentei a mesa e me servi. - Que delícia.

-Então vai treinar o dia todo?

-Parte de dele.- Sorri - Tenho uma apresentação de jazz para ser apresentada daqui a 15 dias. É um desafio e tanto. Achei ótimo treinar mais um estilo.

-Que bom, menina. Capriche bastante. Vai que seja um teste.

-É. Pode ser. Mas eu sempre levo meu trabalho a serio.

-Ah! Quase me esqueci, ontem a Brenda ligou e pediu para você ligar para ela quando puder.

-Mais tarde eu ligo. - Falei já me sentindo aborrecida. - Acho que virá treinar aqui. Senta aqui Maria. Vem tomar café comigo.

-Já comi menina. Mas te faço companhia. - Ela afastou uma cadeira e se sentou secando as mãos no pano de prato.

-Faz tempo então que você levantou?

-Nem tanto. Já são umas 7:30.

-Nossa. Nem percebi que dormi tanto. - Terminei de comer a fatia de bolo e me servi de um pouco mais de suco de laranja. - O bolo estava ótimo Maria. Você é dez.

-Que isso menina. - Falou envergonhada.

-O pai e mãe já levantaram?

-Não. Acho que daqui a pouco eles dão sinal de vida.

-E o Beto? - Perguntei de cabeça baixa, pois fiquei encabulada. Apenas pelo fato de lembrar dele.

-Também não vi ainda. Deve ter perdido a hora. Sempre levanta antes de todos. Ganha até de mim as vezes. - Balancei a cabeça de forma positiva sorrindo levemente.

-Bem Maria, o papo está ótimo, mas vou treinar viu. - Levantei e fui até ela e lhe beijei a bochecha. Quando me ergui, o Beto estava na porta. Meu coração deu um pulo. Eu precisava sair dali rápido. Estava cheia de vergonha.

- Bom dia. - Ele disse serio.

-Bom dia. - Respondemos.

-Vou ensaiar. Até. - Sai apressada pela porta em direção ao estúdio sem olhar para trás. Como ele me deixava nervosa.

-Foi para a academia? Não tem aula hoje?

-Não. Vai ter uma reforma lá no colégio. Ela vai ensaiar ai no estúdio mesmo.

-Ai aonde? - Ele perguntou surpreso.

-Aqui em casa. Presente de 15 anos.

-Pelo que conheço da Dona Sara, achei que a atitude mais esperada dela era uma festa de não sei quantos convidados, todos da nata paulistana é claro.

-Ela tentou. - Maria respondeu sorrindo. - Mas a Katarina disse que preferia um estúdio para ensaiar. Fez um orçamento e tudo. Mostrou ao pai que seria mais econômico fazer o estúdio ao invés da festa.

-O Fernando não propôs fazer os dois?

-Logo quem? Ele disse que inutilidade por inutilidade iria fazer a mais barata.

Fragilidade ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora