Quando possibilidades aparecem.

1.5K 211 35
                                    

— Ei, Remo... — Sirius o chamou baixinho.

Já devia passar da meia-noite, Pedro ressonava baixinho na cama ao lado da de Tiago, e a cama de Tiago estava completamente vazia.

— O que? — A voz de Remo estava rouca.

— O Tiago sumiu.

— Ah, faça-me o favor, Sirius! — Remo falou e praguejou em seguida. — Ele deve estar com a namorada.

— Mas ele nunca saí sem avisar! — Sirius falou sentando-se na cama de Remo.

— Sirius, pelo amor de Merlin! — Sirius puxou um pouco a coberta de Remo e deitou-se na cama junto com o amigo. — O que está fazendo?

— Calado. — Sirius falou se aconchegando ao corpo do amigo. — Não é nada demais querer dormir com meu amigo. Você é quente. E está frio essa noite.

— Sirius... — Lupin começou mas foi interrompido.

— Shhh! Você queria dormir, não é. Agora vamos dormir. Não vou conseguir ficar naquela cama e olhando para o lado e ver a cama de Tiago vazia sem saber onde ele pode estar.

— Tinha a cama do Pedro. — Remo falou revirando os olhos.

— A sua estava mais perto. — Sirius falou e puxou a coberta até o pescoço. — Agora, calado.

Lupin riu e recebeu mais um "shhh" de Sirius. O amigo era completamente maluco e sem noção as vezes. Apesar que, ele deveria admitir, tinha gostado que Sirius resolvesse ir dormir com ele, embora fosse uma atitude incomum.

Se lhe perguntasse, Remo nunca iria admitir, mas ele gostava de Sirius muito mais do que um amigo deveria gostar. Ele sabia o quanto Sirius gostava de se gabar de todas as garotas com quem ficava, mesmo que nada daquilo significasse algo para ele, e Lupin não queria estragar a vida de Sirius, nem sua amizade, com uma bobagem como seus sentimentos estúpidos por ele. Sentimentos esses que nem deveriam existir, para começo de conversa.

Tiago estava novamente na Torre de Astronomia com Snape. A noite estava bela, não tanto quanto aquela outra, na noite de lua cheia, mas ainda assim, muitíssimo bela.

— Já estamos juntos há bastante tempo... — Tiago falou depois de beijar Severo pela provavelmente 30ª vez aquela noite. — Precisamos comemorar!

— Não sei se deveríamos...

— Ah, Morcegão! Qual é! Confesse que não acreditava que iríamos durar tanto tempo juntos!

— Tudo é possível!

— Sev...

— Tudo bem. Eu não achei que fossemos durar tanto, Pontas, afinal, somos nós. — Severo falou revirando os olhos. — Mas não acho que precisamos de fato fazer uma celebração. Não é grande coisa.

— Claro que é, Sev! — Tiago estava começando a ficar animado demais com aquela história e isso assustava Severo. — Não é todos os dias que se comemora cinco meses de namoro!

— Por que não deixa logo para quando completarmos 6 meses? Não, ainda melhor, quando fizermos um ano! — Severo falou em tom irônico.

— Ah, Morcegão! Deixa disso! Nós vamos comemorar e pronto! Já está decidido e nada do que você diga irá me fazer mudar de ideia! — Tiago falou fazendo birra como um garoto de cinco anos.

— Eu não vou. Não saio do dormitório. — Severo falou tão birrento quanto Tiago dez segundos antes.

— Está me desafiando, Severo Snape? — Tiago perguntou, os olhos brilhando na penumbra.

— Talvez...

— Esse talvez abre tantas possibilidades... — Tiago falou, um sorriso malicioso perpassava seus lábios.

— Nada de possibilidades! Já disse que não quero comemoração alguma!

— Mas, Morcegão...

— Sem mas nem meio mas! Pontas, podemos ser vistos!

— Você nem sabe o que eu pretendo!

— Tenho certeza que deve ser algo espalhafatoso!

— Ei! O que está querendo insinuar? — Tiago perguntou, fingindo estar ofendido.

— Você sabe muito bem!

— Quero ouvir de você!

— Me obrigue!

Tiago encarou o namorado e então o beijou. Quando o beijo estava começando a tomar novos caminhos, ele parou.

— Diga!

— Não!

— Sem papo, sem beijo. Esse foi o último, até que você me diga o que está insinuando.

— Por mim, tudo bem. Veremos quanto tempo você vai conseguir passar sem me beijar! — Severo falou, um sorriso malandro no rosto e uma sobrancelha erguida.

— Sempre duvidando de mim. — Tiago disse rindo.

Passaram mais alguns minutos naquela discussão boba, até que Tiago cedeu e beijou Severo e o assunto foi esquecido, e eles aproveitaram o resto da noite que tinham juntos sob a luz das estrelas.

— Me dê apenas uma dica, então. — Severo pediu manhoso, abraçado a Pontas.

— Hum... Ainda não pensei muito bem, mas será fora do Castelo, é claro. Estou cansado de só ficar aqui contigo.

— Mas como nós vamos sair do castelo sem sermos vistos?

— Eu tenho meus truques! — Tiago falou e puxou o Mapa do Maroto de dentro das vestes.

— O que é isso? — Severo perguntou curioso.

— Algo muito importante que os Marotos e eu fizemos. E muito útil.

— Isso é só um mapa de Hogwarts! — Severo falou enquanto olhava o mapa, pegou-o da mão de Tiago e analisou-o mais de perto. — Ei! Tem nossos nomes aqui. Que tipo de bruxaria é essa?

— Eu não vou contar. Você precisa merecer esse tipo de conhecimento.

— Quer dizer então que você e seus amiguinhos tem um mapa que mostra a localização de todos dentro do castelo?

— Aluno, funcionário, fantasma ou qualquer outra pessoa que apareça no castelo e nas suas imediações.

— Vocês são diabólicos! — Snape falou surpreso que aqueles grifinórios estúpidos não fossem tão estúpidos quanto ele pensava. — Se isso parar nas mãos do Filch...

— Mesmo que isso aconteça, não vai adiantar nada. Só um bruxo com uma varinha poderia ativar o mapa, e, caso você nunca tenha notado, o Filch não tem varinha, ainda não descobrimos bem o motivo, mas sabemos que ele não pode fazer magia. E mesmo que pudesse, ele é meio quadrado, precisa conhecer as palavras corretas para que o mapa possa ser ativado.

— E quais são elas?

— Já disse, esse tipo de conhecimento, você precisa merecer.

Snape fez bico e empurrou Pontas de leve, mas o grifinório o puxou mais para perto e o beijou novamente.

Do outro lado do castelo, na torre da Grifinória, Remo sentiu o braço de Sirius rodear seu corpo e se aninhar ainda mais a ele, enquanto ressonava baixinho. Remo não tinha conseguido mais dormir. Estar tão próximo de Sirius, tão intimamente, o estava deixando maluco!

Tudo bem que Sirius sempre demonstrava um pouco de afeto a Remo, mas nunca havia ficado assim tão próximo. E além disso, eles estavam sozinhos, na cama de Remo. Pedro estava dormindo e não acordaria nem se explodisse uma bomba de bosta do seu lado. Era verdade, Tiago e Sirius haviam feito aquilo com o pobre pedro no primeiro ano. Estar daquela forma com Sirius lhe causava uma sensação estranha, mas era muito boa ao mesmo tempo. Remo gostaria de conhecer uma magia que fizesse aquele momento durar para sempre. 

Dias de um Passado EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora