Quando a magia floresce.

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Já fazia algum tempo que Tiago e Severo havia firmado o seu "acordo de paz" e se tornado amigos, mas, isso não garantia em nada que os amigos de Tiago iriam parar de pegar no pé de Snape. Tiago já não mais participava das brincadeiras, pelo menos não como o mentor, e já não parecia tão feliz em fazê-las.

Tiago tinha medo do que os amigos podiam pensar se soubessem que estava andando com Snape, assim como Snape também não queria que seus amigos sonserinos soubessem de sua amizade com o grifinório. Era perigoso demais, tinham de manter aquilo em segredo.

O ano letivo terminou e Severo e Tiago não se viram durante todo o verão. Durante as férias, trocaram algumas poucas cartas, tendo finalmente usado os apelidos inventados por Tiago, mesmo que Severo achasse aquilo ridículo.

As cartas eram bem simples, perguntavam um ao outro como estavam e o que estavam fazendo durante aqueles dias. Tiago, sempre tinha histórias para contar, a cada carta uma nova aventura vivida com os amigos e com a família, a maioria de suas cartas eram longas narrativas que alegravam um pouco o dia de Severo. Quanto a Snape, suas cartas, na verdade, mais pareciam bilhetes de tão curtas que eram. Severo não fazia muito além de ajudar nos afazeres da casa e estudar. As vezes, ele ainda ia ao antigo parquinho perto de casa na tentativa de esbarrar com Lilian, mas isso nunca acontecia, e ele também não falava daquilo com Tiago. Não queria que o amigo pensasse que ele era algum tipo de maníaco perseguidor.

Com o inicio do novo ano letivo, ambos estavam bastante atarefados, e Snape não conseguia encontrar Lilian em lugar algum, pelo menos não sozinha, era quase como se a garota estivesse deliberadamente evitando-o.

Já os amigos de Tiago, aqueles a quem Severo tanto gostaria de evitar, era quem mais encontrava. Apesar das palavras do Potter, as brincadeiras não havia parado. Severo conseguira um pouco mais de paz, bem verdade, mas não tanto quanto gostaria. Mas, Tiago vinha se mostrando uma boa pessoa, alguém bem diferente do que Severo imaginava.

Como Tiago estava quase todo o tempo com os amigos, os dois só se viam nas raras vezes em que Tiago ia à biblioteca, ou quando Severo ia para o jardim no fim da tarde estudar. Era um tanto complicado, mas, de alguma forma, os dois conseguiam manter aquela amizade.

Os dois rapazes se encontraram em um corredor deserto, todos os outros alunos estavam em suas respectivas aulas, mas, Tiago não havia visto Severo na aula de poções e saiu para procurar seu mais novo amigo. Encontrou-o algum tempo depois, sentado no chão de um corredor completamente vazio.

— Ei! Sev... — Tiago o chamou, mas foi ignorado. Sentou-se ao lado de Snape. — Você sabe que eu ainda tenho que fazer algumas brincadeiras, do contrário, as pessoas irão desconfiar. Na verdade, o Sirius já está começando a me fazer perguntas comprometedoras demais. — Tiago hesitou por alguns segundos antes de continuar. — E você sabe... Precisamos manter a nossa amizade em segredo.

— Você poderia ao menos ter me avisado! Eu... eu odeio quando você faz essas coisa, Potter, seu idiota! — Snape passou as mãos pelo rosto, exasperado.

— Me perdoe, ok? O Sirius... — Tiago começou a se desculpar, mas foi interrompido por Severo.

— Ok! Ok! Tudo bem. Não preciso ouvir suas desculpas novamente, pela milionésima vez.

Snape se levantou e sentou-se na beirada da janela, sendo seguido por Tiago.

Os dois permaneceram assim, em completo silêncio por algum tempo, até que o Potter falou.

— Está tudo bem com você, Sev? Você parece meio chateado nos últimos dias... E eu acho que não tem a ver comigo ou com os rapazes.

— É a Lilian. — Ele hesitou um pouco. — Ela se recusa a falar comigo. Não quer me perdoar de forma alguma.

— Você realmente gosta dela, não é?

— Bem, nós somos amigos, sabe. — Severo voltou seu rosto para olhar para Tiago. — Mas e você, gosta dela?

— Não sei... Quer dizer, ela é uma garota linda! — Tiago assentiu e olhou para Snape que havia desviado o olhar do outro e fitava as próprias mãos. — Sabe, ela é bem legal, inteligente e tudo mais, tenho certeza de que ela irá te perdoar logo. Você vai ver só!

— Assim espero... — Severo falou com um meio sorriso surgindo em seus lábios.

— Oh, Merlin! — Exclamou Tiago.

— O que foi? — Severo perguntou, levemente assustado pela reação repentina do outro.

— Você sorriu! — Tiago falou com um sorriso de orelha a orelha nos lábios.

— E qual é o problema disso? — O sorriso sumiu dos lábios de Severo. — Você é retardado, ou o que?

— Não, não sou retardado! — Tiago falou, ainda sorrindo. — É que nós conversamos há meses e você nunca havia sorrido. Eu juro que nunca havia te visto sorrir dessa forma! — Tiago ergueu as mãos e segurou o rosto de Snape entre elas. — Você fica muito mais bonito quando sorri, sabia?

Snape arregalou os olhos e sentiu o sangue esquentar em suas bochechas e, antes que pudesse fugir dali, Tiago o beijou. Seus hálito era quente e tinha um leve sabor de morango, Severo não hesitou dessa vez e correspondeu o beijo muito mais rapidamente do que da vez anterior, e, instintivamente, ergueu suas mãos e as levou até a cintura de Tiago, puxando-o um pouco mais para perto de si.

Poderia ter durado apenas alguns minutos, ou uma hora, nenhum dos dois saberia dizer, mas o som de passos se aproximando fez com que Snape cortasse o beijo e levantasse do chão rapidamente, voltando ao meio do corredor.

— E-eu preciso ir até a biblioteca. — Falou nervosamente, sabia que Tiago não acreditaria, mas não deu tempo ao outro para que o questionasse. — Nos vemos depois. — Dito isso, saiu dali rapidamente.

Tiago continuou ali, ainda conseguia sentir a pressão dos lábios de Severo contra os seus. Pensou em seguir Severo, mas mudou de ideia logo em seguida. Precisava dar um espaço ao outro. Ele imaginava o quão difícil deveria ser para Severo processar todas aquelas informações, por que era difícil para si.

O Potter se levantou e começou a caminhar no corredor, na direção contrária em que Snape havia seguido, e, para sua surpresa, encontrou-se com os Marotos.

— O que está fazendo aqui? — Foi Sirius quem perguntou. — Na verdade, porque saiu no meio da aula e não voltou mais?

— Precisei resolver algo. — Tiago falou dando de ombros.

— Olha a cara dele. Não é óbvio? — Lupin falou aproximando-se de Tiago e apertando sua bochecha como uma tia faria. — Ele estava dando uns amassos em alguém!

Todos os outros rapazes começaram uma algazarra, e Tiago apenas baixou os olhos sorrindo.

— Quem é ela? — Sirius perguntou, curioso.

— Não vou contar para vocês. — Tiago falou dando as costas aos amigos e começando a andar na direção que eles estavam indo antes de encontrá-lo, a mesma que Snape havia seguido.

— E desde quando você esconde algo de nós, Sr. Pontas? — Sirius tornou a falar andando ao lado do amigo.

— Qual a nossa próxima aula? — Tiago perguntou subitamente mudando de assunto.

— Não adianta tentar desconversar, Sr. Potter, eu irei descobrir, quer queira, quer não. — Sirius falou decidido.

— Vai me seguir agora, Sirius? — Tiago perguntou em tom irônico, mas, a expressão no rosto de Sirius fez seu sorriso desaparecer. — Ela não quer que as pessoas saibam, ok?

— Mas não somos as outras pessoas, somos seus amigos! — Sirius falou em tom indignado.

— Eu sei, mas, preciso de tempo, deixe-me conquistá-la mais, e então, eu conto tudo para vocês, nos mínimos detalhes.

Apesar de não estar totalmente satisfeito, Sirius concordou e os quatro seguiram para a aula.

Dias de um Passado EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora