Sydney Parker nunca ficou no topo do mundo. Sempre com suas roupas largas, o cabelo escondendo o rosto e a língua afiada afastando qualquer contato. A única coisa que a faz feliz é patinar.
Mudar de escola não vai ser exatamente sua grande chance. V...
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—De novo!—a voz exigente da minha mãe passeia pelo estádio.
Estamos a duas horas tentando o Axel triplo. Um dos pulos mais difíceis da patinação. Se eu conseguir fazer um desses eu serei a primeira jovem na CINAI a conseguir pousa-lo. Muitas tentaram, mas sempre acabaram caindo no final.
Eu me levanto e começo a patinar em círculos, buscando mais velocidade. Respiro fundo. Pulo tampando a respiração, é tão rápido que fica difícil de respirar, são meses treinando para alguns segundos de beleza.
Em minha cabeça eu começo a contar os giros. No terceiro giro eu solto minha respiração, mas ao meu pé encostar no chão, meu tornozelo vira me fazendo deslizar pelo gelo.
Olho para minha mãe e sua cara de decepção fica gravada em minha mente. Ela respira fundo e balança a cabeça.
—Eu vou sair um pouco, continue treinando! Espero uma melhora.
As portas duplas batem e com isso eu fico no silêncio, apenas sentindo minha perna latejar e o gelo em minhas mãos.
Minha mãe sempre quis ser uma patinadora quando era pequena, infelizmente seus pais não tinham dinheiro o suficiente para continuar com seu hobby. Ela levou seus sonhos aos meus. Acabei gostando de patinar, mas a pressão apenas começou quando entrei em minha primeira competição.
Respiro fundo e continuo a tentar. Começo a pegar mais velocidade. Meus pés saem do gelo e eu conto as voltas.
Uma. Duas.
Na terceira eu dou meia volta e meu pé encosta no chão, me fazendo cair e deslizar pelo chão branco. Aproveito o deslize e levanto continuando a patinar e voltar a tentar.
Uma. Duas.
Meu pé encosta no chão antes de conseguir terminar. Com esse movimento eu caio no chão gelado mais uma vez
Tento de novo e começo pegar velocidade.
—Não está na hora de descansar, não?— a voz grossa passeia pelo local chegando em meu peito e soltando borboletas—Você aparece exausta.
Olho para os olhos verdes. Ele tem uma garrafa d'água na mão e seu cabelo está molhado.
—Quando se está exausta é que tem efeito—respondo repetindo o que minha mãe sempre diz.
—Meu Deus. Você tirou isso de uma fase motivacional do Pinterest?
Lhe mando o dedo do meio ao ouvir a piada mal feita.
—Bem que queria, mas não vou sair daqui até conseguir—falo desanimada.
—Isso é determinação.
Vejo ele calmamente tirar a camisa como se estivesse em um desfile. Ele desce as escadas entrando no rinque e se deitando no gelo, em seguida solta um gemido de satisfação.
