Tudo aconteceu tão rápido. Quando vi a arma na mão da minha mãe, percebi que ela iria atirar no Beto, sem pensar duas vezes, eu fui para a frente dele. Pensei que se ela me visse, não atiraria. Mas eu me enganei. Senti uma dor aguda na minha cabeça, do lado esquedo. Depois tudo ficou escuro. Agora estou ouvindo o Alberto chamando por mim. Ouvi também ele chamando por Maria. Me forcei a abrir os olhos. Eu estava em seu colo. Ele percebeu que eu abria os olhos e me olhou com agonia no rosto.
- Kate! Vai ficar tudo bem.
Lucio se aproximou de nós. Alberto não se atreveu a olhar para ele. Lucio se abaixou e olhou para onde minha cabeça estava machucada. Passou os dedos levemente pelos meus cabelos.
- Foi de raspão. - eu olhei para cima. Afim de entender do que ele estava falando. - O sangue está estancando. Ela vai ficar bem. - ele olhou para mim e sorriu. - Que grande sorte. A ambulância está vindo. Fique calma.
- Eu estou. - Eu me sentei. Olhei para a esquerda e vi a Maria desmaiada. - Maria! Ajudem ela. - Lucio se levantou e tentou despertar a Maria. Mas ela não acordava. Eu estava preocupada demais com ela. Me encolhi ainda mais nos braços do Beto. Minha mãe se mexeu do outro lado. Eu olhei para onde ela estava. Ela se levantou e veio até nós cambaleando.
- Filha. Me perdoa. Você está morrendo por minha culpa.
- Eu vou ficar bem. - Eu comecei a chorar. Minha cabeça estava doendo e eu estava ficando agoniada. - Quero que nos deixe em paz. Finja que eu não existo, como sempre fez.
- Esse delinquente fez sua cabeça filha.
- A assassina aqui é você! Aliás, vocês! Deixe-nos em paz! - Lucio veio para junto da minha mãe e a ergueu. A tirando de perto de mim.
- Não a perturbe Sara. Ela está certa. Nós somos os culpados por tudo isso. Eles são inocentes.
Pela primeira vez o Beto olhou para o Lucio. Os dois se encararam por um tempo. As luzes e o barulho da ambulância invadiu a casa. Os paramédicos entraram e se perguntavam quem deveria receber os socorros primeiro. Eu mesma acabei com a indecisão.
- Primeiro a Maria. Ela é mais idosa. Por favor. - Eles assim fizeram. Prestavam os primeiros socorros. Maria parecia estar voltando a si enquanto isso. Ouvi ela falar baixinho.
- Menina? - Ela me procurou com os olhos. Eu estava sentindo muita dor. Não conseguiria ir até ela. Mas falei de onde estava.
- Eu estou bem, Maria. Não tenha medo.
- Eu ouvi um tiro e te vi caída no chão. Pensei que tinha morrido. - Ela começou a chorar. - Que susto terrível.
- Tente se acalmar. Vamos levá-la para o hospital.
- Não carece. Eu estou bem. Vão socorrer a menina. Vejam como está em sangue.
- A senhora também precisa. Consegue caminhar?
- Sim. Consigo. - Ela se levantou sem muita dificuldade.
- Vamos para a ambulância. Já voltamos para ver a moça.
- Eu vou sozinha. Vejam a menina! - Ela falou impaciente.
- Eu ajudo. - Lucio se adiantou para pegar em seu braço. Os paramédicos aceitaram a proposta. E vieram ao meu encontro. Não fizeram muita coisa. Colocaram um colar cervical, me colocaram na maca e me levaram para a ambulância. Minha mãe quis ir junto, mas quando ela pensou em ir para o carro, a polícia chegou. Ela não pôde ir para o hospital naquele momento. Ela disse ter atirado por acidente. Que jamais teve a intenção de me matar. Ninguém sabe ao certo quem chamou a polícia. O Beto foi comigo e na ambulância. Maria estava sentada nos observando em silêncio. Eu estava me sentindo estranha. Um sono estava me possuindo, tomando conta de mim sem que eu pudesse resistir.
- Ei. Não vá dormir. Não agora. - Beto estava muito preocupado. Eu queria tranqüilizar seu espírito.
- Eu estou bem. Fique calmo.
- Ele está certo. Não durma moça. Já estamos chegando.
- Certo. Não irei. - O Beto apertou minha mão. Sua angústia era aparente. - Beto, não é grave. Vou ficar bem.
- Eu sei, meu amor. Eu sei. Você é tão importante para mim. Tremo só em imaginar que você fosse morrer.
- Eu te amo muito. Estou disposta a dar minha vida por você.
- Não diga isso. Não quero que morra nem por mim nem por ninguém.
- Ninguém vai morrer. Fim de assunto. - Maria falou séria.
- Isso. Acabou esse papo baixo astral. De hoje em diante vamos ser felizes.
Eu olhei como pude para o Beto e depois para Maria. Eu estava sentindo uma baita dor de cabeça, mas agradeci a Deus por estar viva.
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Fragilidade ( EM REVISÃO)
RomanceCaro leitor, imagine estar no último ano da sua colégio e da Academia de dança e desde sempre sofrer pressão dos pais para ser sucessora no grupo empresarial, o que faria? Largaria seu sonho e viveria o que seus pais impuseram? Alberto também tem um...