TYLER - Livro 1 Série - Broken Ice - CONCLUÍDA-

Capítulo 26

Tyler

Encaro o mar. O mesmo mar que levou Jason. Eu deixei o surf depois daquele dia.
Só voltei a subir em uma prancha mais de um ano depois de chegar no Brasil. Vitor me convenceu.

Tinha 16 anos. Não falava com meu pai, matava praticamente todas as aulas no colégio. Virava as madrugadas em festas. Bebia até desmaiar. Arranjava cada vez mais brigas. Vivia no hospital, custurando algo. Vitor estava sempre comigo. Ele aproveitava as festas, mas comprava todas as minhas brigas.

Eu era grato. Nunca disse a ele o quanto eu era grato.

Nessa época eu quis morrer. Provoquei brigas com pessoas perigosas, esperando que isso acontecesse. Queria causar dor ao meu pai.

Depois de uma festa em que fomos expulsos, terminamos vindo para a praia. Vitor sentou do meu lado e ficamos em silêncio, por um longo tempo, até ele simplesmente me dizer:

- Chega cara. Ele não se importa.

Eu entendi de imediato. Ele falava do meu pai.
Eu tentava trazer dor a ele, mas só trazia dor a mim mesmo. E levava Vitor junto comigo. Naquele dia resolvi parar de me importar com o que a vida me negou e decidi aproveitar o que eu podia ter.

Pegamos duas pranchas e passamos o dia no mar.

Gasto todo dinheiro do meu pai que posso. Foi sacrificando os filhos no caminho que ele conseguiu tudo mesmo.

Faço o que quero, quando quero.

Larissa conseguiu o que mais ninguém tinha conseguido. Me fez contar em voz alta todas as merdas da minha vida.

Precisei esfriar a cabeça. O olhar de piedade dela me irritou. Não preciso de piedade.

Pego ondas perfeitas a manhã inteira.
Quando não aguento mais a fome, volto até meus amigos.

Larissa está dentro do carro.
Vou até Bianca e Mel e sento para comer com elas.

- A gente pegou o carro.

- Sim eu percebi.

- Meu pai ligou, preciso voltar Tyler.

- Tranquilo Mel. Já tinha pensado em ir agora mesmo.

Reunimos tudo e partimos pra casa. Meu celular toca logo que pegamos a estrada.

- Alô?

- Cadê vocês Tyler?

- Estamos indo pra casa pai. Viemos na praia.

- Certo, aguardo vocês.

Desligo a chamada e volto a atenção para a estrada. Larissa está em silêncio. Parece brava. Ótimo. Melhor assim.

Ela coloca os pés no painel do carro. Normalmente não deixo que coloquem os pés ali. Mas nesse ângulo, tenho uma visão deliciosa das coxas dela.

Chegamos a cidade no meio da tarde.
Deixo Mel em casa e sigo pra encontrar meu pai.

Subimos para o apartamento dele, ainda em silêncio.

- Se continuar assim, vai esquecer como formar palavras.

Falo rindo, ela devolve um olhar azedo.

- O que eu quero falar você não quer ouvir. Então não vou falar nada.

Me seguro para não rir da cara de menina braba dela.

Meu pai quer conversar com ela sobre o processo de lesão corporal. Eu sento no sofá e apenas escuto. A cada palavra do meu pai sobre o filho da puta que atacou ela fico mais puto.