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Eu entro em minha sala sentando na mesa de mármore e tirando meus cadernos

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Eu entro em minha sala sentando na mesa de mármore e tirando meus cadernos. O professor com os cabelos brancos começa a apagar as coisas da aula passada.

As duplas de química estão novamente formadas, seus grupos estão separados como o resto do ano. Para qualquer um pareceria assim, em sua ordem natural, mas no canto da sala sentada sozinha e quase irreconhecível está o rosto sem maquiagem da antiga líder de torcida.

Apenas sentada e sem sua dupla enquanto seu antigo mundo conhecido passa por seus olhos, mas não foi apenas isso que mudou. Eu observo uma garota sentada em seu antigo lugar olhando pelo espelho e seu reflexo fica virado para mim. Mesmo assim eu não consigo encaixar seu rosto.

A porta abre quebrando minha linha de pensamento e eu encontro o corpo musculoso preso dentro da blusa de manga comprida.

Ele observa o local  e eu vejo a menina fechar o espelho rapidamente e sorrir para o rosto convencido. Eu sinto uma vontade enorme de revirar os olhos, mas eu apenas volto a encarar o quadro branco.

De repente eu sinto novamente minhas mãos tocando a pele quente e as borboletas em minha barriga.

Quando o corpo senta ao meu lado e começa a encarar meu perfil e tento me forçar a não ficar vermelha.

Eu olho novamente para Stephanie e seus olhos pairam sobre mim.

—Já fez as malas?—Christian diz finalmente.

Eu me viro para ele e observo o maxilar marcado.

—Ainda não.

O quanto eu tente esconder o meu sorriso eu ainda sinto como se ele conseguisse ver minha alma. Como se transparente de um jeito que eu não consigo controlar.

Eu olho novamente para a imagem escondida no canto da sala e eu sinto um aperto no peito. Não posso de deixar de sentir a culpa. Ela tem certeza de que é minha culpa.

Com o corpo ao meu lado toda hora encostando em minha pele e os olhos atrás do moletom queimando meu pescoço é difícil se concentrar na aula.

Eu saio da sala pulando o refeitório e vou direto para o ringue treinar meu pulo mágico e toda a rotina. Com os olhares mal encarados em minha direção ao sair do caminho que o bando escolar segue eu sinto cada pedaço de minha pele doer. Me distancio das conversas, amigos e principalmente da comida.

Eu chego no ringue encontrando o esconderijo que deixei meus patins. É muito mais fácil apenas deixá-los aqui do que trazer todo dia.

Coloco a música nos fones de ouvido e começo a dançar. Meus movimentos são precisos. Minha leveza ao andar pelo gelo não está mais natural, está perfeitamente calculada.

De vez em quando olho para as bancadas encontrando a figura de cabelos longos já grisalhos e os óculos na ponta do nariz gritando meu nome e apontando meus erros. Ela adora apontar meus erros.

Coração de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora