Quando saímos para dar uma volta.

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 Como no céu não havia trânsito, chegaram em Londres antes das 19h e pegaram a sessão que estaria passando num cinema que Tiago gostava. Severo não sabia qual era o filme e nem mesmo conseguiu se concentrar na tela. Tudo o que conseguia pensar era em seus dedos entrelaçados aos do namorado e no quanto queria beijá-lo.

Tiago por outro lado, parecia bem concentrado enquanto acabava com o balde de pipoca que haviam comprado na entrada. Por alguns instantes, Severo teve a impressão de que ele parecia haver esquecido de que estava ali. Mas, Tiago estava tão ansioso quanto Severo, mas, sempre que olhava para Severo, ele estava com os olhos grudados na tela, e não quis atrapalhar.

Até que, lá pela metade do filme, quando Tiago acabava com os doces que havia comprado, já que a pipoca havia acabado havia muito tempo, o grifinório foi pego de surpresa com o súbito contato dos lábios de Severo nos seus.

As poltronas ao lado de ambos estavam vazias, assim como a maioria das poltronas daquela sala, assim, eles tinham uma certa "privacidade". O beijo de Tiago tinha gosto de chocolate e era tão lento quanto saboroso. O sonserino deixou seus dedos correrem por dentro da camisa de Tiago, acariciando o abdômen do namorado.

Ficaram naquela durante o restante do filme inteiro, as vezes paravam apenas para cochichar entre si e então voltar aos beijos. Sequer viram o tempo passar e, quando finalmente se deram conta, foi quando as luzes se acenderam novamente e até mesmo os créditos já haviam terminado.

Saíram da sala e do cinema e voltaram ao Ford, que Tiago havia estacionado não muito longe dali. Não voltaram a voar com ele. Seguiram pelas ruas trouxas, o sol ainda brilhando no céu, ainda haviam algumas poucas horas até o crepúsculo. Tiago dirigia pela rua como se as conhecesse perfeitamente, e talvez o conhecesse.

— O que faremos agora? — Severo perguntou enquanto via os prédios passaram.

— Talvez pudéssemos ir a um shopping.

— Aqueles lugares cheio de trouxas?

— Bem, tecnicamente vivemos num lugar cheio de trouxas. — Tiago falou dando de ombros. — Mas, vai ser divertido. Eu prometo.

— Pontas...

— Qual é, Sev, confia em mim!

— Acho que vou ter que começar a dar um limite a essa confiança.

— Vai dizer que não gosto do cinema?

— Bem, foi, interessante. Mesmo que eu não tenha ideia do que tenha passado.

— Achei que estivesse concentrado no filme.

— Bem, não estava. Não tenho tanto... apreço, por coisas trouxas quanto você.

— Esse carro foi feito por trouxas. — Tiago falou erguendo uma sobrancelha. — E não vi você reclamar sobre ele.

— Se eu tivesse reclamado, faria você largá-lo num beco qualquer e sairmos de outra forma?

— Bem, não. Mas, só porque seria bem complicado explicar como um carro enfeitiçado foi parar ali, e com certeza nos descobririam.

— Com medo de correr riscos, Potter? — Severo falou com um meio sorriso nos lábios a sobrancelha erguida em curiosidade.

— O que acha que estou fazendo agora?

Severo não respondeu, afinal, haviam chegado ao tal shopping. Tiago estacionou e os dois saíram caminhando pelo estacionamento. Queria poder andar de mãos dadas com o namorado, mas, Tiago não havia tomado a iniciativa como sempre fazia, e Severo achou melhor não fazê-lo, talvez os trouxas pudessem achar estranho demais aquilo. O que mais queriam naquele momento era passar despercebidos.

Dias de um Passado EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora