Capítulo 5

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Reviro meus olhos pela quarta vez seguida. Rosé olha seu próprio reflexo no espelho e faz caretas para as inúmeras roupas que a atendente traz para a mesma experimentar. Estamos quase uma hora atrasadas, mas ela não parecia ligar. Meu rosto se vira automaticamente quando o celular de Rosé começa a tocar. Ela corre em pulinhos até sua bolsa preta e pega o celular colocando no ouvido, a avermelhada faz uma careta e sorri nervosa.

— Oi Lis, nós já estamos chegando, infelizmente ficamos presas no trânsito e a Jennie não estava gostando de nenhuma roupa! – faço uma expressão ofendida, ela estava me culpando por demorar sendo que eu tinha escolhido mais de dez peças em apenas uma hora! Estreito o olhar em sua direção e faço um sinal com os dedos mostrando que eu tinha escutado o que ela havia falado. Ela sorri nervosa em minha direção e faz uma expressão fofa. Reviro meus olhos.

[...]

Sinto uma mão segurando me braço e me puxando para algum lugar daquela enorme boate. Me debato alguns vezes, mas em pouco tempo noto que a mão pertencia a Lisa e ela estava me puxando para algum corredor vazio.

— Você está atrasada! – ela solta minha mãe e fala próxima ao meu rosto por conta do som alto que ainda era ouvido.

— Desculpa, a Rosé ainda quis passar na casa dela para tomar banho e se arrumar. Se fosse por mim eu estaria aqui antes das três horas, ela é muito demorada! – reclamo da avermelhada que agora já deveria estar enchendo a cara. Lisa bufa e assente mais calma.

— O seu cliente já chegou e está esperando na sala. – arregalo meus olhos em uma tentativa de parecer mais inocente. Lisa ri. – Você não irá precisar fazer nada que não queira, ok? Meus clientes sabem o que eu prezo e não tentariam nada com nenhuma de minhas meninas, principalmente ele.

— Ok, ok! Última pergunta: ele é muito velho? – Lisa leva as mãos a boca tentando segurar o riso.

— Ele não é velho. – sinto o alívio passando por meu corpo e solto a respiração mais tranquila. — Mas não sei se ele é bonito, eu e nem ninguém vimos o rosto dele ainda, ele é bem reservado. Talvez seja casado. – faço uma careta com sua fala. Mas logo esqueço isso e me preparo. Passo minhas mãos pelo vestido tentando desamassar algumas partes. Lisa sorri me encorajando. Ela é paciente e isso é bom.

Coloco minha mão na maçaneta e empurro a porta entrando na grande sala aconchegante. Sinto o vento gelado do ar condicionado em meu rosto, fico meio confusa com as luzes vermelhas espalhadas mas logo me recomponho e tento enxergar, o quarto tinha cheiro de lavanda e perfume masculino forte.

Dou um pulinho quando escuto alguém pigarrear, por alguns segundos havia esquecido que o tal cliente já estava aqui. Me curvo em sinal de respeito, não tive coragem de olhar imediatamente e sua direção.

— Pode se levantar. – me arrepio com sua voz rouca. Engulo em seco e levanto apenas minha cabeça, mantendo meu corpo do mesmo jeito curvado. Eu conseguia ver apenas seus cabelos levemente compridos que passavam sua testa, e seus olhos puxados. Mesmo mostrando apenas isso, ele já poderia ser considerado um pedaço de mal caminho e como Rosé havia dito no dia interior: "Bem vinda ao inferno"! Meu corpo com certeza poderia ser considerado o próprio inferno de tão quente que estava ficando. Pisco algumas vezes e tentando voltar ao normal. – Qual o seu nome?

— J-e-ennie... – finjo que estou nervosa. Eu precisava passar uma imagem inocente para que meu plano desse certo. – E o seu, senhor?

— Jeon Jungkook... – quase me engasgo ao escutar esse nome. Eu escutava muitas histórias sobre esse nome, mas nunca imaginei que estaria viva para conhecê-lo, muito menos nessas circunstâncias! – Você está bem?

— Eu-u... Claro! Eu lembrei de uma pessoa que tem o nome parecido, me desculpe! – abaixo a cabeça. Escuto um barulho no sofá, como se ele estivesse se levantando. Ouço seus passos se aproximando lentamente de mim, me afasto calculadamente de seu toque quando ele ameaça tocar meu braço.

— Está tudo bem, Jennie. Não vou machucar você. – sinto vontade de responder que nem se quisesse ele conseguiria, mas seguro minha língua e continuo com a cabeça abaixada. – Sabe, eu não queria estar aqui, mas meus amigos insistem em vir aqui quase todos os dias de noite. Eu trabalho amanhã, mas eles continuam programando esse tipo de coisas sem me consultar e me trazem aqui do mesmo jeito.

— Você trabalha com o que? – pergunto inocente levantando a cabeça. Ele arregala um pouco seus olhos que já são meio grandes normalmente. Ele ajeita sua mascara preta, em uma tentativa de esconder mais seu rosto, mas ou ele não liga que eu perceba ou me acha tonta o suficiente para achar que eu não notaria. – Me desculpa, fui muito intrometida!

— Tudo bem, eu sou advogado. – seguro a risada. Impossível o filho do maior mafioso da Coreia ter virado um advogado mesquinho que vem para uma boate com os amigos em plena terça-feira! Algo estava errado...

Antes que eu pudesse responder algo, escuto um som de tiro próximo da onde estávamos. Arregalo meus olhos e automaticamente levo minha mão no local aonde ficava um de meus coldres. Seguro a vontade de bufar quando lembro que naquele momento eu estava desarmada. Me viro de supetão quando sinto uma mão em meu ante braço, Jeon me olha com uma expressão que eu poderia descrever como... Calma?

— Está tudo bem! Vou te tirar daqui em segurança, se acalme! – franzo o cenho. Eu estava calma.

Com o reflexo apurado puxo Jeon para trás de mim quando a porta é aberta. Vejo um garoto alto entrando com uma arma na mão, me preparo para lutar caso minha vida estivesse em jogo. Mas a única coisa que acontece é que Jeon saí de trás de mim e anda anda até o garoto. Isso apenas havia comprovado minhas suspeitas, Jeon estava envolvido com algo!

— Quantos são, Tae?! – Jeon altera a voz para o garoto chamado Tae.

— Eu contei uns vinte, só nesse andar. – eles eram idiotas ou o que? Estavam falando isso normalmente comigo logo atrás. E o tal Tae estava segurando uma arma! Seu olhar passa de Jeon e para em mim. – Quem é essa garota? É a primeira vez que você trás alguém para sua sala.

Sua sala?

— História para outro dia! Preciso levar ela para um lugar seguro. – Jeon fala e me olha.

— Não precisa, e-u... Eu sei o que fazer, pode ir! – me aproximo dos dois. Quando os dois se olham aproveito a chance e puxo a arma do coldre de Tae que felizmente não nota. Coloco a mão atrás das costas e quando seus olhares voltam para mim novamente sorrio inocente.

— Tem certeza? – Jeon pergunta. Assinto quase sem paciência. Ele concorda e logo já está correndo corredor a fora com Tae em seu encalço.

Respiro aliviada, estremeço quando outro tiro é disparado. Esse estava mais próximo ainda. Por um momento espero que o tiro tenha sido em Jeon para eu nunca mais precisar olhar em seu rosto. Mas talvez ele não seja tão mesquinho como parece...

— Hein! O que você está fazendo aqui? Todas às outras vadias como você já saíram correndo. – viro apenas meu rosto na direção da voz. O homem era um tanto mais alto que eu, mas isso não seria nenhum problema. Sorrio cínica. – Você não está me escutando? Se eu me irritar mais um pouco eu dou um tiro no meio da sua cabeça, anda!

Mantenho a arma escondida em minhas costas e começo a andar na direção do homem. Ele arqueia à sobrancelha confuso. Ele levanta a arma em minha direção, mas eu já tinha visto olhares demais e esse com certeza não era o de alguém que teria coragem para tal ato. Vejo suas mãos tremerem mesmo no corredor escuro em que nos encontramos, quando estou quase em sua frente tiro minha mão das costas. Me jogo no chão no momento em que vejo que ele iria apertar o gatilho, por sorte eu havia calculado bem o bastante para minhas pernas baterem nas suas. Seu corpo caí no chão desnorteado. Ele parecia mais atordoado por conta do barulho do tiro do que pela queda em si. Já em pé ajeito minha roupa e cabelo e seguro a arma mais firme em minha mão, quando o homem tenta levantar bato com a arma em sua cabeça o fazendo desmaiar. Eu não iria matá-lo, não tenho necessidade disso.
Olho para os lados para ter certeza que estava vazio e que eu poderia passar sem novas interrupções. Por sorte eu havia gravado o caminho que Lisa tinha passado para me trazer até aqui.

INFILTRATED - Jenkook. Onde histórias criam vida. Descubra agora