Livro 2 - Os Verdadeiros

Epílogo

Mesmo após aquela tarde problemática, os dias se seguiram razoavelmente bem, até chegou quinta-feira da semana seguinte, onde ao chegar em casa, percebi que a porta não estava trancada, sendo que meu pai ainda estava na loja, então adivinhei que Zirck tinha voltado mais uma vez para deixar um novo recado.

Rapidamente entrei e fui ao meu quarto procurar pela mensagem, achando um gravador sobre o criado mudo, como da última vez. Aquela repetição me incomodou, mas finalmente teríamos um andamento naquela situação, então apenas o peguei, levei para a sala e esperei meu pai chegar, explicando que ainda não havia ouvido e deveríamos esperar Skyler, que não demorou a vir do treino.

— O que houve? — Ela chegou na forma caucasiana, mas não magra e sim com seu corpo definido como quando em sua forma verde.

— Zirck mandou outra mensagem, provavelmente para marcar o encontro. — Falei ao passar a mão no meu cabelo agora aparado, já que estava virando uma juba.

— Demoraram muito, é normal tanto tempo? — Meu pai perguntou.

— Desde o sumiço de Wendy até ele atacar a escola, demorou quase isso, acho que por alguma razão, os triclóides agem com esses intervalos de 10 a 15 dias.

— Alienígenas com 3 olhos... — Meu pai passou a mão na cabeça. Ele ainda não havia se acostumado com aquilo.

— Vamos ouvir. — Liguei o gravador.

— Saudações, garoto. Espero que tenha usado o tempo que lhe foi dado para buscar o amuleto. Como sabe, ele é a moeda em troca para sua peculiar progenitora. Soube que fez alguns amigos poderosos, imagino que os conte como vantagem e por isso, irei mudar o campo de jogo para um lugar onde não há portais.

Esteja amanhã a tarde na cidade do Rio de Janeiro no Brasil, o país tropical famoso por suas belas paisagens e belas fêmeas humanas. Com seus contatos, não será difícil ou demorado. As coordenadas serão ditas no final desta mensagem. Não irei correr riscos desnecessários, sei que irá levar acompanhantes, então darei as restrições.

Leve no máximo 2 ou a refém morrerá. Leve a Andarilha do Tempo e ela morrerá, leve qualquer um dos seus amigos poderosos e ela morrerá, montem uma armadilha e ela morrerá, tentem me ultrapassar e ela morrerá. Não cumpra as especificações e ela morrerá. Esteja presente as 14:00, horário local. — A mensagem terminou e vieram as coordenadas, mas não dei muita atenção, aquilo era com Grace.

— As especificações limitam nossas chances de retornar com o amuleto. — Skyler observou, enquanto eu digitava no celular. Até que meu pai resolveu falar algo.

— Não sei direito o que dizer, então vou ser breve. Sei o quanto está preocupado, então quero que tome cuidado com seja lá o que for fazer amanhã. Mantenha o foco na sua missão, traga a sua mãe e volte em segurança.

— Não estou preocupado, é que ela nunca me deixaria ir até outro país para tentar salvar você, iria preferir que morresse nas mãos deles. Sabe disso, não é?

— É, eu sei. Mas pelo bem da sua sanidade não sou como ela. E sei do que é capaz, você virou praticamente um super-herói, Thomas. Tenho muito orgulho de você.

— Valeu. Significa muito pra mim. É que esses dias, você sabe...

— Ninguém vai te julgar por ter curtido esse tempo em paz, mas agora deve fazer o certo, por mais que saiba o que acontece depois que sua mãe voltar. Seja um herói mais uma vez, meu filho.

— Eu vou fazer o possível para voltar com ela e o amuleto. Está comigo? — Sorri ao estender a mão para Skyler.

— Farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudá-lo. — Ela levantou do sofá e a blusa fina marcou seu "tanquinho", enquanto apertou forte a minha mão.

— Já decidiu quem será a outra pessoa? — Meu pai perguntou e o celular acendeu, indicando que uma chamada estava tendo início.

— Não é óbvio? — Sorri confiante. — A pessoa mais forte, mas nem tanto assim, responsável e sensata para nos acompanhar numa viagem. — Falei e atendi a ligação, ouvindo uma voz nervosa.

— Cara, tudo bem aí, o que aconteceu? Você disse "urgente". Ei, ei! Não! — Wendy de desesperou e ouvi o que parecia ser o som de um cachorro se sacudindo. Depois um latido. — O banho era pra ser seu e não meu! Agora eu fiquei toda molhada e com cheiro de cachorro, é melhor isso ser importante!

— Foi mal, é... Você disse que sua mãe foi para o Texas e volta segunda-feira, certo? Os triclóides mandaram a mensagem sobre a troca.

— Ela foi antes de ontem, mas o que tem a ver? Eu posso sair de noite. Mas você vai ter que esperar eu dar banho nesse bagunceiro aqui e tomar o meu.

— Eu perguntei porque deve demorar mais do que algumas horas, fora a distância.

— Hein? Demorar quanto?

— Faça a sua mochila e pegue um protetor solar, nós vamos para o Brasil.