twenty one

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Estamos oficialmente na reta final de Tatuagens :(

Um grande tumulto é levantado no Revolution. Vejo um aglomerado de pessoas no lado oposto do bar, muito barulho mas não consigo perceber porquê. Carter e eu tocamos olhares curiosos mas não mexemos um músculo. Apenas quando o John e Sawyer saem da imensidão de pessoas com um homem presos em seus braços é que me aproximo.
   — Lewis larga-me. Já está tudo bem, não vou fazer mais nada. — uma voz grossa e rouca diz. Ace, só podia. Sawyer faz sinal para John e ao suavizar o aperto nos braços de Ace este sai raivoso porta fora.
   — Mas o que é que acabou de se passar?! — pergunta Carter, que eu não notei estar ao meu lado.
   — Ao que parece aquele idiota desfigurou a cara de outro cliente. — afirma John esfregando as têmporas.
   — Wow, calma lá que o idiota é meu amigo, não é preciso chamar nada a ninguém. — Sawyer chega na defensiva. Eu apenas observo, sem muito que falar.
   — Pois o teu amigo pode nos ter posto em problemas! Já pensaste no que fazias se por acaso o outro cliente apresentar queixa do bar?! Vai ser uma enorme confusão e temos de ir a tribunal, Lewis! — resmunga Carter. Por nossa sorte, ou não, Hendrix tinha reuniões importantes esta tarde e saiu logo depois de almoço.
   — Eu já volto. — murmuro. Ando até à porta mas no caminho avisto dois homens numa mesa, um deles tem um pano branco com gelo encostado ao olho e o outro uma mão de consolo nas suas costas.
   — Está bem, precisa de mais alguma coisa? — aproximo-me, antes de ir fazer o que tenho a fazer. O homem levanta a cabeça e sorri. Tem um corte profundo no lábio, sangra do nariz e um olho roxo. Tanto estrago que o Ace fez, coitado deste homem...
   — Não obrigado, menina. Nada que um pouco de pomada e gelo resolvam.
   Assinto e volto a fazer o meu caminho. Encontro Ace encostado à parede frontal do Revolution a fumar. Aproximo-me até ficar a um metro dele.
   — 'Pra que foi aquilo?
   O seu olhar continua no céu azul, e ele não faz menção de me encarar.
   — Desde quando te preocupas?
   — Ace, lá porque as coisas no sábado de madrugada acabaram da forma que acabaram não quer dizer que não me preocupe contigo. — falo de voz suave. E esta é a mais pura verdade, até porque só passou praticamente um dia e pouco desde o acontecimento.
   — Vou fingir que acredito. — a sua voz está fria, pior do que os invernos em Chicago. Ele leva o cigarro à boca e dá uma tragada. — O sermão já acabou ou posso continuar a fumar em paz?
   Encaro-o como se tivesse levado um soco no estômago. — Desculpa, mas a minha preocupação incomoda-te? — cruzo os braços em sarcasmo.
   — Eu só quero estar sozinho, merda!
   — Diz-me o porquê de teres feito aquilo àquele rapaz e eu vou embora.
   Ele então volta o seu olhar para o meu. Agora consigo ver um hematoma no seu maxilar e olho também para as suas mãos. Os nós dos dedos estão vermelhos, alguns em sangue.
   — Ele disse uma coisa que eu não gostei.
Inacreditável... — Ah sim, então quer dizer que sempre que alguém falar algo que não te agrada vais partir para a agressão?! — o meu tom de voz é amargo.
   Ele abre um meio sorriso e solta uma risada nasal antes de tragar o cigarro e dizer:
   — Era algo interessante...
   — Não vi a piada, Ace, não estou a ver piada nenhuma. — então, ele revira os olhos e deita fora a ponta da beata pisando com a bota.
   — Okay, vamos esclarecer aqui umas coisas... — começa, pondo as mãos nos bolsos das calças e endireitando a postura. Assim preciso de olhar para cima para o encarar. — Tu não és minha mãe então chega de falares dessa forma comigo, como se eu fosse um adolescente delinquente.
   — Mas eu não-
   — Nã, nã, nã — ele põe um dedo à frente da minha cara, interrompendo-me. — Ainda não acabei, docinho. Eu parti a cara daquele filho da puta porque ele estava a desrespeitar-te a ti, e se tivesses perguntado eu teria dito isso em primeiro lugar. Um "obrigado" não te teria ficado mal.
   Olho para ele e abro a boca para falar, mas nada sai. A sério que ele disse isto?
   — Mas eu não preciso de um cavaleiro num cavalo branco que me salve do mal! — a minha voz altera-se. — Eu não sou de porcelana, Ace!
Os seus olhos parecem gelo que penetra os meus.
— Está bem, Zara, — a amargura com que ele pronuncia o meu nome revira o meu estômago. — para a próxima deixo que a porra de dois merdas façam de ti peão num jogo de emoções para que te fodas à grande! Só não chores depois.
No segundo a seguir tenho a minha mão quente e o som do estalo repercute à nossa volta.
— Não me voltes a falar assim! — e com olhos lacrimejados deixo-o para que ele possa ser um idiota insensível sozinho.

capítulo pequeno mas prometo que estão muitos mais emoções por vir! espero que tenha gostado e não esqueça de deixar uma estrelinha e partilhar com as amigas para ajudar o livro a crescer! :)

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