nine

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Entramos no ambiente quente do Carousel Bar que, como sempre, se encontra cheio de gente. A maioria são universitários da FNU que procuram diversão depois de um dia ou de uma semana exaustiva de estudos e o nosso caso não é diferente.
Andamos por entre mesas até chegar ao balcão enorme que fica exatamente no meio do bar e que tem quatro lados dando assim muito mais eficiência na hora de pedir bebidas.
— Já chegou alguém? — pergunto no ouvido de Andressa por conta da música que toca de fundo e do barulho das conversas alheias.
— O Romeo mandou agora uma mensagem a dizer que está perto da zona de jogos. — o seu olhar perscruta o ambiente e depois foca-se. — Ali!

Num movimento rápido, Dess agarra no meu pulso e segue guiando-nos para encontrar Romeo. Foi uma questão de segundos até chegarmos à cabine de quatro lugares que ficava apenas a uns metros das mesas de jogos.

Ragazze. — ele cumprimenta cada uma de nós com um beijo na bochecha e volta a sentar-se. Eu deslizo pelo banco até ficar em frente a Romeo e Andressa senta ao meu lado.

— Já pediste alguma coisa? — pergunto a Romeo que nega dizendo que estava à nossa espera.

— Eu vou lá buscar algo para beber. — Dess levanta-se de novo e aponta um dedo alternando entre mim e o Romeo. — Cerveja para começar?

Ambos assentimos e ela desaparece até ao balcão. Eu e Romeo ficamos a conversar sobre a faculdade, descontraídos e sorridentes, até serem colocadas as nossas bebidas na mesa e a Dess se juntar a nós. Cerca de minutos mais tarde alguém se aproxima da nossa cabine de braços abertos.

— Boa noite, alegria! — Corey sorri e beija Andressa desavergonhadamente puxando depois uma cadeira para se sentar no topo da mesa. Só aí reparo na figura alta e forte que se senta ao lado de Romeo.

— O que é que ele está a fazer aqui? — pergunto mais alto que era suposto, com o meu bom génio desaparecendo rapidamente.

Um sorriso malicioso esponta no canto dos seus lábios carnudos e ele inclina-se apoiando os cotovelos na mesa.

— Vim divertir-me com o meu irmãozinho. — dá uma palmada no ombro de Corey.

­— Não há problema, amor? — o irmãozinho de Ace pergunta a Dess. E é aí que o meu subconsciente bate na testa em sinal óbvio. Como é que eu não vi antes que eles eram irmãos?! Os olhos claros cor de âmbar, as expressões faciais iguais, mesma estrutura corporal. Acho que a única coisa que não me fez ver as aparências óbvias foi o cabelo loiro de Corey, completamente o oposto de Ace.

— Claro que não! O Braden é sempre bem-vindo.

Romeo, Dess e Corey engajaram numa interessante conversa sobre destinos de férias. Vez ou outra eu opinava, fazendo um comentário que pouco ou nada contribuía para a conversa. Estou apenas concentrada em beber a minha bebida, envolvida em todo o tipo de pensamentos quando tenho a sensação de estar a ser observada, então levanto a cabeça dando com duas íris claras focadas no meu rosto. Ace Braden está de olhos pregados em mim, como quem observa uma obra de arte num museu. O seu rosto permanece sério e por um momento eu quero desviar os meus olhos dos seus, mas é impossível fazê-lo devido à intensidade com que eles me fitam. Por não aguentar mais desviei o meu olhar primeiro, cedendo finalmente. Preciso de apanhar ar, sinto-me sufocada aqui dentro.

— Vou lá fora um pouquinho. — digo em voz baixa para que apenas Andressa me ouça. Ela olha para mim com preocupação estampada no rosto, mas assente.

Levanto-me deixando a mesa e nenhum deles parece notar o movimento. Antes de sair do bar vou ao balcão e peço três shots de tequila virando dois rapidamente, mas quando deito a mão ao terceiro bato no balcão vazio.

— Vamos com calma, baby... — e automaticamente, num movimento brusco, viro a cabeça na direção daquela voz. Ace Braden está no meu lado esquerdo, com o seu sorriso sujo – que eu já me acostumei a ver – no rosto e o meu último shot de tequila na mão direita. Não digo nada quando ele leva a bebida aos lábios e inclina a cabeça para trás bebendo tudo. Então reviro os olhos. Claro que ele tinha que vir atrás de mim, não podia ter ficado a conversar como o resto do pessoal fez. Ele pousa o pequeno copo no balcão e dou por mim a observar as suas íris claras mais uma vez. Agora ele está sério, dando-lhe um ar de mau e eu gosto disso. As suas pupilas estão pequenas devido às luzes do local o que evidencia mais a cor dos seus olhos. Âmbar; e agora que observo mais atentamente posso ver pequenos tracinhos verdes misturados fazendo uma cor muito bonita. O maxilar definido está tenso e eu juro que se eu lhe tocar corto o dedo. Por fim o meu olhar escapa para os seus lábios. Oh aqueles lábios... memórias da sua boca na minha, a viajar pelo meu corpo e depois ali preenchem a minha mente. Ainda não sei se o que fizemos foi errado e se eu não devia ter cedido. Afinal, é de Ace Braden que estamos a falar. Ele tem alguma fama na faculdade e é maioritariamente entre as mulheres.

— Eu vou embora. — acabo por soltar as palavras desistindo da nossa luta de olhares e viro costas. Não demora muito para eu chegar à noite fria e congelante e ouvir os seus passos atrás de mim. Respiro fundo e olho para o céu pouco estrelado pelas luzes das ruas. Quero ignorar a presença dele aqui, mas ao mesmo tempo tenho tantas perguntas para lhe fazer. A minha cabeça está num turbilhão e não paro de pensar nem por um segundo. Porque é que ele quis ir ao meu quarto a noite passada? Porque é que ele sequer insiste em falar comigo? Porque é que ele está qui agora? O estilo dele não era mais de pegar e largar?

— Uma moeda pelos teus pensamentos? — a voz dele irrompe o ar congelante.

— O que aconteceu? — pergunto simplesmente, como se ele pudesse compreender tudo apenas com essas três palavras.

— Como assim "o que aconteceu"? — ele franze o cenho e eu suspiro lançando uma pequena nuvem de ar quente para a atmosfera.

— Ontem. — finalmente o encaro e vejo os seus olhos atentos em mim. Abraço o meu próprio corpo.

Ele parece pensar um pouco na resposta e quando por fim se vê satisfeito com os pensamentos dita-os em voz alta.

— Não sei. Nós estávamos bêbados, muito bêbados.

Ah... — então era isso. Álcool. A resposta mais simples e óbvia.

Vejo que ele notou pelo meu tom de voz que esperava uma resposta mais complexa assim que se corrige.

— O que eu queria dizer é que o álcool ajudou, sim. — ele aproxima-se demasiado com apenas um passo. Estamos a um palmo de distância. — Mas eu nunca escondi as minhas intenções, Zara.

Eu sorrio de lado ao constatar que é verdade. Ele sempre foi extremamente claro em tudo.

— Não devia voltar a repetir-se. — digo apenas.

— Tu queres que se repita. — murmura com a voz rouca, muito perto dos meus lábios. — E queres mais...

— Não sou como as outras mulheres que comes por aí. — disparo na defensiva.

— Nunca disse que eras, amor. E eu quero dar-te o que desejas. — solta com o olhar nos meus lábios e sinto que todo o ar desaparecer à nossa volta. Esqueci-me de como se respira, alguém me ajude.

— E o que é que eu quero? — pergunto pronta para jogar.

— Tu sabes bem que é o mesmo que eu.

Então, Ace junta as nossas bocas levando a minha sanidade mental embora.


Capítulo um pouco pequeno, peço desculpa :(( mas, AI como eu AMO estes jogos do Ace e da Zara 

TatuagensOnde histórias criam vida. Descubra agora