Quando a neve começa a cair.

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Depois do beijo no corredor, Severo não quis mais ver Tiago. Tentou ao máximo evitá-lo, e estava se saindo bem, com a animação das festividades do Natal e os alunos ansiosos para irem para casa, era tanta exaltação que Severo conseguia simplesmente desaparecer na multidão de alunos.

Ele queria não pensar no assunto, mas era impossível. Antes que pudesse evitar, se via pensando em Tiago e no beijo que haviam trocado naquele dia. Quando dormia, o beijava novamente milhares de vezes, acordava com aquela sensação em si. Era como se houvesse o beijado de fato segundos antes.

Numa tarde, enquanto se escondia em seu dormitório, Severo ouviu um bater de asas e um bicada em sua janela. Olhou para fora e viu uma coruja no parapeito.

Abriu a janela e viu uma carta no bico da coruja. Retirou o pedaço de pergaminho e examinou-o por fora. Não havia nenhuma indicação de quem pudesse ter enviado aquilo. Desdobrou o papel e passou os olhos pelas palavras, ainda sem lê-las, tentando identificar a quem pertencia aquela caligrafia estranha e um tanto borrada. E então, enfim começou a ler.

" Caro Morcegão,

Precisamos conversar. Já mandei uma coruja aos meus pais avisando que não irei voltar para casa este Natal, e se você for para casa eu não sei o que vou fazer aqui nesse castelo enorme e cheio de espaços vazios onde podemos ir. Não adianta tentar fugir de mim, você não vai conseguir. Teremos todo o castelo para explorar, e o que mais quisermos fazer. Te vejo mais tarde, no jantar depois que todos os outros forem embora.

- Pontas"

— Idiota... — Severo praguejou baixinho ao terminar de ler a carta.

Notou que um pedaço do papel ainda estava dobrado, Severo o abriu.

" P.S.: Eu não sou idiota!"

Severo sorriu, Tiago parecia o conhecer bem. Talvez mais do que Severo conhecia a si mesmo.

O sonserino olhou para a janela, a coruja ainda estava lá, provavelmente esperando que lhe dessem alguma comida. Severo procurou por algo e deu a coruja, que logo em seguida partiu. Em seguida, Severo decidiu caminhar pelo jardim da escola, estava frio, obviamente, e a nevasca da noite anterior havia cobrido todo o jardim, pintando-o todo de branco.

Snape se agasalhou, colocando um cachecol da Sonserina em volta do pescoço, de forma que seus lábios encontravam-se cobertos, e saiu para o jardim. Enquanto caminhava pela neve, um instinto o fez olhar para trás e ele avistou Tiago. O grifinório também estava bem agasalhado, porém, um tanto despojado.

— Sev! Me espera! — Tiago gritou quando viu que Severo o havia notado, porém, o sonserino apertou o passo, em vão, pois, Tiago logo o alcançou. — Por que não me esperou?

— Eu não te ouvi. — Mentiu Severo.

— Você ouviu sim! Por que tem me evitado?

— Eu não sei do que você está falando... — Dando as costas para o Potter.

— Sabe sim! — Tiago o forçou a ficar de frente para si e Snape abaixou a cabeça, não queria olhar nos olhos de Tiago. — O que está havendo, Sev? Isso é por causa daquele beijo? — Tiago questionou, mas não obteve resposta alguma. — Olha, você não era obrigado a retribuir. — Tiago desviou o olhar por alguns segundos. — Eu não sei o que deu em mim, ok? Sei que você não é uma garota e... eu sinto muito, tá? — Tiago voltou a olhar para Severo, que ainda mantinha a cabeça baixa. — Por favor, me perdoe! Nunca mais tocarei em você, se não quiser... — Tiago se deu conta que ainda segurava os braços de Snape, e o soltou, como se quisesse realmente comprovar que não o tocaria. — Não quero que a nossa amizade acabe por conta da minha impulsividade.

— E-eu não estou com raiva... — Severo falou chutando um montinho de neve. — É só que... eu não consigo parar de pensar naquele beijo. — Snape parecia estar fazendo um grande esforço para falar aquilo. — E-eu... acho que estou enlouquecendo, eu...

Severo foi interrompido pelo súbito movimento de Tiago, ao agarrá-lo pela cintura e o beijar. O sonserino não hesitou em momento algum. Abraçou Tiago e retribuiu o beijo tão imediatamente ele havia começado. Tiago não queria se afastar e tampouco Snape, mas não podia ficar ali para sempre, a neve estava voltando a cair. Ainda levou bastante tempo antes que o Potter cortasse o beijo e mirasse Severo, sorrindo.

— Acho que agora temos um motivo para usar aqueles apelidos, já que compartilhamos esse segredo, não é mesmo, Morcegão?

Severo sorriu, e Tiago também. O sonserino aproximou o rosto e beijou Tiago novamente. Era tão bom estar nos braços do Potter. Severo não conseguia pensar em qualquer outro lugar melhor que poderia estar. 

Dias de um Passado EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora