Quando o sol nasce.

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 Foi bem estranho acordar completamente sem roupa e dividindo a cama com Lilian. Nem um dos dois tinha plena certeza do que havia acontecido na noite anterior, mas, dado ao estado em que tudo se encontrava, conseguia ter uma breve ideia. Suas lembranças estavam bagunçadas e envolviam várias coisas desconexas.

— O que... — Lilian começou aturdida.

— Lilian... — Tiago chamou. — Nós... Não. Não é possível!

— O QUE DIABOS ACONTECEU ONTEM A NOITE? — Lilian disse quase gritando.

A noite passada era um borrão para ambos. Tiago se lembrava de ter encontrado com Lilian na rua e de terem ido a um bar. Ele se lembrava de parte da conversa, mas só do começo, o resto da noite era um grande emaranhado de memórias confusas, as coisas ele não conseguia encontrar uma ordem cronológica correta.

— Eu... nós... não... — Tiago sacudiu a cabeça em negativa mas aquilo fez com que ficasse tonto.

— Tiago, você tem noção do que aconteceu? — Lilian perguntou exasperada. — O Sev...

— Como pude me deixar levar? Burro, burro, BURRO!

— Por Merlin... Severo ficaria arrasado se soubesse. — Lilian falou passando as mãos nos cabelos. — Ele não pode saber disso nunca! — Lilian falou com os olhos arregalados, mas logo em seguida mudou de ideia. — Como esconder isso dele? É impossível!

— Severo nunca mais vai me perdoar. — Tiago falou e não pode evitar começar a chorar. — Qualquer chance que poderia haver, acabaram de ser extintas.

— Ei... — Lilian chamou o abraçando de lado. — Isso não é o fim do mundo.

— Como eu poderia esconder algo assim dele?

— Nós não podemos esconder isso dele. E nem vamos. Severo é meu melhor amigo, mesmo que esteja tão distante agora, ainda é meu melhor amigo. — Lilian começou a chorar também e os dois ficaram meio abraçados chorando por um tempo.

— O que vamos fazer, Lily? — Tiago perguntou, por fim.

— Precisamos pensar. — Lilian falou enxugando as lágrimas.

— Eu jamais vou beber novamente. Isso nunca teria acontecido se não tivesse ido até aquele maldito bar! Eu sou um completo idiota!

— Severo vai nos perdoar. — Lilian falou mas sua voz fraquejou. Ainda ainda conseguia acreditar que aquilo realmente havia acontecido. — Preciso que ele nos perdoe. Não sei se conseguiria viver feliz sabendo que ele me odeia.

— O que acha que sinto? Ele já me odeia, de qualquer forma.

— Não tenha tanta certeza. Um amor como onde vocês não se apaga tão facilmente. O que aconteceu noite passada é um nada causado pelo desespero e pela bebida. E não irá se repetir, eu não permitiria tal coisa.

Tiago não disse mais nada, seus olhos ainda estavam marejados, ele se levantou da cama enrolado em um lençol e saiu catando suas roupas pelo quarto e deixou Lilian só. Ela vestiu uma roupa limpa e saiu do quarto alguns minutos depois. Desceu as escadas e encontrou Tiago, que estava sentado no sofá, sem saber para onde olhar quando notou a presença de Lilian no recinto. Havia uma porção de lírios com raiz e tudo espalhados pela sala que nenhum dos dois tinha ideia de onde havia saído.

— Apesar de tudo, não podemos ignorar o que aconteceu, Tiago. — Lilian falou sentando-se na poltrona próxima do amigo.

— Nem temos certeza do que aconteceu de fato... — Aquilo era uma mentira e Tiago sabia muito bem.

Dias de um Passado EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora