Capítulo 2

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Corro pelos corredores enormes daquela mansão. Torço internamente para que ninguém tenha achado o corpo ainda, ou eu não teria tempo de roubar algumas armas e pegar minha mochila de roupas reservas para fugir. Finalmente encontro "meu" quarto e entro sem pensar duas vezes.

Vou até o guarda roupa e pego minha mochila que estava escondida no fundo para se algo desse tipo acontecesse e eu precisasse fugir às pressas. Abro e coloco mais algumas coisas que seriam úteis lá fora. Me agacho e tiro a madeira do chão e pego um envelope cheio de dinheiro, um cartão de crédito e carteira de identidade, desconhecida por Chang. E um passaporte. Eu iria sumir de Tóquio e não voltaria tão cedo!

Olho pela janela vendo que tem poucos guardas por ali agora. Eu poderia pular, eu apenas me machucaria um pouco por seu meio alto. Olho meu relógio, eu teria que pegar às armas em outro lugar, não tenho mais tempo. Jogo minha mochila da janela primeiro. Coloco uma perna e depois a outra no parapeito. Respiro fundo e sem pensar muito nas consequências, pulo. Fico alguns segundos deitada no chão esperando grande parte da dor passar, levanto com uma certa dificuldade. Pego minha mochila e volto a correr. Eu precisava chegar até o portão da frente para pegar minha moto e dar o fora daqui e nunca mais voltar!

Em reflexo me abaixo quando escuto o som de tiro. Eu havia sido descoberta e isso era ruim, muito ruim! Olho para trás ainda deitada no chão, vejo alguns homens correndo em minha direção. Levanto rapidamente e volto a correr, à cada segundo preciso me abaixar para não ser atingida por balas. Passo pelo jardim e sinto minhas pernas quererem vacilarem pelo cansaço e a queda da janela. Quando estou chegando perto do portão de entrada sinto algo queimando em meu ombro, eu tinha levado um tiro. Ótimo! Coloco minha mão por cima do ferimento para parar um pouco o sangue que escorria por meu braço. Tropeço em meus próprios pés inúmeras vezes, mas continuo correndo. Chego com muita dificuldade em minha moto, me desespero tentando achar a chave no bolso de minha calça.

Tenho uma certa dificuldade para ligar a moto por causa do nervosismo. Os tiros ficavam cada vez mais altos e os gritos cada vez mais perto. Acelero sem pensar duas vezes e saio derrapando pelo asfalto. Escuto o motor dos carros sendo ligados atrás de mim. Viro uma rua antes da que eu desejava para tentar despistar os carros. Gemo de dor por causa do tiro que eu havia levado em meu ombro. Olho de relance para trás e vejo pelo menos dois carros atrás de mim. Um tiro passa próximo ao meu rosto, quase perco o equilíbrio, mas me recomponho rapidamente.

Passo pelos carros para eles não conseguirem chegar perto de mim em seus carros. Olho para trás e não vejo mais os carros. Suspiro aliviada. A primeira parte da fuga foi fácil, agora eu só precisava de um lugar para passar a noite, uma ligação e poderia pegar um avião para algum lugar fora do Japão.

Automaticamente levo minha mão até meu ombro e gemo de dor, por um tempo eu havia esquecido do tiro, mas agora voltou a doer. Paro a moto perto do hospital mais afastado da casa de Chang, mesmo que eles viessem aqui não iriam me achar, sou boa em me esconder. Desço e sinto uma tontura repentina, eu estava perdendo bastante sangue. Ando meio mancando para o hospital e tento manter meus olhos abertos. Vejo a movimentação de fora do hospital e apresso o passo para chegar mais rápido e não desmaiar no caminho. Seguro meu ombro enquanto ando para não mexer muito. Meus olhos se enchem de lágrimas conforme eu vou chegando mais perto. Não era a maior dor que eu já havia passado, mas levar um tiro continua não sendo nada agradável!

Entro no hospital e ando até a recepção. Coloco minha mão direita em cima do balcão para me segurar. A mulher que até então não estava dando atenção levanta seu rosto e arregala os olhos. Engulo em seco.

— Preciso de aju... – antes de conseguir terminar de falar caio no chão. Antes de apagar por completo vejo algumas pessoas gritando instruções e se aproximando de meu corpo largado no chão. Fecho meus olhos e desmaio.

[...]

Abro meus olhos calmamente por causa da luz que entrava pela janela. Olho o quarto por alguns segundos confusa, enfim lembro que eu estava no hospital. Me sento sem fazer nenhum movimento brusco, pois meu braço ainda doía um pouco. Não tanto quanto quando cheguei aqui, mas doía. Meu olhar vai automaticamente para a porta assim que ela é aberta. Um homem com um jaleco entra, ele arregala os olhos surpreso ao me ver sentada.

— Olá, Kira. – franzo minha testa confusa, mas alguns segundos depois lembro que eu tinha algumas identidades falsas em minha mochila. Eles devem ter revirado todos os meus pertences procurando por algo que pudesse dizer minha identidade. Ainda bem que eu não tinha pego nenhuma arma ou faca... – Como se sente?

— Be-em, e-u acho. – gaguejo um pouco pela falta de água e a boca seca. – Pode me trazer água, por favor?

— Ah, claro! Só um minuto. – ele saí do quarto quase correndo para buscar a água. Olho para os lados procurando por minha mochila. A encontro no lado esquerdo do quarto em cima de uma poltrona branca.

Levanto da cama, mas quando coloco meu pé no chão meu corpo vacila e quase caio, mas com sorte consigo me segurar na cama antes de realmente cair. Ando até minha mochila e abro procurando por meu cartão e dinheiro, por sorte eles estavam no meio de algumas roupas e ninguém havia achado. Eles haviam encontrado apenas uma identidade que eu tinha deixado solta para momentos como esse. Pego a identidade "real" e leio o nome apenas em minha cabeça: "Jennie". Meus cartões de crédito e passaporte também estavam com esse nome. Era para um caso de emergência extrema que eu precisasse fugir e ninguém iria saberia sobre minha localização. Eu seria um fantasma. Escuto a porta abrir e fecho a mochila automaticamente. O doutor levanta seus olhos da prancheta para mim e arregala seus olhos novamente.

— Por que está em pé?! – ele fala exasperado se aproximando de mim. Indireto minha postura e olho para ele de cima a baixo.

— Eu preciso ir embora. – falo simplesmente ignorando sua última fala. Passo por ele e vou até a maca me sentando na mesma.

— Você não pode ainda, seu ombro está mal ainda e seu tornozelo está torcido. Cinco dias não são suficientes para curar um tiro! E você tem muita sorte de não ter pego em uma artéria axilar ou ter tido uma hemorragia até morrer! – por isso meu tornozelo estava doendo... Espera! Cinco dias?! Como assim cinco dias?

— Como assim cinco dias?! Eu preciso sair daqui! Droga! – levanto em um pulo e gemo de dor por causa de meu tornozelo. Ele segura meu braço me mantendo em pé. Puxo minha mochila e coloco em meus ombros. Não era a primeira vez que eu levava um tiro, então eu iria sobreviver!

— Você não pode ir ainda. Você levou um tiro, precisa conversar com a polícia sobre isso e precisa falar como conseguiu essas cicatrizes de facadas e outros tiros! – bufo e ando até o banheiro. Pego a primeira roupa que puxo e tiro a roupa de hospital colocando uma calça preta, uma camisa branca e coloco um moletom preto também. Fecho meus olhos tentando Arquitetar um plano para poder fugir daquele hospital sem srr pega por câmeras. Minha cabeça se vira para a janela e sorrio sacana, seria apenas uma queda a mais em meu histórico. Nenhuma novidade.

Coloco minha mochila em minhas costas. Olho para os lados observando o movimento para ter certeza de que ninguém me veria quando eu pulasse da janela. Respiro fundo tentando criar coragem para pular da janela do quarto andar. Coloco a mão em meu ombro para amortecer quando eu cair. Fecho meus olhos e em menos de três segundos sinto o chão duro do estacionamento em minhas costas, arfo pela falta de ar e me seguro para não gritar de dor. Abro meus olhos que até então permaneciam fechados e tiro minha mão do ombro para ver se estava sangrando. Por sorte o curativo estava intacto e sem sinal de sangue. Agora eu só precisava pegar minha moto e um telefone para ligar para ela.

INFILTRATED - Jenkook. Onde histórias criam vida. Descubra agora