Quando as coisas começam a voltar ao normal.

748 87 4
                                    

 Desde que havia terminado com Severo, Tiago andava tentando seguir normalmente e não chorar sempre que o via nos corredores da escola. Ele pensou a contar aos amigos, mas, qual era o ponto de falar agora? Já estava tudo acabado de qualquer jeito.

O anel ainda vivia em seu bolso. Ele o carregava para todo canto, como um lembrança do que poderia ter sido, e, mesmo que Severo nunca o tenha visto, era como se pudesse carregar um pouco do ex-namorado consigo.

Ao longo dos dias, Tiago notou que Severo parecia um pouco mais contente. Ele sempre o via andando para todo canto com Lilian. Ficava feliz que ela tivesse ouvido-o e ido falar com Severo. Eles eram melhores amigos, por mais que Severo chamasse aqueles sonserinos de amigos, Tiago sabia que a única para quem ele se abriria de verdade era Lilian.

Quando estiveram juntos, Severo não falou muito sobre sua relação com Lilian, mas, pelo pouco que havia dito, Tiago tinha certeza de que ele sentia falta da garota, por mais que negasse aquilo como se sua vida dependesse disso.

Contudo, olhando para o resultado geral, era bom vê-lo feliz novamente, por mais que não fosse ele o motivo da felicidade de Severo. Tiago só queria poder encontrar uma forma de fazer Severo mudar de ideia e não se juntar aos Comensais. As coisas teriam sido tão mais fáceis. Mas, agora já era tarde demais para fazer qualquer coisa que fosse. Ele havia tomado uma decisão e precisava se contentar com ela.

Os outros Marotos, é claro, haviam notado que alguma coisa estava errada com Tiago, como amigos, sabiam que não adiantaria ficar insistindo se ele não quisesse falar, mas, isso não podia impedi-los de tentar animar Tiago e eles eram muito bons naquilo.

Logo chegou a lua cheia, e por mais que não fosse a época favorita de Remo, ele fez o possível para animar Pontas com aquilo, sabia o quanto o amigo costumava gostar daquelas noites.

A lua cheia veio e se foi quase tão rapidamente que nem se deram conta. Por mais desgastante que fosse, Remo tentava não parecer tão arrasado, apenas para poder animar o amigo.

Pontas sabia muito bem o que os amigos estavam fazendo, e agradecia muito pelos amigos que tinha, talvez não conseguisse passar por aquilo de forma tão tranquila, se não os tivesse. Tudo bem que ele ainda chorava no banho, mas, com o passar dos dias, aquilo ficava cada vez menos frequente. O anel já não ficava mais em seu bolso, havia colocado-o no fundo do malão. Aos poucos, estava começando a aprender a conviver com aquilo, por mais que jamais fosse deixar de amar Severo.

Numa manhã, na aula de Estudos Avançados de Poções, o professor Slughorn disse que fariam uma atividade em dupla, contudo, seria ele quem escolheria as duplas. E, claro, Tiago foi separado de Remo e foi colocado junto com Severo, que foi separado de Lilian.

— Ah, o Potter. — Severo falou em desdém.

— Oi para você também, Severo. — Tiago falou se sentando ao lado do sonserino.

— Por que você está nessa aula mesmo? Nem gosta de poções. — Severo perguntou, mas ainda sem dirigir o olhar para o Potter.

— Bem, você me convenceu a fazê-la, caso tenha se esquecido.

— Ah. Que pena.

— Bem, vamos começar?

— Claro. — Severo respondeu friamente.

Aquela era a primeira vez que Tiago via Severo trabalhar com poções, sempre havia o observado de longe, e ele parecia entender muito daquilo. Ele abriu o livro de poções e Tiago notou que estava cheio de rabiscos e anotações feitas com a letra comprida de Severo.

Quando tentou se aproximar mais um pouco para ler as anotações que ele havia feito, Severo fechou o livro.

— Acredito que tenha o seu próprio livro, Potter.

— Tudo bem. — Tiago falou suspirando.

Conforme a aula ia passando, Tiago mais observava do que ajudava. Severo sempre tomava a frente de tudo e fazia sozinho, usando a desculpa de que Tiago não sabia fazer nada direito. O professor Horácio fingia não notar que era Severo quem estava fazendo tudo, sabia o quanto o sonserino era bom em poções e preferia não se colocar no caminho.

Severo era provavelmente o melhor aluno de poções que Slughorn já havia ensinado em todos os seus anos como professor, era quase como se não precisasse ensinar nada para ele, mas Horácio nunca diria aquilo, obviamente iria ficar com o crédito das habilidades de Snape.

No fim da aula, os dois haviam concluído a atividade com maior perfeição, embora aquilo, é claro, fosse obra de Severo, Tiago em praticamente nada havia ajudado, porém, havia sido bom poder ficar ao lado de Severo por tanto tempo, mesmo que Severo o odiasse e evitasse ao máximo lhe dirigir a palavra, fazendo-o apenas quando era extremamente necessário.

Ainda doía, e talvez a dor de não ficar com o homem que amava sempre fosse existir. Mesmo que encontrasse outro alguém, Tiago sentia que nunca mais seria capaz de amar alguém daquela forma novamente. E, mesmo que seu corpo deixasse de existir, sua alma seguiria, e ela também seguiria amando Severo, onde quer que fosse parar. 

Dias de um Passado EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora