Aperto os botões do telefone público discando um número que estava gravado em minha cabeça a muito tempo apenas esperando a hora certa para ser usado. Eu deveria ser uma das únicas a ter conhecimento daquele número de celular. Chama apenas três vezes e eu consigo escutar uma respiração do outro lado da linha, eu sabia que ela não falaria nada então já começo falando sem nem ao menos esperar.
— Chae, preciso de ajuda! – falo baixo para não chamar atenção desnecessária. Ela pensa alguns segundos antes de finalmente responder.
— Chae? Não tem nenhum Chae aqui, quem é? – reviro meus olhos. Óbvio que ela não iria falar sua verdadeira identidade assim. Respiro fundo e reformulo a frase.
— Rosé, é a Jane. Preciso de ajuda! – escuto Rosé engasgar do outro lado da linha.
— Jane?! Você me fala isso assim? Com essa tranquilidade? Meu Deus! – afasto o telefone de meu ouvido quando Rosé berra. – Ok, o que você precisa?
— Passagens, e que você apague tudo sobre mim da internet ou de qualquer lugar que meu rosto possa estar! – ela murmura assentindo.
[...]
Vejo uma garota de cabelos vermelhos entrando no pequeno café em que eu me encontrava. Seu rosto era coberto por uma máscara preta que escondia metade de seu rosto. Ela olha para todos os lados e quando seus olhos param em mim ela quase corre em minha direção. Levanto um pouco meu boné preto para que ela visse meu rosto e assim tivesse certeza de que era eu. Rosé chega rapidamente em minha mesa, logo se sentando sem nenhuma cerimônia.
— Eu pensei que você fosse mais discreta... – digo sem demonstrar nenhuma expressão. Levanto meus olhos e os passo por toda a extensão de seu rosto, agora descoberto pela máscara. Ela me olha com o cenho franzido mostrando sua confusão em seu belo rosto. Aponto com a cabeça para seus cabelos vermelhos. Rosé segura uma de suas inúmeras mechas e sorri divertida.
— Você sabe que eu nunca gostei de cores apagadas! – ela forma um biquinho em seus lábios rosados. Reviro meus olhos com seu jeito manhoso e irritante. Sempre que nós nos víamos – que eram poucas vezes –eu revirava meus olhos pelo menos umas sete vezes!
— Não, eu não sei. Não somos amigas para eu saber esse tipo de coisa. –digo emburrada. Rosé não entendia que não éramos amigas, eu não tinha amigos e não confiava em ninguém. Muitas vezes, nem em mim mesma!
— Ok, ok. Mas por que você veio para a Coréia, Jane? – Rosé pergunta curiosa. Olho para os lados para me certificar de que ninguém estava prestando atenção em nossa conversa.
— Eu fugi do Chang! Ele mandou me matarem, e bom... Eu fui mais rápida. – dou de ombros.
— Você sabe que ele vai te procurar até no inferno, não é? – assinto. Olho sugestiva para Rosé. – E é aí que eu entro... Você quer mais do que apenas passagens e sua imagem apagada de tudo... O que você quer?
— Preciso que você me coloque dentro da máfia coreana... – sussurro a última parte para que apenas Rosé escutasse. Vejo os olhos da garota se arregalarem.
— Você é louca ou o quê?! Eu pensei que você iria apenas tentar ter uma vida "normal" aqui, longe daqueles idiotas e você me diz isso?!
— Você não tem nada a ver com isso, Chae! – me exalto um pouco e a garota se retrai assustada. – Eu estou pedindo sua ajuda, serei rápida, não vou ficar mais de três meses! Só preciso terminar um assusto pendente que eu já deveria ter resolvido há um tempo!
— Desculpa, Jane... Eu não posso te colocar lá dentro tão rápido assim. Eles não confiam em ninguém! – ela fala exasperada, movendo suas mãos de um lado para o outro nervosa. Passo a língua em meus lábios e respiro fundo.
— Eu também não confio em ninguém, e estou aqui, não estou? – olho minhas unhas por alguns segundos, mas logo levanto meu olhar para a avermelhada em minha frente. Levo meu olhar até sua garganta quando engole em seco, nervosa.
Rosé dá um pequeno pulinho quando seu celular começa a tocar. Ela puxa de sua bolsa preta pelo menos três celulares de marcas diferentes pegando um deles e atendendo a ligação. Vejo seus olhos se arregalarem levemente e presumo que ela não esperava aquela ligação repentina. Ela balança a cabeça concordando com o que a pessoa do outro lado da linha falava. Aproveito para olhar ao redor, sorrio internamente com a decoração retrô que aquele pequeno café esbanjava. Não era um lugar conhecido, por esse motivo estava vazio. Apenas nós e mais um casal ocupavam os assentos distribuídos pelo local um tanto quanto charmoso. Fico alguns segundos observando o casal, eles pareciam felizes e despreocupados... Respiro fundo e dou um mínimo sorriso, eu daria tudo para ter uma vida feliz e despreocupada!
— Lisa, eu não tenho ninguém! – volto meu olhar para Rosé quando ela se exalta minimamente. Vejo seu peito subir e seus olhos se fechando. Ela estava ficando irritada com a tal Lisa e isso evidente a qualquer um que estivesse a dez metros dela. Em menos de um segundo Rosé levanta o olhar para mim e sorri maldosa. Arqueio a sobrancelha desconfiada, se eu não tivesse visto olhares piores direcionados em minha direção iria ficar assustada. – Na verdade... Eu tenho sim! Mas eu preciso de um pequeno favor em troca. – Rosé guarda seu celular em sua bolsa novamente e me olha. – Você tem um emprego agora, Jane!
Sorrio em direção a avermelhada, ela não era tão inútil pelo visto. Rosé sorri nervosa, mas tenta ao máximo não demonstrar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
INFILTRATED - Jenkook.
FanfictionJennie havia sido treinada para ser uma das melhores assassinas de aluguel de Tóquio, mesmo que não se orgulhasse disso tanto quanto alguns de seus "parceiros". Ela nunca se achou tão importante para as pessoas que trabalhava, mas depois de dar um p...