Capítulo 15 Part Louis

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Eu não sabia ao certo quando eu deixei isso tudo acontecer. Uma hora eu estava em casa com minha família super feliz, rindo e brincando com todos, outra hora minha vida muda drasticamente de cabeça para baixo, meu pai some de casa e minha mãe se transforma completamente.

Tudo começou quando completei quinze anos, depois se mudar para Nova York meu pai decidiu me colocar na melhor escola da cidade, eu vivia fazendo provas para conseguir uma bolsa de estudo e entrar em uma das três que ele escolheu.

Minha família sempre foi de classe baixa, na França conseguíamos viver sem muito luxo, mas dava para viver e não passar fome. Meu pai veio a Nova York em busca de trabalho já que é uma cidade enorme, mas ele não conseguiu o que tanto esperava, e fazia alguns serviços pequenos ali e aqui só para conseguir sustentar a nossa família.

Foi em uma dessas que ele acabou se envolvendo em mãos erradas e pelo dinheiro ser fácil começou a traficar e vender drogas, tudo "normal" até então. Mas meu pai era ganancioso e queria sempre mais. A polícia descobriu que ele foi o mandante de alguns assassinatos que ocorreram na cidade, minha mãe pediu para que ele fugisse, mas ele não queria nos deixar.

O irmão dele veio para França afim de lecionar aulas em uma das escolas que meu pai queria tanto que eu entrasse, e foi assim que eu consegui entrar onde estou agora. Mas o que eu não sabia era que o meu tio e o professor dessa escola faria comigo.

No começo era todo amor, eu até que gostava dele. Quando meu pai se foi ele que sustentou a casa enquanto minha mãe sofria de depressão e ficava horas trancada no quarto, não saia nem para comer. Meu tio ajudou ela a se erguer novamente, o que a resultou em uma nova mulher, diferente de antes agora ela era firme comigo. Não deixava que eu faltasse uma aula sequer e se eu chegasse com notas baixas em casa era motivo para eu apanhar.

Estava cansado de sofrer pressão em casa e na escola, já que meu tio não parava de me seguir, todos os dias na hora do intervalo ele me seguia. Eu fazia amigos e ele dava um jeito de fazer com que eles se afastassem de mim, que ficassem com medo ou nojo dizendo que eu era gay e tinha doenças.

Comecei a me mutilar e me isolar de todo mundo, nos intervalos eu ficava na sala ou no refeitório longe de todos. Doía ver aqueles olhos sobre mim, olhos de pena e nojo, como se eu realmente tivesse algo.

Fiquei feliz quando um garoto de cabelos castanhos escuros sempre bem arrumado e cheiroso me olhava e sorria. Eu tentava o máximo não me apaixonar, tentava ao máximo não criar esperanças, mas no fim eu acabei me apaixonando e sempre que ele passava pelo corredor e mexia comigo com um simples "sorriso" ou um "oi", meu mundo ficava "colorido".

Ele estudava na mesma sala que eu, mas nunca tínhamos tido uma conversa decente ou algo do tipo, ele sempre estava com seus amigos e eu sempre sozinho na minha. Até que um dia, ele sentou ao meu lado. Meu coração deu um pulo, não conseguia nem respirar, era estranho demais ter alguém ao meu lado querendo conversar comigo.

- Oi.

- Oi. – Sorri um pouco tímido.

- Prazer, Matteu. – Ele olhou em meus olhos e sorriu estendendo a mão. Pela primeira vez não vi medo em seus olhos assim como as outras pessoas tinham quando falavam comigo. Sorri e peguei em sua mão. Tão quente e convidativa.

- Louis.

- Oh, você é francês. – Disse sorrindo. Eu havia me esquecido, meu sotaque era forte, não tinha o jeito de esconde-lo, e eu não sabia quase nada de inglês. Apenas assenti. – Ótimo, é sempre bom conhecer pessoas novas.

Depois desse dia que conversei com Matteu minha vida fez mais sentido, ele descobriu que eu me cortava e começou a me ajudar. Consegui parar e até sorria mais vezes, minhas notas eram as melhores e meu humor também.

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