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A Brenda e eu treinamos até tarde. Nem percebemos a hora passar. Quando paramos era umas 20h00min. A convidei para jantar. Ela tomou uma ducha e jantamos com a Maria. Depois ela começou a contar histórias de seu colégio, quando percebemos já passada das 22h00min.

- Nossa Kate, está tarde! Tenho que ir. - Se levantando agitada como sempre.

- Vem comigo, vou pedir para o Miguel te levar.

- E ele está de serviço ainda?- Falou pegando o casaco e cachecol.

- Temos dois motoristas. Meus pais geralmente saem à noite para eventos. Hoje por exemplo, eles só voltam lá pelas 03h00min da madrugada. Ai ele vai pega-los. Meu pai liga para ele.

- Essa eu não sabia, você sempre tem uma novidade luxuosa. - Eu ri com sua citação. Percebi um pequeno chuvisco caindo, a noite estava muito fria eu estava despreparada. Quando abri a porta vi o carro do Beto acabando de estacionar. Ele desceu apressado e correu até a porta. Ele olhou para mim e em seguida olhou para Brenda e sorriu. Ele sorriu para ela. Algo dentro de mim se manifestou com uma força tremenda. Abaixei a cabeça e olhei para o lado.

- Onde vão? Está muito frio. - Ele olhou para mim e analisou minhas roupas que com certeza não estavam me protegendo do frio.

- Vou pedir ao Miguel para levar a Brenda para casa. Aliás, deixa eu te apresentar. Alberto essa é a Brenda, Brenda esse é o Alberto.

- Prazer Brenda. - Ele estendeu a mão sorridente. Logo ela respondeu melosa, escancarando um sorriso perfeito.

- Todo meu.

- Deixa Katarina, eu a levo. Entra, você está congelando. - Ele falou sem nem olhar para mim. Eu fiquei parada olhando para eles que pareciam conversar com os olhos, sem nem entender o porquê de ficar parada ali. Eles olharam para mim e eu ri sem graça.

- Certo. Obrigada Alberto. - Fui até a Brenda e lhe abracei. - Até sábado.

- Até amiga! - Ela falou sem esconder a empolgação. Eles correram até o carro e partiram rapidamente. E eu, sem saber porque, aliás, já tinha uma ideia, me senti triste. Parece que tudo estava se repetindo.

- Outra vez não. - Lágrimas vieram aos meus olhos. Entrei muito aborrecida.

Assim que vi a Kate percebi que o Leo tinha razão. Eu tinha que arrumar um jeito de me esquecer dela, de me desfazer desse sentimento que borbulha dentro de mim todas as vezes que nos encontramos. Então quando vi a amiga dela, a ideia do Leo ganhou força. Era uma moça bonita, ruiva, deve ter 1.70 de altura, muito atraente. Achei que já seria um bom começo se tentasse conhece-la melhor. Embora deva assumir que mesmo ela sendo atraente, foi uma escolha aleatória. Chegamos à frente do prédio dela e vi que vivia num bairro simples, num prédio simples. Com certeza sua família gostaria de mim, e me aceitaria mesmo sem grandes fortunas, nem pensariam que eu sou um ladrão. Ela era diferente da Katarina, não era tímida. Muito pelo contrario, estava sempre insinuando que gostaria que nos conhecêssemos melhor, meio que tentava força um clima entre nós. Ficamos conversando por horas na frente de seu prédio. O lugar estava movimentado apesar do horário. Ela me falou dos seus interesses, de suas experiências, eu contei um pouco de mim também, muito pouco. Ela não gostava muito de ouvir, e isso não me agradou. Então ela perguntou se eu estava saindo com alguém.

- Não. Cheguei há pouco tempo.

- Mas não deixou ninguém lá te esperando?

- Não. E não pretendo voltar.

- Me agrada muito saber disso... - Ela sorriu maliciosa. - Sabe Beto gostei muito de você. Que tal irmos ao cinema na próxima sexta. Ai podemos nos conhecer melhor. - Ela alisava meu casaco. "Muito ousada" Pensei. Eu engoli saliva e sorri.

- Claro. Marcado então.

- Adoraria continuar nossa conversa, mas minha mãe está me ligando a toda hora. - Me mostrou o telefone.

- Tudo bem. Desculpe ter prendido você...

- Eu adorei - Beijou minha bochecha e saiu em direção ao portão. Acenou de lá em despedida. Eu acenei de volta.

Quando ela entrou no prédio percebi que não combinávamos em nada, era bonita e só. Não fazia meu tipo. Nem serviu para que eu não pensasse em meus problemas, como diria Leo. "Ao menos tente Alberto". Pensei desanimado. Quem sabe num segundo encontro consigamos nos entender.

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Eu estava tendo um sono turbulento, sonhava que corria como se estivesse fugindo de algo. Quando chegava a beira de um penhasco me virava para ver quem me perseguia. Vi meu pai com um rosto irado gritando que eu não tinha escapatória. Acordei sobressaltada, olhei para o relógio 02h48min da madrugada. Olhei para a jarrinha que ficava com água no meu quarto, mas ela estava vazia. Eu precisava de água, decidi ir até a cozinha pegar. Vesti meu Robe quente sobre o pijama e fui em direção a cozinha. Quando vou chegando ao fim do corredor o Beto aparece subindo a escada. "Será que ele chegou agora?" Pergunto a mim mesma. Ele me olha com um olhar esquisito.

- Oi. - falo um pouco hesitante

- Oi. - Ele responde sem muito entusiasmo.

- Como foi lá com a Brenda? - Me encorajo a perguntar.

- A deixei em casa.

- Achou ruim achar o caminho de volta? - Pergunto curiosa. Tento me explicar. - É que já é bem tarde, te vi chegando e pensei que havia se perdido.

- Não. Foi fácil. - Respondeu seco. Eu então percebi que ele não queria falar no assunto, e eu estava sendo intrometida.

- Certo... Já jantou?

- Não estou com fome. Vou me deitar, estou cansado. - Veio até mim e beijou minha testa e depois saiu rumo ao seu quarto. Eu me obriguei a andar. Eu estava com uma tristeza imensa dentro de mim. "Mas que bobagem Katarina, mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer" Pensei. Mas esse pensamento não me impediu de sentir vontade de chorar. De novo a Brenda.

Dentro no meu quarto eu refletia sobre o que acabou de acontecer. O destino tem sido cruel comigo. Quando a vi no corredor olhando para mim, a imagem que realmente me pareceu sedutora estava diante de mim. Sua pele avermelhada naquele Robe branco, mechas de cabelos soltas que fugiram de sua presilha e seu olhar tímido me olhando. Foi como se um furacão me invadisse, bagunçando tudo que eu tinha planejado. Brenda sumiu. Qualquer uma sumiria mediante aquela imagem. Então ela falou.

- Oi. - Eu me obriguei a responder.

- Oi. - Foi tudo que pude dizer.

- Como foi lá com a Brenda? - Percebi que ela se constrangeu com a pergunta, sua pele ficou ainda mais avermelhada. Ela estava formulando ideias, se ela soubesse da verdade... Então decidi não entrar em detalhes.

- A deixei em casa.

- Achou ruim achar o caminho de volta? - Perguntou curiosa. Eu sabia que ela queria saber se eu estava com a Brenda até àquela hora. Na verdade não estava. Fiquei dando voltas com o carro para pensar. - É que já é bem tarde, te vi chegando e pensei que havia se perdido.

- Não. Foi fácil. - Respondi tentando não passar a confusão que estava dentro de mim. Se ela soubesse o que ela me provoca, talvez nem quisesse mais se aproximar de mim. Pensaria que quero conquista-la para ter acesso a seus bens. Mas Deus é minha testemunha que não é assim.

- Certo... Já jantou? - "Não minha querida, estou faminto." Penso. Mas precisava sair de perto dela.

- Não estou com fome. Vou me deitar, estou cansado. - Não pude me conter. Tinha que lhe tocar de alguma forma, fui até ela e lhe beijei a testa, mas meu desejo era muito maior. Saí-me apressado e vim para meu quarto. Percebi com tudo isso que meus esforços eram vãos. Não importa o que a razão dissesse, eu não consigo ouvi-la. Eu já me sentia angustiado. Leo no fim das contas estava certo numa coisa, isso já está ficando muito sério, ou pior, já enraizou dentro de mim de uma maneira que não consigo mais evitar. Fiz então uma petição.

- Deus me dê um sinal, se eu devo ou não quere-la assim.

Fragilidade ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora