—O que você está fazendo acordada?
Eu não gritei nessa hora porque tenho muitos anos de treinamento e não gostaria de acordar dois irmãos e uma mãe rabugentos. Viver com três garotos mais velhos em casa significa que sou o alvo de vários sustos.
Mas a pergunta de Jacob é boa. O que estou fazendo acordada cinco e meia da manhã? Realmente não sei responde. Talvez não esteja pensando como um ser humano funcional, já que são cinco e meia e ninguém funciona antes das onze, mas a resposta lógica seria: treino.
—Poderia te perguntar a mesma coisa, Jacob.
Ele revira os olhos me entregando uma maça, mas antes de conseguir pega-la a maçã sai de minha visão parando na boca de meu irmão novamente com um sorriso irritante. Típico.
—Mas sério. O que está fazendo acordada?
—Não é um pouco óbvio? —Aponto para minhas roupas de treino.
—Vai ver você decidiu virar uma stripper que se veste de jeito estranho—Jacob ri voltando à cozinha para fazer o que seja que estava fazendo.
Jacob tem um ar misterioso. Às vezes aparece nos horários mais aleatórios fazendo coisas aleatórias. Já o encontramos na porta de uma igreja conversando com um padre como se fossem melhores amigos e logo em seguida o deixamos em um barzinho.
Ontem, Ashley me mandou os horários por mensagem e só de pensar neles minha cabeça dói. Meu dia está cheio: correr, pilates, ginástica e no meio de tudo isso, vou patinar a cada minuto vago. Ainda por cima, é o primeiro dia de aula, ou seja, primeiro dia de uma longa tortura. Digo adeus para Jacob que apenas bagunça meu rabo de cavalo e me deseja boa sorte.
Saio de casa e a brisa bate em meu rosto. Coloco os fones de ouvido e a primeira música que toca é Highway to Hell. Reviro os olhos passando para a próxima música. Bryan adora colocar músicas em minha playlist para "elevar meu gosto musical". Começo a correr e sinto meus músculos ardendo, a doce dor do sucesso.
Chego na escola e encontro Kate na porta do prédio, tiro meus fones de ouvido e a ouço falar:
—Eu estou tão animada! —ela diz enquanto vamos para a recepcionista.
Eu não sei se posso dizer a mesma coisa. Ainda tenho um receio. E se não voltar ao normal? Ou piorar a minha situação?
—É o seu primeiro treino? Você não treinava antes? —pergunto.
—E eu ia treinar como? Sozinha? Muito solitário —Rimos juntas e passamos o cartão na catraca indo para os vestiários.
Acho um armário vermelho e começo a colocar meus remédios, sprays, roupas extras, fitas e mais fitas. Me sinto na minha antiga rotina. Às vezes se sentir normal é a melhor coisa do mundo. Apenas ser mais um personagem em um filme. Ter alguém para dizer que você não está sozinho.
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Coração de Gelo
RomanceSydney Parker nunca ficou no topo do mundo. Sempre com suas roupas largas, o cabelo escondendo o rosto e a língua afiada afastando qualquer contato. A única coisa que a faz feliz é patinar. Mudar de escola não vai ser exatamente sua grande chance. V...