TYLER - Livro 1 Série - Broken Ice - CONCLUÍDA-

Capítulo 16

Larissa

Minha vida parece ter entrado nos eixos. Já fazem dois meses Que estou tendo aulas com Tyler de jiu jitsu. Já comecei a treinar junto com todos.
Estou procurando uma faculdade, saio com as meninas, me Sinto finalmente normal.

Tyler estava certo. Treinar me faz bem. Estou mais forte, não tive mais nenhum episódio de pânico. Ele é muito bom Como professor. Na verdade ele é um homem sério, em tudo. Diferente do Que pensei nos primeiros dias, Tyler não é afável com ninguém, nem com os amigos. Tenho passado bastante tempo com eles, por causa de Mel e Bianca Que me arrastam para todo lugar.

Tyler é sempre ríspido com todos. Frio. Mesmo assim todos parecem orbitar a volta dele e estarem acostumados com isso. Percebi Que ele não gosta de ninguém muito próximo. Ele é duro até Mesmo com As meninas Que caem aos pés dele. Ele mal fala com elas, e em poucos dias são substituídas. Parece uma vida bastante vazia. Ele parece mais distante alguns dias Que outros. O Que me leva a pensar, que talvez a vida de garoto rico, tenha seus problemas.

Não passamos, nenhum tempo sozinhos desde o dia em que limpei seus machucados em seu quarto e ele saiu sem dizer nada. Ele parecia muito irritado por eu ter me metido em sua briga. Mais tarde fiquei sabendo que Mel não sabia o que Pedro fazia. E que os confrontos eram frequentes lá.

Ficamos sozinhos apenas nos treinos, antes dos outros chegarem.
Tyler é muito forte, até agora não vi ninguém páreo para ele.
Eu então, não Tenho chance, em um dos primeiros treinos, Fiquei nervosa quando ele me prendeu, tentei me soltar usando tudo Que ele ensinou mas não consegui. Ele percebeu Minha ansiedade e se levantou me levando junto. Eu ainda tentava me soltar.

- Não comigo.

Escutei o Que ele disse. Levou alguns segundos até Eu compreender. Ele não queria Que Eu entrasse em pânico com ele. Ele não me machucaria. Respirei fundo e parei de me mexer. Demorou alguns minutos até ele me soltar. Foi um exercício de confiança.

Nossos treinos fluíram, Eu não sentia medo nos braços dele. Me sentia segura. Tyler era frio com todos. Embora me ignorasse o resto do tempo, nos treinos, Eu não o sentia distante, ele era atencioso.

Acabei ansiando pelos treinos, então Fiquei frustrada quando cheguei hoje de manhã e não achei ninguém para o treino.

Esperei meia hora, Como ninguém apareceu fui pra casa.
Troquei de roupa e tomei café.

Decidi ir ao apartamento de Tyler para saber se haveria treino em outro horário.

Desço pela escada Mesmo. Sei Que a porta do apartamento fica aberta para os amigos dele entrarem, então Eu entro.

Não esperava a cena Que encontro.
A sala està cheia de cacos. Que parecem louça quebrada.
Mel estanca no lugar quando me vê. No colo dela vejo roupas ensanguentadas.
Rafael para de varrer e me olha.
Saio do transe quando escuto Vitor berrar:

- Mas Que porra, quem chamou essa garota aqui?!!

Mal consigo processar o Que vejo, olho mais uma vez para Mel, e só consigo perguntar :

- Onde ele está?

Vitor entra Na Minha frente - Não te interessa! Da meia volta e sai daqui.

- Vitor...

Mel pede e vem em Minha direção.

- Tyler tem episódios de uma enxaqueca desconhecida, nenhum remédio adianta. Geralmente vem acompanhada de variações bruscas de humor.

Estou sem palavras. Eu não imaginei Que ele sofresse de algo assim.

- O Que houve? Aponto para o apartamento.

- Fomos em uma festa ontem, ele Já estava irritado acabou brigando lá, arrastamos ele pra casa mas ele estava fora de controle. Consegui convencer ele a tomar um remédio.

- Remédio ajuda?

- Não com a dor, é um remédio para dormir. É a única coisa Que funciona.

- Faz tempo Que ele tem isso?

- Desde Que Eu o conheço.

- Mas não é possível! Algum remédio, exame...

- Ele Já fez tudo, não sabem o Que é. Desconfio Que a origem é psicológica, mas...

- A dor é psicológica?

- Não ela é real. Mas a fonte pode ser.

Absorvo As informações devagar. E tomo uma decisão.

- Onde ele está?

- No quarto.

Vitor interrompe: - Ele não quer ninguém lá.

- Não te perguntei nada! - Caminho em direção ao quarto. Sinto uma mão em meu ombro e viro. Mel me dá um olhar preocupado.

- Ele é meu amigo Larissa. Mas é perigoso. Ele não é o mesmo nesses momentos. Ele quase enforcou a Bianca uma vez.

- Não vou deixar ele sozinho assim.

- É Como ele prefere.

- Que bom Que a opnião dele não me interessa.

Viro As costas e entro no quarto.

Tyler está sentado no chão, encostado Na cama. Ele está sem camisa e tem machucados nas mãos e no rosto. A cabeça pende entre as mãos.Meu coração aperta.

Me aproximo devagar, ele sente a aproximação e estende a mão.

- Sai daqui.

Sua voz está grossa e arrastada. Me aproximo mais, ajoelho Na frente dele.

- Você Vai deitar.

Tyler luta com As minhas mãos enquanto tento levantá-lo.

- Larissa Vai embora.

As palavras parecem custar muito a ele. Ele não abre os olhos. Consigo fazer com Que ele deite Na cama. Procuro no banheiro dele algo pra limpar os cortes, encontro um kit de primeiros socorros.

Volto até a cama pego uma gaze e antiséptico e limpo os cortes. Tyler não protesta, mas ainda não adormeceu. Coloco As coisas no chão quando termino.

Subo Na cabeceira da cama e sento, puxo a cabeça de Tyler para o meu colo.

- O Que você ta fazendo?

Escuto Tyler resmungar. Passo As mãos pelo cabelo dele.

- Minha mãe fazia isso quando Eu estava doente. Sorrio com a lembrança.

Tyler se ajeita de bruço, abraçando uma das minhas coxas. Tendo acesso As costas dele, Eu Passo As mãos em uma massagem.

Sinto o corpo dele relaxando aos poucos. Logo ele dorme.

Fico por Algumas horas assim até Que a porta se abre devagar e Mel aparece no quarto.
Ela parece perplexa quando vê a cena. Tyler dorme profundamente.

- Quanto tempo ele dorme? Pergunto séria.
Ela se recupera do choque e reponde:

- Varia, com a dose Que ele tomou deve dormir umas 12 horas.

Eu aceno e olho para ele, passo as mãos pelo cabelo curto.

- Ele parece tranquilo. -Mel fala me olhando séria. - Ele nunca aceitou ninguém aqui com ele. Até hoje.

Tyler me ajudou com meu problema. Fico feliz que ele tenha me deixado ajudar com o dele.

- Eu vim te chamar, fiz uma lasanha.

Minha barriga ronca, e parece ouvir Minha amiga dizer que há comida.

Levanto com cuidado, e sigo para a cozinha.