Dois dedos deslizando pela minha bochecha me fizeram perceber que eu ainda estava viva. Eu estava com Hero ao meu lado. Era dia, o canto dos pássaros se escutava. Minha respiração estava calma e com Hero ao meu lado eu estava completamente segura.
- Você está acordada?
Eu não tinha forças para abrir os olhos e menos para responder. Fiquei quieta, sem mexer um músculo na maca. Escutei Hero suspirar e então sua cabeça descansou no meu abdômen plano, as carícias não pararam.
- Você não pode dormir por mais de catorze horas – ele soluçou. Eu me senti mal - Eles disseram que você ficaria bem, por favor, não contradiga isso. Quero que você se levante daqui, brigue comigo e depois se reconcilie. Acorde Josephine.
Depois de dizer isso, ele ficou completamente calado. Eu podia senti-lo em pé, abrindo uma porta e depois a fechando. Eu não tinha certeza para onde estava indo, mas não podia me deixar sozinha. Eu podia abrir meus olhos, mas minhas pálpebras pesavam mais do que eu poderia imaginar.
Segundos depois, a porta se abriu novamente e, após alguns passos, se fechou. Eu rezei para que Hero estivesse e assim foi, ele se sentou ao meu lado e pegou uma das minhas mãos.
- Se você realmente está me ouvindo e não pode responder, abra os olhos – ele apertou minha mão com força – Levanta uma sobrancelha. Você pode fazer alguma coisa? Eu me sinto estúpido.
Não era estúpido, mas não conseguia levantar uma sobrancelha e menos falar com ele. Talvez pudesse tentar pressionar sua mão, mas seria inútil. Se não conseguia levantar uma sobrancelha, seria menos capaz de apertar a mão de Hero.
- Vamos Josephine. Quero que voltemos para casa juntos – continuou falando – Preciso que você conheça a nova casa, para comemorar seu aniversário com todas as pessoas que amam você, temos que fazer uma noite de cinema e dormir juntos depois que você se assustar – a voz dele quebrou – Você tem que estar bem.
Parecia triste, arrependido, muito mal para o que ele costumava ser. Eu queria que ele soubesse que eu podia ouvi-lo, que estava ouvindo as coisas que ele disse, que nós conseguiríamos tudo isso.
Mais uma vez ele descansou a cabeça no meu abdômen.
- Por causa de um garoto estúpido que lhe deu de beber piña colada com quatro pílulas diferentes, não deixaremos de ser felizes juntos, não é?
Não pude responder. Ian me drogou? Porque pelo que eu sabia, as pílulas dentro do álcool, era quase como se drogar, não exatamente, mas de uma maneira muito semelhante.
- Eu sinto falta da sua voz. Que clichê soou isso – ele riu – Mas a verdade é que desde que nos casamos, somos os dois clichês. Eu também sinto falta dos seus beijos Josephine.
Por que eu não conseguia me levantar e dar um beijo nos seus lábios? Senti seu olhar em mim e isso me deixou nervosa. Minha respiração seguiu seu curso normal e então senti que Hero tirou os olhos de mim para beijar nossas mãos entrelaçadas.
-Você é a coisa mais importante que eu tenho – pronunciou com dificuldade – E seria bom se pudesse me ouvir. Devo confessar muitas coisas – admitiu – Parece muito bobo falar com alguém que não está ouvindo você e que você diz a ela que deseja confessar algo – ele riu, mas não parecia feliz – A verdade é que sempre que chego em casa depois do trabalho, acho que posso lhe dizer, mas você se aproxima com daquele sorriso lindo e me conta sobre a escola então sinto que não deveria lhe contar, porque simplesmente arruíno sua vida, dia após dia.
Se eu pudesse lhe dar um tapa por dizer tanta estupidez, eu teria feito.
- Sei que você não está me ouvindo, mas preciso descarregar tudo o que tenho guardado desde que partimos para o México.
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A BELA E A FERA
FanfictionAo acabar de fazer 17 anos, Josephine perde a última pessoa de sua família e por ser menor de idade tem que ficar com alguém. O que ela não esperava é que fosse ser leiloada e comprada por um empresário aparentemente frio. Será que ela conseguirá en...