- 2 -

7.2K 595 316
                                    

—O que você está fazendo acordada?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

—O que você está fazendo acordada?

Eu não gritei nessa hora porque tenho muitos anos de treinamento e não gostaria de acordar dois irmãos e uma mãe rabugentos. Viver com três garotos mais velhos em casa significa que sou o alvo de vários sustos.

Mas a pergunta de Jacob é boa. O que estou fazendo acordada cinco e meia da manhã? Realmente não sei responde. Talvez não esteja pensando como um ser humano funcional, já que são cinco e meia e ninguém funciona antes das onze, mas a resposta lógica seria: treino.

—Poderia te perguntar a mesma coisa, Jacob.

Ele revira os olhos me entregando uma maça, mas antes de conseguir pega-la a maçã sai de minha visão parando na boca de meu irmão novamente com um sorriso irritante. Típico.

—Mas sério. O que está fazendo acordada?

—Não é um pouco óbvio? —Aponto para minhas roupas de treino.

—Vai ver você decidiu virar uma stripper que se veste de jeito estranho—Jacob ri voltando à cozinha para fazer o que seja que estava fazendo.

Jacob tem um ar misterioso. Às vezes aparece nos horários mais aleatórios fazendo coisas aleatórias. Já o encontramos na porta de uma igreja conversando com um padre como se fossem melhores amigos e logo em seguida o deixamos em um barzinho.

Ontem, Ashley me mandou os horários por mensagem e só de pensar neles minha cabeça dói. Meu dia está cheio: correr, pilates, ginástica e no meio de tudo isso, vou patinar a cada minuto vago. Ainda por cima, é o primeiro dia de aula, ou seja, primeiro dia de uma longa tortura. Digo adeus para Jacob que apenas bagunça meu rabo de cavalo e me deseja boa sorte.

Saio de casa e a brisa bate em meu rosto. Coloco os fones de ouvido e a primeira música que toca é Highway to Hell. Reviro os olhos passando para a próxima música. Bryan adora colocar músicas em minha playlist para "elevar meu gosto musical". Começo a correr e sinto meus músculos ardendo, a doce dor do sucesso.

Chego na escola e encontro Kate na porta do prédio, tiro meus fones de ouvido e a ouço falar:

—Eu estou tão animada! —ela diz enquanto vamos para a recepcionista.

Eu não sei se posso dizer a mesma coisa. Ainda tenho um receio. E se não voltar ao normal? Ou piorar a minha situação?

—É o seu primeiro treino? Você não treinava antes? —pergunto.

—E eu ia treinar como? Sozinha? Muito solitário —Rimos juntas e passamos o cartão na catraca indo para os vestiários.

Acho um armário vermelho e começo a colocar meus remédios, sprays, roupas extras, fitas e mais fitas. Me sinto na minha antiga rotina. Às vezes se sentir normal é a melhor coisa do mundo. Apenas ser mais um personagem em um filme. Ter alguém para dizer que você não está sozinho.

Coração de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora