Quando temos aquela maldita tristeza de verão.

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 Acabaram por ficar no carro se beijando, fazendo amor e conversando até que o sol começasse a surgir, do outro lado da cidade e só então saíram do lugar onde haviam estacionado e Tiago levou Severo para casa.

— Espero que não fique encrencado por isso. — Severo falou quando Tiago parou no mesmo lugar onde o havia pego.

— Vale a pena um castigo, se o motivo tiver sido você. — Tiago disse sorrindo e deu um selinho no namorado.

— Ei. — Severo o chamou. — Me beije intensamente antes que você vá.

E Tiago o fez. Todo o amor que sentia por Severo estava explícito naquele beijo. Custou a separar seus lábios do outro, não queria que aquele momento acabasse nunca.

Nenhum dos dois disse mais nada, não precisavam dizer. Severo saiu do Ford Anglia azul de Tiago e acenou enquanto o namorado olhava para trás e partia.

Severo caminhou para casa lentamente. Ainda podia sentir a pressão dos lábios de Tiago contra os seus, e, caramba! A noite havia sido a melhor de todo o verão! O sonserino nunca imaginou que alguma vez em toda a sua vida seria capaz de ficar tão contente simplesmente por estar com alguém.

Ele estava completa e perdidamente apaixonado pelo exibido do Tiago Potter e as vezes aquilo tudo parecia um sonho maluco e maravilhoso em que a qualquer momento alguém o acordaria e tudo voltaria a merda de antes. E, se aquilo fosse um sonho, Severo pensou consigo mesmo, estuporaria o filho da puta que o acordasse. Se fosse um sonho, queria viver nele pelo resto da vida. Não queria que seu tempo com Tiago acabasse, sempre queria poder ficar mais com ele, nunca era suficiente, e talvez nunca fosse.

Severo riu, pensando em como ele poderia se arrepender daquilo se algum dia viesse a se casar com Tiago. O grifinório conseguia ser bem irritante quando queria, e, irritar Severo parecia ser seu maior objetivo na vida.

Quando estava chegando em casa, viu que seu pai estava saindo para o trabalho, ótimo, não queria ter que lidar com ele, mas, naquele instante, o sorriso de Severo desapareceu. O homem passou por Severo, balançou a cabeça em negativa e então foi embora, sem dizer uma única palavra.

Entrou em casa, sua mãe estava sentada no sofá com um cigarro nos lábios. Severo não saberia dizer quando ela havia começado a fumar, mas, não seria ele quem iria impedi-la.

— Onde você esteve? — Ela perguntou, sem se virar para ele.

— Saí com um amigo. — Severo respondeu e começou a caminhar para seu quarto.

— Ainda estou falando com você, Severo. — A mulher falou e ele parou. — Deveria ter avisado.

— Achei que não se importasse com o que eu faço.

— E você ainda vive sob o meu teto.

— Desculpe-me. — Severo falou sarcasticamente.

— Severo, querido, sente-se aqui, por favor. — A mãe conseguia mudar de raiva fulminante para uma mãe genuinamente preocupada em milésimos de segundos.

Ele caminhou quase lentamente demais até onde a mãe estava e sentou-se o mais distante que o pequeno sofá permitia, mas, aquilo não adiantou de nada, já que a bruxa se aproximou mais de Severo e o abraçou pelos ombros.

— Sei que você tem a sua vida e seus amigos, mas ainda sou a sua mãe, querido. Sabe que me importo com você.

— Não é exatamente o que parece. — Severo disse revirando os olhos.

— Entendo que pode estar passando por uma fase um pouco complicada, mas quero que saiba que estou aqui para o que precisar, certo?

Severo não respondeu. Tinha algumas memórias bastantes confusas de sua mãe durante a infância, algumas, ela era uma mulher perversa e que deixava o marido fazê-lo de gato e sapato; em outras ela era carinhosa e cuidava de Severo como se fosse um bebê, mesmo que ele já tivesse lá seus cinco/seis anos de idade.

— Os vizinhos estavam falando algumas coisas sobre você.

Severo já tinha uma ideia do que viria a seguir, mas, na realidade, não se importava com qual fosse o resultado, não negaria nada do que tinha com Tiago. Não tinha vergonha do seu amor pelo grifinório.

— E daí? — Severo deu de ombros.

— Olha, você já é crescido o suficiente para tomar as suas próprias decisões e é um tremendo cabeça dura, não tenho intenção de tentar te fazer mudar de ideia nem nada do tipo, mas, acho que deveria ser um pouco mais cauteloso.

— E se eu não quiser?

— Então não poderá reclamar se seu pai quiser interferir, você sabe como ele é.

— Você é uma bruxa, poderia impedi-lo!

— Sabe que ele não gosta que use magia em casa! Você sabe como ele fica irritado com isso!

— Bem, esse não é um problema meu, mãe. — Severo praticamente cuspiu a palavra e levantou-se do sofá.

Bateu a porta do quarto ao entrar e se jogou na cama e não pode conter as lágrimas que vieram a seguir. Seu humor, que antes estava tão ótimo pela noite com Pontas, agora havia sido arruinado completamente.

A despeito dos chamados de sua mãe, Severo ignorou-a durante todo o dia e passou a maior parte do tempo cochilando e tentando não chorar.

No fim da tarde, uma coruja apareceu em sua janela, pensou ser o Malfoy convidando-o para ir até a Mansão, mas era apenas um bilhete de Tiago falando como o dia havia sido maravilhoso e como já estava morrendo de saudades do seu Morcegão. Severo sorriu ao ler, mas junto com o sorriso, vieram as lágrimas, mais incontroláveis do que nunca.

O que restava do verão foi difícil de lidar. Sua mãe não parava de pegar no seu pé e o pai o ignorava completamente, o que para Severo era um alívio. Não voltou mais a mansão dos Malfoy, Lúcio estava em alguma viagem para o exterior com o pai e só voltaria quando já estivesse próximo do início do ano letivo.

Mesmo nunca tendo sido tão próximos, Severo acabou saindo com Narcisa um par de vezes, apenas para matar o tempo, e, a garota era legal, de qualquer forma. Ela era bem calada, na verdade, e Severo adorava aquilo nela. Tinha certeza que se Bellatrix houvesse ido, ele teria um surto pois a bruxa falava demais e parecia histérica em alguns momentos, e aquilo irritava Severo imensamente. Narcisa era a companhia perfeita.

E, ao sair com Narcisa, estando de volta ao mundo bruxo, foi quando o nome dele foi dito pela primeira vez: Lord Voldemort. Ele havia finalmente dado as caras e estava reunindo seguidores. Quando soube daquilo, Severo teve plena certeza dos motivos dessa recente viagem dos Malfoy. Era bem evidente que eles iriam até o Lorde das Trevas dar-lhe total apoio. E, Severo é claro, mal podia esperar para fazer o mesmo. Narcisa, é claro, estava receosa, mas, amava Lúcio e faria de tudo para agradá-lo, o casamento dos dois já estava até marcado e ela não poderia estar mais feliz.

Tiago, por mais que sentisse falta de Severo, conseguia matar bastante o tempo com os amigos. Como já estava no fim das férias, todos os Marotos estavam reunidos na casa de Tiago e, sempre havia tanto a fazer que Severo acabou ficando escondido num cantinho de sua mente. Mas, mesmo assim, quando ia dormir, Severo era a última coisa em que Tiago pensava ao pegar no sono, e a primeira que se lembrava ao acordar. 

Dias de um Passado EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora