Quando profecias são reveladas.

757 70 3
                                    

 Num fim de tarde qualquer, Severo estava no Cabeça de Javali. Havia um bom tempo que não ia até Hogsmeade,na verdade, não ia ali desde que havia saído de Hogwarts, e aquilo parecia ter acontecido um milhão de anos antes, quase já havia se esquecido de seu romancezinho bobo com o Potter.

Olhando em retrospecto, ele havia feito bem em terminar, eram inimigos agora, o Potter lutava contra o Lorde das Trevas, mesmo que aquilo fosse obviamente um esforço inútil. Bem, até algum tempo atrás parecia um esforço inútil, outros Comensais pareciam estar ficando desacreditados, tanto tempo lutando e quase nenhum resultado. Severo tentava se manter fiel ao Lorde, mas, seus objetivos estavam cada vez mais nebulosos, era como se eles estivesse ficando paranóico.

Ainda assim, Severo não tinha planos de abandonar o Lorde das Trevas, ele o mataria se fizesse, sem contar que, ali, entre os Comensais da Morte, Severo tinha uma certa importância e sentia-se útil. E, não por menos estava ali a serviço do Lorde das Trevas. O Lorde não havia sido muito específico, ele dificilmente era naquele tipo de missão, apenas havia pedido para que fosse até o Cabeça de Javali e que, quando estivesse no bar, saberia o que fazer.

Severo não gostava daquilo, mas, precisava obedecer. Ele usava um sobretudo com capuz negro que ocultava parte do seu rosto, não queria ser reconhecido e esperava que aquilo não acontecesse, a depender de quem entrasse no bar, as coisas poderiam ficar bastante complicadas para Severo. Sentou-se em uma mesa um pouco afastada e pediu um uísque de fogo que não tinha a menor intenção de tomar.

Algum tempo mais tarde, depois de ter fingido beber algumas doses do uísque, não poderia beber de fato já que estava a serviço do Lorde, viu Dumbledore entrar no bar com uma bruxa baixinha e de cabelos desgrenhados. Era Sibila Trelawney. Severo já tinha ouvido falar dela, mas não entendi o que Dumbledore poderia querer com ela, já que ela tinha a fama de charlatã. Mas, era de Dumbledore que estavam falando, e, o até então diretor de Hogwarts costumava tomar algumas atitudes bastante estranhas.

O diretor pediu bebidas para ele e para a mulher e então começou o que parecia ser uma entrevista de emprego, para o cargo de professora de Adivinhação, Severo supôs pelo andar da conversa. De onde estava, não conseguia ouvir com exatidão tudo o que diziam, mas, conseguia pegar o assunto geral. Poderia usar alguma magia, mas Dumbledore poderia perceber e assim ele entregaria sua posição como espião.

Os dois levaram muito tempo falando sobre besteiras que a nada interessavam a Severo, mas, mesmo assim, ele continuou a prestar atenção na conversa, já que sempre poderiam dizer alguma coisa que pudesse vir a ser do interesse do Lorde das Trevas.

Eis que, no meio da entrevista, Sibila parou de falar subitamente e então agarrou a mão de Dumbledore, apertando-a com força e o encarando com os olhos arregalados, totalmente vidrados, encarando o nada. Quando ela abriu a boca, sua voz estava estranha e um pouco mais alta do que antes. Ela estava tendo uma visão, uma visão verdadeira.

— Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima... Nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês...

E então, antes que Severo pudesse fazer algo, o dono do bar o puxou pelo colarinho e começou a arrastá-lo para fora.

— Não é bem-vindo aqui, Comensal. — Aberforth falou em tom sério. — Vamos, não adianta resistir. Não gosto da sua presença em meu bar.

Severo não apresentou resistência, seria inútil, e, ao mesmo tempo, não queria chamar a atenção de Dumbledore para si. Se o professor visse que ele estava ali, poderia querer enfrentá-lo ou "conversar", e Snape não estava nem um pouco a fim de ouvir qualquer coisa que Dumbledore tivesse para dizer.

Qualquer um em sã consciência temeria fazer algo daquilo, afrontar um Comensal era quase como afrontar o próprio Lorde das Trevas, mas Aberforth não se importava muito com aquilo. O bar era dele, as regras eram dele e ele colocaria para fora qualquer outro Comensal que aparecesse.

— Não ouse aparecer aqui novamente. — Aberforth falou ríspido e bateu a porta do bar, deixando Severo ali fora.

Snape foi jogado na sarjeta, felizmente a rua estava coberta de neve e a sua queda foi amaciada, porém no meio daquela pequena confusão, ele não conseguiu ouvir a profecia inteira. Não hesitou em aparatar para um lugar mais seguro, antes que Dumbledore viesse pessoalmente confrontá-lo.

Partiu em busca do Lorde Voldemort, mas não precisou de muito para encontrá-lo. Sentiu a Marca Negra queimar em seu braço e a presença do Lorde se fez diante de Severo. Algo que Severo jamais poderia negar, era o quão imponente o Lorde das Trevas era. Sua presença era forte e ele chamaria atenção em qualquer lugar, não apenas pela sua aparência que se diferenciava dos outros bruxos, mas a sua aura gritava por atenção quando ele aparecia em qualquer lugar.

— E então? — Ele perguntou, sem cerimônias.

— Dumbledore estava lá. — Severo começou.

— E quem mais? — O Lorde parecia começar a demonstrar um interesse maior no que Severo tinha a dizer.

— Sibila Trelawney. — Severo falou e o Lorde assentiu para que ele continuasse falando. — Era uma entrevista de emprego, mas no meio da entrevista ela teve uma visão.

— E o que ela disse? — O Lorde agora olhava Severo fixamente, querendo absorver cada uma das palavras que ele estava prestes a dizer, cada vez se aproximando cada vez mais dele.

"Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima... Nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês..." Foi tudo o que consegui ouvir, milord.

— O que houve, Severo? — O Lorde perguntou parecendo decepcionado.

— O dono do bar me viu e pediu que me retirasse. Não quis insistir para evitar confusões e acabar chamando a atenção de Dumbledore.

— Você me serviu bem, Severo. — Voldemort falou com sua voz sibilante e com um meio sorriso nos lábios. — Agora preciso descobrir de quem essa profecia fala. Chame o Conselho.

Mal havia acabado de falar e o Lorde das Trevas desapareceu novamente, deixando Severo sozinho. Gostaria de poder saber de quem a profecia falava, assim poderia ganhar ainda mais o apreço do Lorde. Mas, é claro que ele ajudaria a descobrir. Mas, o Lorde havia dito para convocar o Conselho, e era aquilo que Severo deveria fazer. 

Dias de um Passado EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora