Quando o inverno bate à porta.

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Mais cedo naquele dia, uma confusão havia rolado entre alguns alunos. Como muitas coisas que aconteciam na escola, assim que o burburinho começou, pensaram ser coisa dos Marotos, mas, não era, nem de longe.

Alguns alunos da sonserina, Avery e Mulciber, haviam sido pegos torturando alguns primeiranistas. Aquilo, obviamente, era uma infração grave, ainda mais que, envolvia Magia das Trevas, o que era terminante proibido.

O diretor Dumbledore estava exasperado tentando entrar em contato com a família dos sonserinos, enquanto, ao mesmo tempo, lidava com a Madame Pomfrey que não conseguia auxiliar os garotos.

No meio disso tudo, estava o burburinho que voava pela escola, cheio de versões e falsas testemunhas, cada um falando uma coisa e afirmando ter certeza de outras tantas.

Por fim, no jantar, o prof. Dumbledore deu um pequeno discurso, contando o que realmente havia acontecido e notificando que, os jovens já haviam sido devidamente tratados e estavam no St. Mungos recebendo um tratamento mais adequado do que o que a Madame Pomfrey poderia oferecer e que os responsáveis pelo ato, Avery e Mulciber, estariam sendo devidamente punidos pelo acontecido.

Apesar de o diretor ter acalmado a todos e esclarecido todos os fatos, aquilo não significava que Tiago havia ficado menos irritado com aquela situação, afinal, os dois sonserinos em questão eram amigos de Severo.

Ao fim do jantar, Severo saiu sozinho do salão comunal e, foi seguido por Tiago. Quando já estava num corredor mais vazio, Tiago acelerou o passo e o abordou. Severo, é claro, tomou um grande susto.

— Quem... — Ele se virou e viu Tiago. — Ah, é você Pontas.

— Precisamos conversar, Severo.

O sonserino estranhou aquilo, ele nunca ia falar com ele sem antes avisar e seu tom era sério. Alguma coisa estava errada. Os dois entraram na primeira sala de aula que encontraram aberta. Tiago entrou primeiro e Severo fechou a porta atrás de si.

— Então, o que há de tão importante para falar que não pode nem mandar um bilhete antes? — Severo perguntou encarando o namorado.

— O que aconteceu hoje, aqueles sonserinos... — Tiago começou.

— Pontas...

— Não, Severo, deixe-me falar. — Tiago falou, estava soando cada vez mais irritado. — Eu não gostei nem um pouco do que aconteceu ainda mais sabendo que eles andam contigo! O que eles fizeram é completamente errado! É perverso! Aqueles garotos deveriam ser expulsos!

— Pontas, eu...

— Severo, não consigo imaginar como você consegue sequer conviver com aquele bando de loucos psicopatas!

Snape encarava Tiago completamente irritado.

— Não fale assim dos meus amigos! — Dizia ele. — Eu sempre faço o possível para não ofender aquele biltre arrogante do Sirius Black quando estou com você, então é justo que faça o mesmo sobre meus amigos!

— Amigos? Aqueles são os que você realmente considera seus amigos?! Sev, eles utilizaram Magia das Trevas em crianças!

— Eles estavam brincando... — Severo disse tentando explicar.

— Brincando? — Perguntou Tiago com uma expressão incrédula. — Parece que a ideia que Avery e Mulciber fazem do que seja brincadeira é completamente maligna, não é?!

— Não muito diferente do que você e seus amiguinhos fazem!

— Podemos passar dos limites as vezes, mas nunca utilizaríamos Magia Negra! — Rebateu Tiago. Então suspirou e se aproximou de Severo. — Amor, por favor, se afaste deles. Não gosto de pensar que você anda com pessoas assim.

— São apenas meus amigos, e eu não vou me afastar deles, Pontas. Eles são legais, você não os conhece como eu, mas, assim como seus amigos só passam do limite as vezes também...

Tiago suspirou e assentiu, sem parecer convencido.

— Tudo bem... faça como quiser. — Suspirou novamente. — Acho melhor eu voltar para Torre da Grifinória, Sirius já está desconfiando que estou namorando alguém, e ele não está nada contente por eu esconder quem é a pessoa...

Snape abraçou Tiago pela cintura enterrando o rosto em seu pescoço.

— Então... por que não contamos a ele? — Perguntou Snape. — Quero dizer... ele é seu melhor amigo, vai saber manter o segredo.

— Não. Definitivamente não. — Por mais que quisesse assumir o relacionamento com Severo, e mesmo que Sirius mantivesse o segredo, iria importunar Severo o tempo inteiro.

Snape se afastou franzindo o cenho.

— Por que não? Eu sei que ele não vai com a minha cara, que nenhum dos seus amigos gostam de mim, mas acho que se você disser que me ama ele vai entender...

Tiago se afastou. Não sabia como explicar aquilo ao namorado, Sirius era complicado e impulsivo demais. Remo talvez fosse o único que entendesse por completo, e Pedro, bem, Pedro aceitaria qualquer coisa que Tiago dissesse, mas, ao mesmo tempo, ainda tinha um pouco de medo de Sirius, e o Almofadinhas conseguia ser bastante persuasivo quando queria.

— Eu já disse que não, Sev. Não insista.

— Mas por quê? — Insistiu Snape, claramente frustrado. — Estamos juntos a quase um ano e meio, uma hora ele vai descobrir. Não podemos esconder de todos para sempre, Pontas.

— Não. Ninguém vai descobrir, muito menos meus amigos! — Tiago falou um tanto irritado, mas logo abrandou o tom. — As pessoas não entenderiam, Morcegão... Não podemos contar a ninguém.

— Mas não há razão para esconder isso para sempre. Nós nos gostamos e as pessoas vão ter que entender... Elas não falam nada do Black e do Lupin! — Falou, mas sabia que não convenceria Tiago com aquilo. — Então por que não quer contar? O que você teme exatamente? Por um acaso... você tem vergonha que as pessoas saibam que seu namorado sou eu?

Tiago arregalou os olhos.

— Não! Claro que não, meu amor! Eu nunca me envergonharia de você! — Ele segurou o rosto de Snape e o beijou brevemente. — Só não quero que eles saibam agora. E seus "amigos" também não vão gostar de saber, por isso acho que não é o momento certo. E também há outro motivos que... bem, não são importantes. — Ele se afastou rapidamente. — Preciso ir. Nos vemos amanhã.

Então ele se virou e saiu da sala antes que Snape tivesse tempo de abrir a boca para argumentar, deixando Severo completamente sozinho naquela sala vazia, apenas com seus pensamentos.

Aquilo era difícil para Severo, aquela distância e, de certa forma, repulsa, de Tiago, ele não era assim. Desde que haviam se tornado amigos, quase três anos antes, Pontas nunca o tratava daquela forma. Era sempre tão divertido e engraçado e romântico! Além do que, sempre tentava ao máximo ouvir o lado de Severo e entendê-lo, ponderava o ponto de vista dele, e agora, isso! Toda essa coisa sem explicações e tão mandatórias!

Severo não conseguia entender o que estava acontecendo com o namorado, contudo, não queria que aquele fosse o fim de seu relacionamento. Não queria que Tiago o deixasse, justo agora, quando ele mais precisava ficar ao lado do namorado. 

Dias de um Passado EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora