Quando nos encontramos novamente.

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 Severo estava completamente infeliz em sua casa. Era sempre um grande tédio. Nem mesmo as cartas de Tiago estavam sendo o suficiente para animá-lo. Apesar de que, vez ou outra ele saia com o Malfoy e os outros, era sempre para praticar Magia das Trevas, e até mesmo aquilo, que sempre pareceu interessante a Snape, havia se tornado enfadonho.

Ele queria mudar um pouco, fazer algo novo, diferente. A ideia de sair com Tiago estava se tornando cada vez mais convidativa, apesar do risco que iriam correr. Quer dizer, eles poderiam ir para o mundo dos trouxas e fazerem coisas de trouxas, chamaria bem menos atenção, mas Severo não conseguia dizer se estava tão desesperado assim.

Uma tarde, Severo recebeu uma carta de Tiago, e, surpreendentemente, ela era bastante curta:

"Caro Morcegão,

Já não aguento mais de saudades suas e PRECISO te ver assim que for possível. Nem que seja apenas só te ver. Eu poderia ir na sua casa, ou poderíamos nos encontrar em algum lugar de sua preferência. Não sei, mas preciso vê-lo, por favor.

Aguardo muitoooo ansiosamente a sua resposta!

Daquele que te ama muito e que anseia por te encontrar.

Pontas"

A coruja ainda ficou o resto do dia dentro do quarto de Snape, ela era bastante comportada, para sua sorte. Severo não sabia como responder. Andou de um lado para o outro dentro do quarto escuro, tentando encontrar uma resposta, mas nada vinha.

Depois de muito pensar, lembrou-se do parque antigo que havia não muito longe dali e que estava abandonado, contudo, afastado o suficiente para que pudessem ter certa privacidade. Pegou um pedaço de pergaminho e rabiscou uma resposta breve para Tiago, contendo o endereço, assim como o dia e hora marcados.

Tiago não mandou mais nenhuma carta até que o dia em questão chegasse. Quase sem perceber, Severo tinha ficado bastante ansioso pela visita de Tiago, por mais que tentasse convencer a si mesmo de que não era nada demais, já havia se passado bastante tempo desde que haviam se despedido na plataforma.

Muito antes do horário que haviam combinado, Severo já estava pronto. Seus pais sequer notaram quando ele saiu de casa, eles nunca se importaram o suficiente, de qualquer forma. Sua mãe sempre foi a melhor dos dois, mas, várias vezes se deixava levar pelas ideias do pai e deixava a vida de Snape um pouco mais difícil.

Ele chegou mais cedo no lugar, muito antes do horário combinado, e, talvez não tão surpreendentemente assim, Tiago já estava lá.

— Parece que ambos tivemos a mesma ideia, Pontas. — Severo falou, com um meio sorriso, enquanto chamava a atenção do outro que estava distraído olhando a paisagem ao redor.

— É, realmente, muito bom te ver, Morcegão. — Tiago falou com um sorriso de orelha a orelha.

Os dois ficaram se encarando por algum tempo, até que Tiago deu o primeiro passo e puxou Snape para um abraço apertado.

— Não sabe como senti sua falta. — Pontas falou, sussurrando baixinho no ouvido de Snape.

— Posso dizer o mesmo. — Severo falou e deu um beijinho no pescoço de Tiago.

— Posso te beijar? Ou seria perigoso demais? — Tiago perguntou e olhou ao redor.

— Pode me beijar. — Snape falou sorrindo. Ainda poderiam ser vistos pelos vizinhos de Severo, mas, àquela altura, ele já não se importava mais com o que fossem pensar a respeito dele.

O beijo foi lento e demorado. Nenhum dos dois parecia ter pressa alguma de acabar com ele e respiravam tranquilamente. Mas, depois de algum tempo, Severo, muito relutantemente, cortou o beijo, mas, entrelaçou seus dedos aos de Tiago e caminhou com ele, até os velhos balanços e sentaram um do lado do outro.

— Por que aqui? — Tiago perguntou.

— É bem perto de onde moro.

— Você mora neste lugar? — Tiago perguntou parecendo bastante surpreso.

— Sim. — Severo falou, não estava envergonhado, mas também não tinha orgulho daquele lugar. — Culpa do meu estúpido pai trouxa.

— Seu pai é trouxa? Essa é novidade.

— Não é como se eu me orgulhasse disso. — Severo falou em desdém.

— Acho bem irônico que esteja na Sonserina, achei que só aceitassem sangues puro.

— Não há mais tantos sangues puro, muitos dos alunos da Sonserina são mestiços, não que a maioria deles vá admitir isso.

— Isso é novidade.

— Há bem mais sobre a Sonserina do que você possa imaginar.

— Tenho visto...

— Mas, não acho que tenha vindo aqui para falar sobre a escola ou sobre meu maldito pai trouxa.

— Por que o odeia tanto?

— Tiago, não quero falar sobre isso, por favor.

— Desculpe.

— Não, tudo bem. — Severo apertou seus dedos entre os de Tiago. — Só... prefiro não falar sobre isso.

— Podemos falar sobre outra coisa. — Tiago deu de ombros. — Sabia que o Sirius foi expulso de casa? Sei que não gosta dele, mas talvez esse seja o tipo de coisa que você possa gostar.

— O que aconteceu? — Severe perguntou esboçando um sorriso maléfico.

— Não sei se chegou a ver, mas Sirius fez um pequeno showzinho com Remo na plataforma, bem na frente dos pais dele.

— O Black sempre se exibindo, acho bem feito. No lugar dos pais dele, eu teria feito o mesmo. Imagine só! Meu filho, além de já ter causado uma grande vergonha para família indo para a Grifinória, ainda inventa de se relacionar com homem!

— Vê a ironia nessa situação? — Tiago falou rindo.

— Não há ironia alguma!

— Claro, claro. — Tiago falou, ainda rindo e puxou seu balanço mais para o lado e beijou Severo.

Os dois passaram o restante da tarde ali, conversando, trocando beijos, ou apenas deitados na grama de mãos dadas olhando o céu. Nenhum dos dois pareceu se importar quando a noite chegou e eles ainda estavam ali, observando as estrelas surgirem. Nenhum dos dois parecia estar com vontade de partir. E não queriam, ambos gostariam de poder permanecer ali, naquela quietude por muito mais tempo. Mas, era chegada a hora de partir. 

Dias de um Passado EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora