Capítulo 35

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Entrei em seu quarto e fechei a porta, o que fez barulho e o acordou.

- Quem está aí? - perguntou uma voz sonolenta tentando ligar a luz do abajur.

- Sou eu.

- Josephine? - se levantou para vir até mim.

- Saiu a luz e estava com medo - o abracei e o medo desapareceu.

- Vamos ver o que aconteceu com a luz - beijou minha testa e se afastou - Está chovendo?

- Não sei - disse e segurei seu braço - Não se afaste. Não quero ficar sozinha - não o conseguia enxergar, mas conseguia perceber ele e ele a mim.

- Vamos juntos.

Saímos do quarto e descemos as escadas, Hero não soltou minha mão nem um segundo, me conduzindo até a cozinha.

- Tenho que sair por um momento - assenti com medo e ele beijou minha bochecha. Ele saiu da porta da cozinha e foi até um quarto de serviço.

- Hero... - chamei com medo.

- Já estou indo.

Ele ligou o interruptor de luz da casa e logo a luz voltou. Voltamos para o quarto apagando as luzes que estavam ligadas no caminho.

- Não vou dormir aqui se não quiser, mas você fica aqui - disse ao me deitar e acariciou minha bochecha.

- Não tem porque me ceder sua cama.

Ele apagou a luz principal e ia sair pela porta, mas não podia permitir. Meu medo era maior que meu orgulho.

- Pode ficar? - ele se virou, me olhou e sorriu.

- Tem certeza?

- Sim, tenho - assenti.

Caminhou de volta para a cama, se deitou nela e desligou o abajur.

- Boa noite Josephine, descansa.

- Boa noite Tiffin - fechei os olhos para tentar conciliar o sono, que logo se apoderou de mim.

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Abri os olhos por causa de ruídos.

O lugar de Hero estava vazio. Onde poderia estar? Segundos depois ele saiu do banheiro com uma toalha ao redor da cintura.

- Bom dia - disse fazendo com que eu ficasse perplexa.

- Bom dia - respondi consciente de que por baixo da toalha branca, estava completamente desnudo.

- Dormiu bem? - perguntou pegando algo para vestir no guarda-roupa.

- Sim - respondi com nervosismo - E você?

- Muito bem.

Me levantei e entrei no banheiro.

- Onde tem toalha?

- No armário da pia - o abri e peguei duas toalhas brancas, uma para o corpo e outra para o cabelo e então fechei e tranquei porta.

- Te espero lá embaixo para comer - gritou antes de sair do quarto.

Depois de tomar banho peguei uma muda de roupa minha que uma das empregadas havia guardado no guarda-roupa de Hero. Ao sair do quarto do meu futuro esposo, percebi que o barulho que havia ouvido anteriormente vinha do meu quarto. Desci para o primeiro andar e fui até onde estava Hero, sentado a mesa já comendo.

- O que vai querer senhorita? - perguntou Sandy com sua doce voz.

- Não estou com fome, obrigada.

- Está frio, não acha? - perguntou Hero.

- Sim. Desculpa ter me comportado como uma criança de noite. Me senti mais segura quando estava com você.

- Nunca conseguirá encontrar um homem como eu.

- E começou de novo.

- Mas é verdade.

- Você não é perfeito. Não gosto quando você se acha grande coisa.

- É que eu tenho uma grande coisa - sorriu ao terminar de falar. Neguei com a cabeça - Você pensou mal.

- Ah claro, minha culpa - disse irônica, minhas bochechas deviam estar rosas.

- Eu falava da minha empresa, é uma grande coisa.

- O que vai fazer hoje?

- Tenho que ver uns assuntos pendentes e tenho três reuniões. Não vou almoçar em casa e devo chegar só às dez da noite.

- Vejo que vou ficar entediada.

- Acho que não pequena.

- Eu acho que sim - ele sorriu para mim.

- Minha mãe vai vir te buscar para escolherem o vestido.

- Quantas vezes te disse que não quero me casar?

- O suficiente para que eu diga, rendasse já que vamos nos casar, querendo ou não - ele levantou e beijou minha testa - Ela vem pelas três da tarde, esteja pronta.

- Hero não...

- Hero, nada. Receba ela como se gostasse de verdade dela - me levantei e fui atrás dele.

- Hero, não sei que vestido escolher - admiti quando entrei no quarto.

- O que você mais gostar - disse me dando um cartão - A cor você já escolheu, branco, já é um começo.

- Na verdade não

- Por quê?

- Existem duas cores brancas, mas depende da pele. Quando você vai no sol e fica morena é porque a pele é quente então se usa o branco, porque fica melhor na pele. Agora se ela fica rosa do sol é porque a pele é fria, então se usa o off-white, porque fica melhor. Mas as vezes também é feito a parte de cima de uma cor e a de baixo da outra. Sempre tem que ver o que fica melhor na noiva. E essa coisa de casar com vestido branco só começou a dois séculos atrás porque uma rainha se casou com um vestido dessa cor, varias mulheres ocidentais gostaram e por isso começaram a optar por essa cor. O branco na verdade era a cor do luto, o que em vários países ainda é. O branco não é obrigatório, só usa quem quer.

- Como você sabe isso? - perguntou achando estranho.

- Muitas mulheres começam a querer saber sobre casamento desde pequena, imaginando como vai ser o seu próprio, então a gente se informa.

- Entendi. Se quiser outra cor ou quiser tingir de outra cor antes do casamento, não tem problema, só não queira tingir em uma cor vibrante, por favor.

- Está bem. Mas mesmo assim, eu não... - ele me interrompeu.

- O que você mais gostar, isso significa que não importa o valor.

Peguei o cartão e suspirei.

- Por favor, faça como se sentisse muito amor por mim, pelo menos na frente dela - me pegou pela cintura - Posso te recompensar.

- Não quero s... - colocou um de seus dedos sobre meus lábios.

- Você leva tudo para esse tema - me beijou - Pode ser de outra maneira - me afastei dele e sorri.

- Você tem que ir.

- Eu sei. Não me espere acordada - disse e me beijou de novo - Tchau.

- Tchau.

Fechou a porta e me deixou sozinha e entediada.

Eu e Courtney fomos a várias lojas. Compramos ainda roupas, sapatos e outras coisas. Ela era linda e simpática.

Cheguei em casa exausta. Fui até a cozinha avisar que não iria jantar e ao voltar para a sala vi uma loira de olhos azuis e com duas malas ao seu lado sobre o chão.

- Desculpa, procurando por alguém? - perguntei sem entender como havia entrado na casa.

- Sim, Hero - sorriu mostrando seu sorriso perfeito.

Sem saber o porquê, fui invadida por uma grande quantidade de ciúmes. Ciúmes em abundância.

A BELA E A FERAOnde histórias criam vida. Descubra agora