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Assim que cheguei em casa o telefone estava tocando. Maria vinha apressada para atender, mas eu cheguei mais rápido. Fiz sinal para que ela não precisasse caminhar mais até o telefone. Atendi e reconheci a voz do outro lado da linha imediatamente. Fiquei apreensiva.
- Oi Brenda. - Ela estava um tanto nervosa, pude sentir.
- Kate, desculpa amiga, fui muito louca hoje. Você sabe que sou desse jeito, não é? - Eu imaginei que ela me atacaria. Até que não estava tão ruim assim.
- Brenda não tem o porque se desculpar comigo. Tem que se desculpar com o Léo. Eu precisei segurar ele lá na academia para não rolar uma confusão.
- Devia ter deixado amiga. O Gui e eu não estávamos fazendo nada de errado. O Léo tinha terminado comigo...
- Há menos de 4 horas Brenda. - Eu falei aborrecida
- Que seja Kate! A fila anda. - Pensei comigo que a fila dela parecia fila de metrô. Rápida e extensa. Mas não tinha nada a ver com isso. Embora eu gostasse muito do Léo, ele quem quis estar com ela. Ela era uma boa amiga para mim. Mas como namorada deixava a desejar. - Ele te disse alguma coisa? - Ela perguntou com riso na voz.
- Que não vai querer você nem pintada de ouro.
- Ainda bem Kate! Eu na verdade estava cansada do Léo. Da família dele. Dos problemas dele.
- Metade desses problemas ele enfrentou com gosto por você.
- Então... Eu sei... Ah Kate! Preciso de uma novidade na minha vida.
- O Gui?
- Nãooo... Ele é só diversão mesmo. Por falar em diversão, vai ter uma festa hoje na casa do Ramon. Vamos?
- Amanhã tenho aula. E a tarde vou ensaiar com o Léo. Tenho que está bem descansada.
- Não custa Kate... Você vai estar descansada. Não vamos sair muito tarde, lá pelas duas.
- Sua louca! Eu saio de casa bem cedo para a aula. Meu pai me mata. Sem chance Brenda.
- Você é uma chata! - Eu ri do aborrecimento dela - Eu vou. Se você mudar de ideia...
- Nem que eu quisesse poderia.
- Então até amanhã Kate.
- Brenda?
- Oi!
- Você vai dançar com o Gui? Ele não está no mesmo nível que você.
- Não! Eu vou dançar com o Ramon. E no clássico vou dançar com Megan. Imagina se eu ia dançar com o Gui...
- Ele não é concluinte. Mas como vocês estavam...
- Foi só um beijo Kate. Muito bom por sinal, mas só um beijo. E hoje a noite promete. Rolou um clima entre eu e o Ramon no ensaio.
-Pensei que ele fosse gay.
- Bi amiga! Um gato como aquele não me escapa. E se ele não gostasse de mulher, faria ele começar a apreciar.
- Você acha que o Léo vai? - ela respirou do outro lado e falou com aborrecimento na voz.
- Tu sabes que ele e o Ramon são muito amigos. Com certeza ele vai.
- Aí aí...
- Já sei o que você está pensando. Mas eu não vou perder essa chance com o Ramon.
- Por favor, não provoca o Léo tá? Ele não merece.
- Kate, você é afim do Léo né?
- Quê??! - eu me assustei com a pergunta feita a queima roupa.
- Disfarça não amiga. Olha, eu sei disso desde que a gente se conheceu. Eu sabia que você tinha um affer por ele... Mas também sei que você era minha amiga, e não ia furar meu olho.
- Brenda eu gostei do Léo um tempo atrás, mas agora só o vejo como amigo...
- Se for por mim, fique tranquila. O Léo já deu o que tinha que dá. Além do que, tinha me esquecido o que era uma pegada forte viu. O Léo é suave até na cama. - ela gargalhou do outro lado.
- Brenda! - Eu fiquei vermelha como um pimentão do outro lado, até parecia que a piada tinha sido sobre mim.
- Foi mal. Olha, vou desligar porque vou me arrumar para a festa. Nos vemos amanhã viu.
- Vai. Juízo em. Até amanhã.
- Juízo é para os velhos Kate. Hoje eu quero é curtir. - Ela deu um pequeno gritinho de animação e desligou o telefone. Coloquei o telefone na base negativando com a cabeça. Isso estava me cheirando a confusão. Quando ia subir para o quarto, vejo o Beto chegando. Paro e dou um sorriso para ele. Estava usando um jeans escuro, uma blusa vermelha e uma jaqueta de couro preta. Ele escancarou um sorriso quando me viu e veio até mim me dando um beijo na bochecha.
- Me parece animado. - Nos viramos e começamos a subir as escadas. - O Leandro já chegou. Eu estava com ele. E sua mãe veio junto. Eu gosto muito deles. - Ele olhou para minhas roupas e depois voltou o olhar para o meu rosto. Ele sempre me olhava nos olhos. Acho que ele realmente gostava dos meus olhos.
- Leandro deve ser legal como você. - Eu sorri com a expectativa- Eu estava no treino, por isso essas roupas esquisitas.
- Caem bem em você bailarina. Qualquer dia desses quero ver você dançar.
- Apresentações só teremos daqui a 5 meses. E vai ser a mais importante de nossas vidas.
- Por quê? - Chegamos em frente aos nossos quartos, mas continuamos a conversa.
- Vamos nos apresentar no municipal. 4 apresentações numa noite. Ballet clássico e contemporâneo. E espero sair de lá com um contrato.
- Estarei lá para te ver. Pode ter certeza disso.
- Obrigada - Ri empolgada, ele sorriu da minha empolgação. - Mas me fala das novidades.
- A única que tenho é o Leandro e a mãe dele. - Ele deu de ombros. - E lá no colégio, como foi hoje?
- A mesma coisa de sempre. Sua admiradora tá louca para te ver. - eu o empurrei com meu próprio corpo. Ele ficou rindo. E me abraçou em seguida. Eu retribui o abraço. Estava quentinho e cheiroso. O coração sempre acelerava quando eu estava com ele. Mas eu já estava tendo sua companhia como natural. Até sentia a sua falta durante o dia.
- Depois vou lá alimentar a curiosidade dela sobre nós.
Eu gargalhei e ele me apertou mais forte contra si.
- Assim eu fico mal acostumada. - Eu encostei a cabeça no seu peito e ouvi seu coração ágil tambem. Ele respirou profundamente. Tinha a mão nos meu cabelos, e os alisava. Eu estava tão cansada que fechei os olhos para sentir seu toque tão bom.
- Acho que alguém vai acabar dormindo... - Eu abri os olhos e ele estava olhando para baixo. Senti uma conexão tão grande entre nós dois. Eu sorri levemente.
- Tô morta! - Me soltei dele e caminhei para a minha porta. - Boa noite viu Beto. - ele foi para a porta dele.
- Bom descanso querida.
Eu entrei no quarto e fui conferir meu celular em cima do criado mudo. Eu esqueci ele de manhã. Tinha umas 10 chamadas perdidas da Brenda. Como foi antes de eu chegar, eu não retornei. Já tinha falado com ela. Vi a notificação de email. Quando abri vi que era da escola. Há dois dias eles avisaram que não teria aula amanhã.
- Nossa, que sorte que li. Como ninguém comentou nada? - havia outra notificação de mensagem, era o Fábio, mandou uma figurinha fofa. Respondi com um beijo de boa noite. Enquanto eu fazia isso chegou uma mensagem do Léo - " Festa! Vamos?" - Tô cansada demais Léo, foi mal. Eu realmente não estava afim de ir na festa. Ainda mais porque estava cheirando a treta. Fui tomar um banho e coloquei o pijama. Deitei e apaguei rapidamente. O dia havia sido longo.
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No meio da noite acordo com o celular tocando. Levanto assustada. Os cabelos caindo no rosto. Me recupero do susto e atendo sem nem ver quem era.
- Kate! - O outro grita. Havia uma barulheira do outro lado.
- Léo? - Eu ainda não acordei direito, mas reconheço a voz dele.
- Sou eu loirinha. - Sua voz estava arrastada. Ele parecia choroso. - Eu estou destruído Kate.
- O que houve Léo? - Estava ficando preocupada. Levantei e coloquei o roupão.
- A Brenda está no quarto do Ramon. Eles estavam quase transando aqui na minha frente. Ela subiu com ele Kate. Aquele bicha!
- Léo, calma. - eu estava penalizada por ele. Ele estava quase chorando na linha, e o Léo é sempre tão reservado. Jamais falaria como fala agora se estivesse sóbrio. - Você bebeu?
- Claro! Eu estou em uma festa. Chamei você e você não quis.
- Léo, você vai ter problemas se chegar assim em casa. Você bebeu demais.
- Eu odeio a tua amiga. Odeio. Só não odeio você por ter me apresentado a ela porque te adoro. Se não, eu ia te odiar também. - Eu quase ri da sua confusão mental, mas não me sentiria bem com isso.
- Léo, você quer vir aqui para casa?
- Posso dormir abraçado com você?
- Não. Mas pelo menos teus pais não vão ver teu estado.
- Quero. Vou chamar um táxi.
- Você tá aqui do lado. Vou pedir ao meu motorista para te buscar. Ele já te conhece.
- Kate, eu te amo loirinha.
- Cala boca beberrão. - eu ri para ele saber que eu estava brincando.
- Eu sei que você me ama. Diferente daquela vagabunda.
- Léo! Para. Aguenta ai que já chego, tá?
- Tá certo. Vem logo. Vou te esperar perto do portão. Não quero que entre aqui. Tá parecendo o inferno. - Ele falou chateado.
- Tá Léo. Fica calmo tá.
- Vem. - Ele desligou e eu corri para me vestir. Coloquei um shorts, uma blusinha regata. Fiz duas tranças meio sem jeito no cabelo. A sorte do Léo é que ainda eram 22:00 e minha mãe costumava dormir tarde. Falei para ela do ocorrido e perguntei se ele poderia ficar no quarto de hóspedes aquela noite. Ela falou que não tinha problemas. Deu uma piscadinha para mim. Eu fiquei sem entender. Me entregou a chave do carro dela e disse que o motorista da noite não veio. Eu sabia dirigir, mas não gostava. Além de tudo eu não tinha habilitação. Minha mãe é meio louca nesse sentido. Mas era umas três casa acima. Nada aconteceria. E também não era possível ter uma blitz em menos de um quarteirão. Então fui. Chegando lá, a primeira coisa que vejo é fumaça de gelo seco por todo lado. Luzes vermelhas piscando. E um casal muito empolgado na grama. Podia se ver pelos vidrais outros casais dançando eroticamente. O Léo tava certo, eu não ia querer entrar ali. Desci do carro e entrei pelo portão. O Léo estava sentado no concreto de cabeça baixa. Fui até ele e toquei em seu ombro.
- Léo? - Ele deu um sorriso largo quando me viu. Levantou e esperou um pouco para ficar mais equilibrado.
- Loirinha. - Ele me abraçou. Não estava tão bêbado assim.
- Você está bem? - perguntei retribuindo o abraço.
- Não. Quero ir embora. - ele se afastou e ficou olhando para mim. Ajeitou uns fios de cabelo que eu tinha fora do lugar. - Te acordei, não é? Tá com cara de sono.
- Não pensa nisso. Vamos logo. Aqui está frio. - ele ficou em silêncio por um tempo, apenas me olhando. Eu tava achando aquilo muito esquisito. De repente ele me soltou e saiu em direção ao portão. Vez ou outra parava. Acho que estava tonto.
- Onde está o motorista?
- Bem aqui. - Apontei para mim. Ele riu.
- Meu Deus eu vou morrer hoje. Foi bom ter te conhecido mundo.
- Palhaço. - abri a porta para ele e ele entrou. Preferiu ir no banco de trás. Se deitou no carro. - Não vai dormir. Não tenho força para te carregar.
- Relaxa. - eu entrei e dei a volta no quarteirão para voltar para casa. Em menos de 5 minutos estavamos na minha casa. Ele se ergueu e olhou para a as portas e abaixou a cabeça. Ele estava triste. Eu não desliguei o carro, acho que ele precisava de um tempo ali para se acalmar. Pulei para o banco de trás e fiquei ali, para que ele soubesse que não estava sozinho. Ele ficou um bom tempo em silêncio. Até que depois de uma respiração profunda, ele falou.
- Onde eu estava com a cabeça Kate?
- Tá falando do quê?
- De tudo. Tudo está tão difícil. Faço uma faculdade que detesto. Minha família acha que sou gay só porque danço e por último, namorei a Brenda. Minha mãe me perguntou certa vez se eu namorava com ela somente para punir a minha família. Hoje eu entendo a minha família. Estou pensando seriamente em desistir de tudo. - Ele falava tudo de cabeça baixa. - Loirinha, eu vou dançar com você no municipal, nem que seja a última coisa que eu faça. Vamos mostrar que você merece um contrato. Mas eu vou desistir. Não aguento mais a reprovação de todos. Então minha primeira apresentação será com você, e última. - Lágrimas me vieram aos olhos. Eu sabia do que ele estava falando melhor do que ninguém. Mas com ele o problema era maior. - Não chora Kate. - Ele me abraçou resignado. - Você é linda demais para ficar chorando.
- Desde quando gente bonita não chora? - Ele sorriu brandamente.
- Kate? - Eu levantei a cabeça e fiquei olhando para ele, esperando ele terminar.

 - Kate? - Eu levantei a cabeça e fiquei olhando para ele, esperando ele terminar

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Sem que eu esperasse ele veio por cima de mim e me beijou. Eu levei um susto, mas acabei retribuindo o beijo. Meu coração estava batendo como um louco. Seu beijo era maravilhoso. Eu ainda gostava do Léo? Mesmo depois daquele tempo todo? Ficamos nos beijando por algum tempo. Era bom, tão bom. Mas então caí em mim. Ele estava fazendo isso por causa da Brenda. Uma mágoa me invadiu e eu o empurrei.
- Para Léo. - Ele me olhou assustado. - Eu não tenho culpa de você tá magoado com a Brenda, ok? Não pode fazer isso com as pessoas.
- Kate, você está me entendendo errado... - Eu estava nervosa. Pulei para frente. Desliguei o carro e sai. Ele veio atrás de mim. Travei o alarme e caminhei sem dizer nada. Mas ele segurou minha mão me impedindo de entrar. - Loirinha, tem uma coisa que você não sabe, nem se quer imagina... Eu já fui muito apaixonado por você.

Fragilidade ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora