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ELENA

Billie estacionou em frente a uma enorme casa. Eu iria sair do carro, mas ela foi mais rápida e abriu a porta do mesmo para mim.

Eu estranhei a sua atitude, já que não falamos absolutamente pelo caminho, ela apenas colocou uma música qualquer na rádio, uma rádio que só tocava rap, ou trap, enfim, eu não sei se tem uma diferença entre eles, e apenas cantarolava de vez em quando enquanto apertava os dedos no volante. Ela parecia tensa.

Mas eu agradeci a sua atitude de qualquer forma e então ela me guiou até a entrada da casa.

Eu estava achando que a casa era gigante por fora, mas por dentro... Uau, era maior ainda. Na verdade, não deveria ser chamada de casa, e sim de mansão. A decoração, da sala pelo menos, era bem neutra. Me lembrava mais uma sala de espera de hospital, mesmo tendo imóveis que pareciam bastante caros.

Eu passeei meu olhar pela sala, mais precisamente sobre os lugares que comumente ficam os porta-retratos, mas não havia nenhum. Não tinha nenhuma foto de Billie sozinha, com os pais, ou de ninguém. Em fato, não havia nada naquela sala que me remeta à Billie, como se aquela casa não fosse a dela.

A única coisa que não deixava o ar tão sério naquela sala, era um piano que tinha mais ao fundo do espaço.

— Quer alguma coisa para beber? — Billie perguntou ao meu lado, eu neguei. — Comer? A cozinheira já está lá na cozinha de qualquer forma.

— Não, eu estou bem, obrigada.

— Deus... Você fala toda educada assim o tempo todo, rabo de cavalo? - Ela riu arqueando a sobrancelha esquerda que não era "perfeita" como alguns diriam, mas eu gostava. Aliás, ela não vai parar de me chamar assim? - Parece um robô ou eu sei lá.

— Desculpe.

— Não peça desculpas, é legal até. — Ergueu os ombros e pegou em minha mão. — Já que você não quer nada vamos para o meu quarto ver logo o seu nariz então.

Assim que chegamos ao seu quarto eu não deveria estar surpresa, aquele cômodo sim, era totalmente a cara dela.

— Você pode sentar se quiser, eu vou pegar um kit de primeiros socorros no banheiro. Não demoro. — Billie falou apontando para a sua cama.

A luz do quarto era vermelha, a cama de casal tinha um dossel da mesma cor. A cama era bem grande e pareciam muito confortável, aliás. Eu não consegui contar quantos chapéus ou pares de tênis a Billie tinha, mas eles eram muitos. No quarto também havia pôsteres, desenhos nas paredes e outras coisas espalhas pelo chão. Como mais inúmeros pares tênis e algumas caixinhas de som, por exemplo.

— O que achou? — Billie perguntou com um pequeno sorriso no rosto e uma caixinha branca nas mãos.

— Bem... É bem diferente.

— E isso é bom ou ruim, rabo de cavalo? — Sentou-se na minha frente com as pernas cruzadas.

— Um diferente bom, Billie. Acho que é único como você também. — Dessa vez ela deu um sorriso um pouco mais largo, não era falso, ameaçador ou sarcástico como os outros. Parecia verdadeiro.

— Bem, você é única também, rabo de cavalo.

— Como assim? - O que tinha de único em mim? A minha imensurável capacidade de corar por qualquer coisa na Terra? É sério, eu coro muito facilmente e chega a ser ridículo.

— Nenhuma pessoa ousou me enfrentar antes na escola assim, quer dizer, algumas sim, mas se arrependeram muito disso depois.

— Então nenhuma pessoa teve coragem o suficiente para dizer que você age como uma idiota antes? — Eu ergui uma sobrancelha. Meu Deus... O que está acontecendo comigo? Eu nunca disse na cara de um valentão antes... É isso, Billie vai me matar e me enterrar no quintal da casa dela.

Bully // Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora