twenty four

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Acordo ao som dos pássaros. Sinto-me leve, de mente vazia e descansada como não sentia há algum tempo. O meu iPhone marca as onze horas da manhã. Dia 23 de Dezembro, amanhã será a véspera de Natal. Este ano é suposto eu ir a Chicago, visitar a cidade tendo em conta que não ponho lá os pés há anos.
Sinto os lençóis mexerem e a cama afundar quando Ace vira o corpo. Observo-o na sua glória enquanto dorme. Espero que desta seja de vez, olhando para ele assim, pleno e indefeso todo o meu amor por ele flutua no meu peito. Todos os desenhos no seu corpo se unem e misturam formando a obra de arte que ele é e espelham o lindo ser humano que eu conheço por debaixo da armadura de ferro exposta ao mundo. Quero saber o significado de cada uma delas, saber a história e a conexão. Saber cada canto do homem deitado ao meu lado na ponta da minha língua.
— Bom dia, princesa. — viro o rosto para dar de caras com uma visão dos deuses. Ou até do próprio diabo. Ace tem o lençol a cobrir apenas o necessário, cabelo negro desgrenhado cai-lhe pela testa em ondas e cara de sono. Um sorriso leve desenha os meus lábios quando a sua mão puxa a minha cintura para ele juntando-nos numa carícia.
— Bom dia!
— Estás acordada há muito tempo?
— Só uns minutos, não queria acordar-te, estavas a dormir tão sossegado... — murmuro encaixando-me na curva do seu pescoço deixando os meus doces beijos ali. Sinto-o arrepiar e depois ouço um sorriso.
— Hm... realmente estou bastante cansado de ontem. Viraste o meu mundo de cabeça para baixo. — Ace dá uma pequena gargalhada. — E quase me partiste a cama...
— Ei, a culpa da cama não é só minha!
— Eu não te aguento, baby, de verdade. — ambos rimos e eu deposito mais um beijo na zona sensível. O aperto na minha cintura puxa-me de forma a que eu o sinta luxuriosamente duro na minha coxa.
— Alguém acordou animado! — a minha mão acaricia o seu abdómen desnudo.
— Ele precisa de atenção, tu podes dar, não é baby?
Um sorriso ladino é-me direcionado e é o suficiente para deixar o meu sangue ao rubro.
— Não estavas cansado, amor? — desafio-o, com um sorriso cheio de luxúria.
— Cansado? Quem é que te disse isso? Eu não ouvi nada. — ele rola o corpo posicionando-se em cima de mim no meio das minhas pernas. — Agora vamos ao que interessa. E sem mais nem menos junto as nossas bocas, que travam uma batalha doce e desesperada.
Saio do quarto depois de um banho bastante longo para tomar o pequeno-almoço e encontro Ace na cozinha.
— Ovos e torradas, pronto para casar! — ele ri enquanto coloca a comida na mesa.
— Estou a ver que sim! — sento-me. — Temos de falar sobre o natal, amor.
— O que temos para falar? Algum plano?
— Eu estava a pensar em ir a Chicago. Mesmo não tendo família lá tenho saudades da minha cidade e do frio.
— E pensas em ir quando?
— Amanhã de madrugada, já tenho o vôo comprado e tudo. — inspeciono a sua expressão facial que me deixa um pouco preocupada. Ace tem o cenho franzido e os lábios desenhados numa linha reta. — Eu estava a pensar que se quisesses podias vir comigo... Se não tiveres planos, claro.
   Ele não abre a boca por variados segundos, perdido em pensamentos o que me faz hesitar. Tudo bem em eu ir sozinha, eu própria já me tinha mentalizado de que era isso que iria acontecer, mas agora com tudo resolvido entre mim e o Ace eu tenho esperança de ter companhia. Reviver momentos não é algo que eu tenha prazer em fazer e Chicago é precisamente o local onde eu tenho mais memórias. Más memórias.
   — O meu pai não vai estar na cidade, vai viajar com a namorada. O Corey queria ir visitar a nossa mãe, mas no momento não estou de muitas boas palavras com
ela. — Ace faz uma pausa antes de continuar. — A seguir a comermos compro já o bilhete de avião, baby.
   Sorrio abertamente, aliviada.
   – Obrigada, Ace. É realmente importante para mim. — estendo o braço para acariciar a sua mão com a minha.
   — Tudo o que precisares, desta vez não vou foder as coisas entre nós. — deposita um beijo nas costas da minha mão fazendo-me corar. É incrível como esta versão carinhosa do Ace ainda é capaz de me fazer corar. Tudo entre nós aconteceu rápido, no espaço de quatro meses, mas sinto que já o conheço há anos.

   O resto da manhã passou calmamente. Eu voltei para o dormitório para fazer as malas e o Ace foi fazer as coisas dele. Procuro a mala azul nos confins do meu armário e quando finalmente a encontro puxo-a para cima da cama. Não dura muito até o tornado Andressa entrar porta adentro cheia de livros apoiados num braço e um papel na mão esquerda.
— Há alguma explicação para estar um papel dobrado colado na porta? — ela estende-mo e senta-se na sua cama ofegante, como se tivesse corrido a maratona.
— Não sei de nada disso. — franzo o cenho, desconfiada. — Estou a acabar de fazer a mala para ir a Illinois, não ouvi ninguém bater à porta.
O papel está dobrado ao meio nas minhas mãos com um pequeno coração muito bem desenhado no meio. Desdobro o mesmo dando de caras com um pequeno texto numa caligrafia muito perfeitinha.

"As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar. - Leonardo Da Vinci.

Pavilhão de Artes, Sala 19. Espero-te lá, amor.

A."


PENÚLTIMO CAPÍTULO, PRONTXS?

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