Sydney Parker nunca ficou no topo do mundo. Sempre com suas roupas largas, o cabelo escondendo o rosto e a língua afiada afastando qualquer contato. A única coisa que a faz feliz é patinar.
Mudar de escola não vai ser exatamente sua grande chance. V...
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Patinar sempre foi a minha terapia. Sempre que tinha uma prova importante eu acordava mais cedo e patinava. Se eu não me perco no sentimento na hora que estou no gelo, eu me perco na patinação em si. Em todas as coisas para se lembrar, em qual pé colocar na frente do outro, não levantar muito as mãos, dar impulso, equilíbrio e se você cair. Lembrar de recomeçar.
Então tenho feito isso pela última semana. Desde a festa minha vida tem sido cheia. Ver Christian praticamente todo dia não ajuda na minha saúde mental. Nenhum dos dois quer falar alguma coisa. Eu tenho muita vergonha e ele...bom, eu não sei o que ele tem.
Por isso hoje, sábado, eu estou às 6:00 da manhã no rinque. Apenas treinando e treinando. Sei que no fundo quero perder calorias, mas eu também tenho que treinar. Perder calorias é apenas um bônus.
Eu coloquei a minha playlist na caixa de som, apenas para ter alguma coisa para dançar, mas agora eu só estou deitada no gelo respirando o vento frio ao som de The Pretender, dos Foo Fighters. Culpa do meu irmão de colocar suas músicas na minha playlist.
Me levanto e tento fazer alguma coisa. Não posso apenas ficar procastinando. Penso na minha pirueta favorita e tento fazê-la. É o giro de Bielmann, onde eu começo agachada e me levanto puxando minha perna até formar um ângulo de 180°.
Começo a pegar velocidade e me preparo para fazer o giro. Começo do chão e seguro em meus patins como semprem fiz a anos.
Estou indo bem até ouvir o barulho das portas duplas se abrindo. Me assusto perdendo o foco e corto minha mão ao cair no chão. Como isso aconteceu? Não sabia que era possível isso acontecer. Olho o corte e vejo a profundidade, cortei o meio do dedo indicador e o do meio de cada mão. Merda. A principio foi superficial, mas preciso fazer um curativo. Olho para o chão e tem algumas gotas de sangue se juntando ao gelo.
—Você está bem?
Ouço a voz familiar cruzar o local e chegar até mim. Ele está usando o uniforme do time com os amortecedores e tudo. Seu rosto está repleto de preocupação, as sobrancelhas franzidas e os lábios finos.
—Foi só um corte, estou acostumada.
Mas isso ainda dói pra caralho. Geralmente não é fácil se cortar com patins, mas quando se está completamente no mundo da lua, fica bem mais provável.
Ao me levantar a dor em meu pé me faz querer desmaiar. Eu vou patinando devagar até os bancos para poder acabar com o meu sofrimento. Esse não foi o primeiro nem o último machucado no meu pé. De vez em quando eu tenho que literalmente me colar porque os treinos não esperam.
Eu me sento nos bancos e vejo Christian sentar ao meu lado, nunca realmente o vi de perto com o uniforme. Ele coloca o capacete ao seu lado e observa os meus movimentos. Agora sim ele parece um brutamontes, os amortecedores aumentam tudo o deixando ainda mais assustador.
—Christian—ele levanta o olhar de minhas mãos—Você pode fazer um favor para mim?
O meu dedo está derramando sangue e ele percebe. Seu rosto forma uma expressão de dor, ele respira fundo e anui.