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Observo as dez barrinhas de proteína em cima da minha cama arrumadas e divididas igualmente para as diversas partes do dia

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Observo as dez barrinhas de proteína em cima da minha cama arrumadas e divididas igualmente para as diversas partes do dia. Sempre faço isso antes de dormir, preparo minha comida para o dia seguinte, mas ao mesmo tempo que esse pensamento de controle me deixa dormir tranquilamente, também é o que me mantém acordada.

Apenas olhando o pacote de alumínio e as informações nutricionais cobrindo a embalagem.. Informações essas que sei de cabeça, como uma história para me fazer dormir.

—Você já escolheu sua música, Sydney?—lembro da fala de Margot com seu cabelo liso e escuro escorrendo pelo seu ombro.

Também lembro de minha resposta: não.

Esse é o pensamento que me mantém acordada as três da manhã ouvindo diversas músicas e observando cada nota ecoar dentro de minha cabeça pelos fones de ouvido.

A música dentro de mim não se compara com o silêncio da natureza. Um incrível e mágico silêncio as três da manhã.

Eu fecho meus olhos apreciando e ouvindo a música cuidadosamente. Cada nota que é tocada eu ouço algo por trás, talvez algum sentimento mas desta vez é real.

Tiro um fone de ouvido deixando esse algo por trás ainda mais alto. Me afasto de meu canto quentinho e olho pela a janela encontrando o garoto com sua bagunça castanha presa dentro de seu gorro e causando o barulho constante ao andar de skate pela pequena estrada cinza.

Eu sorrio quase involuntariamente, como se fosse automático. Decido fechar meu laptop e colocar o casaco jogado do lado de minha cama. Desço as escadas com cuidado para não fazer barulho e sigo o barulho até o pequeno canto com vista a minha janela.

—Tenho quase certeza de que você tem que ficar em cima do skate—o zoo a décima vez que ele tenta fazer alguma manobra.

—O que você está fazendo aqui?—ele pergunta pisando na ponta de seu skate e o pegando com seus dedos.

—Você virou um segurança ou alguma coisa do tipo?

Ele revira os olhos com a minha pergunta e chega mais perto.

—Odeio quando você faz isso—com minha cara de confusão ele completa—Responder uma pergunta com outra pergunta.

Eu sei que faço isso. Sei que adoro me esconder por trás de questionamentos e fingir que não estou evitando as respostas.

Eu não as evito porque não quero dizê-las, eu as evito porque não sei o que responder. Não sei a solução da equação. Eu não quero saber, tenho medo do que vou descobrir.

Mesmo não sendo uma pergunta eu senti uma necessidade de respondê-la. Me defender da acusação que infelizmente é verdadeira. Mas eu não consigo mentir para o garoto a minha frente, mesmo sentindo que ele não me conte nada além de mentiras. Não consigo fazer o mesmo.

Coração de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora