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Meu dia não estava sendo nada bom. Eu estava me sentindo mal desde que acordei, mas insisti e fui para o treino depois da escola. Não esperava encontrar a Brenda e o Leo na Academia, pois a sala às vezes ensaiava separada. Foi quando descobri o motivo deles estarem lá. O professor pediu para que todos fossem por e-mail. Ele viu a apresentação de todos e no final disse que se tratava de um teste. Ele mudara tudo sem aviso prévio. Ele dissera no ultimo encontro que queria a coreografia finalizada para hoje, mas mesmo assim eu sequer cogitei que ele iria nos testar sem nos informar antes. Essa dança valeria os solos de fim de curso. Valeria uma apresentação no Municipal. Eu apresentei o que havia ensaiado. Todos disseram que fui bem, mas a gente sempre acha que poderia ter feito melhor. Depois de se apresentar a Brenda veio para junto de mim. Empolgada, ela começou a me contar com ricos detalhes do seu flerte com o Alberto, e que ele a convidara para ir ao cinema na sexta-feira. Eu que já sentia uma aflição dentro de mim por causa do teste, senti um gosto amargo na boca cada vez que ela contava suas expectativas para sexta-feira. O Léo estava treinando enquanto conversávamos. Olhei para ele penalizada. Eu sei o que ele teve que aguentar da família dele para ficar com a Brenda. Mesmo ele me dizendo agora que não quer mais nada com ela, eu não acredito muito. Assim que cheguei os vi bem próximos. No fim ele perdoaria ela, como já fez antes e se eu permitisse aquele sentimento voltar, sofreria ainda mais. Porque a Brenda? Ela sempre está entre mim e alguém que amo. Abri os olhos assustada comigo mesma. "Eu amo o Alberto". E agora? O que eu iria fazer? Eu não podia fazer nada, e isso estava me torturando. Leo se aproximou de mim e me puxou para apresentamos o que ensaiamos. Tinhamos muita química artística, isso ninguem poderia negar. Quando terminamos de dançar ele me prendeu um pouco perto de si e me beijou no rosto. Todos vibraram. Eu fiquei envergonhada, mas não senti o que sentia quando estava com o Beto. O que senti quando quase me beijou. Nos soltamos e voltamos para junto da Brenda. Leo olhou para ela buscando por resquícios de ciúmes pelo que ele acabou de fazer. Ora que imbecil. Mal sabe ele que ela está mais uma vez tentando conquistar o homem que amo. Me aborreci porque notei que ele me usou para deixar ela enciumada. Estúpido! Não sabe realmente a namorada que tem. Mas deixei para lá, meus sentimentos pelo Alberto estão me torturando o suficiente para eu tomar a dor de outra pessoa. Na verdade, nem consigo mais pensar no Léo. O Léo levantou para apresentar seu solo me deixando a sós com a Brenda novamente. - Brenda o que você quer afinal? Quando cheguei você e o Leo estavam tão próximos, parecia até que tinham voltado.
Ela me olhou penalizada. Imaginou que eu estivesse com ciúmes, e eu estava. Mas ela errou de quem eu estava.

-Kate, eu sinto falta do Léo as vezes. Ele é minha segurança. Estamos há um bom tempo juntos. Claro que estou aberta a conhecer outras pessoas, mas tenho carinho por ele. E o Ramon me tratou como uma vadia. Fiquei tão triste e carente. Então fiz as pazes com o Léo. Ele ainda está resistente, mas sei que vai ceder. Ele me ama.

- É mesmo? E o Beto? - Falei muito irritada, sentindo o meu estômago dar uma volta.

- Mal o conheço... mas tô muito interessada.

- Você está jogando com os dois? Será que você não tem vergonha? - Levantei furiosa e peguei minha mochila. Não esperei que ela respondesse. Fui até ao professor e avisei que não estava passando bem e que precisava ir embora. Ele me olhou preocupado e perguntou se não queria que alguém me acompanhasse?

- Não professor. Eu ligo para o meu motorista, já ele chega.

- Certo querida. Vá descansar. Você esteve incrível viu! Estou surpreso que não esteja bem, porque dançou divinamente.

- Que bom que gostou professor. Estou muito feliz. - Dei o melhor sorriso que consegui e sai caminhando para a saída. O Léo ficou me olhando, a Brenda já estava junto dele. Ele me olhava com piedade... senti raiva deles. Ele é um idiota. Pois que fique com ela também, imbecil, pensei. E quem sabe algo bom não resulta disso? Depois de descobrir que será traído novamente o Leo nao desencana. Acho que depois disso ele aprende. Ou não vai aprender nunca. Mas eu não vou ficar no meio disso. Saí da Acadêmica perto das 16h30min. Parei numa padaria e pedi um chá quente. Eu estava nervosa. E chá de camomila sempre me ajudava nessas horas. Contudo me serviram um chá fraco, pelo menos estava bem quente e combateu o frio que eu estava sentindo. Não queria voltar para casa agora, não queria encontrar ninguém. Fiquei olhando para a TV. Passava um programa sem graça que tentava fazer rir sem grande êxito. Olhei para meu relógio e já eram 17h10min. Eu sabia que o transito que eu ia enfrentar me faria chegar depois das 19h00min em casa. Paguei a conta e liguei para o motorista. Enquanto ele não chegava, peguei um livro que tinha na bolsa, sentei num banco que ficava em frente a padaria e lia enquanto esperava. Depois de uns 25 minutos o motorista chegou. Saiu e abriu a porta para eu entrar.

Fragilidade ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora