Sydney Parker nunca ficou no topo do mundo. Sempre com suas roupas largas, o cabelo escondendo o rosto e a língua afiada afastando qualquer contato. A única coisa que a faz feliz é patinar.
Mudar de escola não vai ser exatamente sua grande chance. V...
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Dizem que a adolescência é a melhor época da sua vida. Todos os filmes clichês nos mostram as festas, o primeiro amor, o baile de formatura e essas besteiras mais conhecidas como o sonho de qualquer adolescente. Se você vive no mundo real como eu, sabe muito bem que não é assim. O ponche do baile nunca tem álcool, seu primeiro beijo é cheio de baba e as festas são feitas de garotos querendo ficar com garotas três vezes mais bonitas do que eles.
Para mim, essa não é a pior parte. Minha adolescência está repleta de treinos no lugar de festas, treinos no lugar de bailes, gelo no lugar de garotos e adivinha? Mais treinos. Acordar todo dia cinco horas da manhã e treinar, patinar, cair e sair com pelo menos um hematoma todo dia não é o que os filmes nos mostram.
A minha vida é totalmente contrária à de um filme adolescente americano, está mais parecido com uma competição constante. Ou um daqueles filmes de superação em que o protagonista vence no final. Sempre vence no final. Para atletas como eu isso é incrivelmente irritante. Já que a chance de eu vencer todos os meus jogos em um ano inteiro é menor do que a minha paciência de fazer essa conta.
Nos filmes é tudo muito colorido. Na vida real não saímos cantando no refeitório sobre como somos a estrelas do show e não temos crises existenciais no meio de uma quadra vazia chovendo bolas de basquete. Na realidade, adolescentes tem ansiedade, depressão e crises existenciais muito menos glamurosas. No fim das contas, dizem que todo mundo entra no fundo do poço pelo menos uma vez na vida.
Já eu, com dezessete anos, consegui entrar e sair dele duas vezes. Quer dizer, eu espero que eu tenha saído do fundo. Ou pelo menos esteja na metade dele. Agora, realmente não tenho certeza. Estar em um carro a caminho da minha terceira casa em três anos não é exatamente o que eu considero a melhor época da minha vida. Eu me mudo frequentemente. Esse fundo do poço foi apenas mais uma desculpa para minha mãe comprar uma nova casa.
—Syd, para com essa cara de emburrada—Bryan fala com o apelido irritante.
Ah, também tem os irmãos.
Bryan Parker, o irmão mais velho. Conhecido como Parker original e o inventor do apelido mais odiado por mim. Nessa época, minha mãe não imaginava que teriam mais três Parkers para cuidar sozinha. Acho que meu pai percebeu isso no segundo que eu anunciei ao mundo que estava vindo e fez a coisa mais sensata, deixar a mulher grávida para cuidar de quatro crianças sozinha. Depois que o primeiro virou uma grande irritação em pessoa, acho que a esperança de não acontecer o mesmo com o resto não é muito grande.
—É, Syd—Jacob se vira apoiando as mãos no apoio de seu assento olhando para nós meros mortais da parte de trás—Pensa que agora você é do terceirão. Vai poder fazer o que quiser.
Agora é a vez de Jacob com esse papo de "terceirão é a melhor época da sua vida". Quase rio de seu comentário. Fazer o que eu quiser? Nos meus sonhos. Eu tenho mais responsabilidades na escola do que ele que tenta entrar na faculdade a um ano. Ao invés de ir a festas todo final de semana e se esconder das garotas no dia seguinte, eu acordo com o meu corpo doendo me escondendo de mais treinos e provas.
