32 - A Última Ceia

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— Tem algo maior acontecendo... É incrível como sempre tem. — Karin observou.
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— Criança, tendo um magnífico par de asas nas costas, você ainda não aprendeu a voar? — Kara falou ao ir até Dave, quando ele pousou no gramado.

— Ainda perco estabilidade ao voar rápido e tenho certa dificuldade para pousar, mas não me atrapalha muito. — Dave falava e seus 1,82 de altura se tornaram poucos perante a telepata que se aproximava com um olhar crítico e meticuloso.

— Tanto poder em um corpo tão jovem... Compreendo seus anseios e sei que acha melhor "ficar na média" para ser contido pelos mais fortes, mas você pode ir além disso e ser algo muito mais poderoso. Basta manter a sua mente em foco e ter controle das suas emoções.

— Meu caso é complicado...

— Engano seu. Você não é o primeiro traumatizado que eu vejo. Na verdade, o seu problema poderia ser resolvido em pouco tempo. Karin teve o Thomas, Thomas teve a Grace e Skyler teve a mim. Mas e você? — Kara pôs a mão em seu rosto da mesma forma que Tarah fez comigo aquela vez na casa de Sheska.

— Senhora, eu também tive a Grace. — Dave retirou a mão dela.

— Seu caso é mais profundo e Grace é muito mole, ela diminuiu um pouco a sua dor e a tornou suportável como uma parede de papel, bastando empurrar com uma ponta afiada para rasgar. Eu falo de erguer um muro.

Falo de se perdoar, acabar com os medos e fazer você se sentir livre para explorar todos os seus grandes dons e ser quem aquela criança queria ser. — Kara pegou na mão dele, o virou e apontou como se estivesse apresentando Dave ao mundo.

— Você pode fazer isso? — Dave perguntou e Kara baixou os braços, enquanto dizia algo na mente dele que o fez fazer uma expressão de angústia.

— Ela não é a pessoa mais feliz ou equilibrada do mundo e ainda não superou, onde fez questão de não me deixar apagar a lembrança, como uma "punição" para ela mesma devido ao acontecido, mas garanto que Skyler está em uma situação muito melhor do que a sua, David.

— Por favor... Me ajude. — Dave segurou a mão de Kara com suas duas.

— Podemos começar amanhã. — Kara esboçou um sorriso e olhou para o lado.

Grace vinha trazendo um grande empadão de frango para a grande mesa da piscina, enquanto Matt trazia uma grande panela de arroz equilibrada na mão direita e vários talheres amarrados com sombras densas na esquerda. Como sempre, ver aquelas trevas durante a luz do dia era sinistro.

— Chega de papo, né? Mais de 1 hora aí conversando, vocês devem estar com fome, se não tiverem, eu como por vocês. — Wendy vinha com uma grande jarra de suco em uma mão e uma forma de bolo contendo vários copos.

— Mais de 1 hora? — Eu sussurrei para Karin, que ficou séria, fazendo sinal para nós conversamos depois, quando Kara não estivesse por perto.

— Pensa em um monstrinho com mãos boas pra fazer comida é aquele da cozinha, tudo que sai dali dá vontade até de levar. — Wendy pôs tudo na mesa.

— Para alguém tão frio, até que está mostrando ciúme, não? Cozinheiro. — Kara falou com Matt, o que deixou Wendy perplexa.

— É você que faz as comidas?

— Algumas, gosto de cozinhar. Grace me convenceu a dividir a culinária da casa com brownie, mas por ele ter medo de mim, não se mostra quando eu estou cozinhando. Então revezamos o preparo das refeições durante a semana. — Matt explicou e eu pensei se aquela havia sido a primeira vez que ele falou sem pausas dramáticas.

Livro 2 - Os VerdadeirosOnde histórias criam vida. Descubra agora