Segunda-Feira

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 Se você abrir um exemplar do Guiness Book na página ‘’A Única Pessoa que Já Acordou às 6:45 Feliz Em Uma Segunda-Feira’’ encontrará meu nome.

 Depois de pular da cama e lavar o sono da cara, literalmente, fui para a cozinha e engoli algumas torradas com suco de laranja em menos de cinco minutos. Antes de usar minha porta privada (ou seja, a janela) baixei as fotos da cena do crime para o celular e joguei o bloco de anotações do Ravi e a folha com as observações dentro da mochila.

 Se eu tivesse um carro passaria na casa de Isla para levá-la. Eu poderia abrir a porta para ela sair na escola enquanto fingia não notar os olhares de todos sobre nós. Mas, como não se pode ganhar um Mercedes Benz no tiro ao alvo, dirigi minhas humildes pernas até a casa do Ravi.

— Você tem que usar a camisa do Adnub. — eu disse ao parar na porta aberta do quarto e vê-lo com uma blusa camuflada.

— Droga. Você deveria estar na sua casa para ver meu descumprimento de promessa quando fosse tarde demais para me trocar. — ele reclamou.

— Bom plano, mas não deu certo.

 Ravi bufou enquanto tirava a camisa camuflada, jogou ela no chão e vestiu a blusa do Adnub.

— E aí? — perguntou, abrindo os braços.

— Você está sexy.

 Chegamos ao Eureka mais cedo que o normal, mesmo caminhando. As poucas pessoas que já estavam por ali olharam estranho para Ravi, alguns riram. Ele aguentou por quinze minutos antes de subir o zíper do casaco, dizendo que estava usando a blusa, mas que ninguém precisava ver. Eu estava feliz o suficiente para não força-lo a passar vergonha. Encontramos Willow pelo caminho.

— Como está seu trabalho de francês? — ela perguntou para Ravi.

— Tem duas linhas e o verbo Manger.

— Mas você não estava assistindo a vídeo aula? — perguntei.

— Estava, mas aí comecei a pensar no último jogo dos Lions, que me fez lembrar das minhas pantufas de leão que tinha quando era criança que me levou a perguntar se o Chapéu Seletor me colocaria na Grifinória e, quando percebi, a vídeo aula já tinha terminado. E o seu?

— Espero que o professor de francês entenda muito de francês para que leia o que escrevi e desvende o que eu queria escrever de verdade. — falei rindo.

— E eu espero que vocês tenham estudado para o teste de História da Arte, porque se reprovarem e eu continuar andando com vocês, vou estar no grupo dos ignorantes. — Willow reclamou.

— Eu li que Leonardo da Vinci foi um bastardo que, obviamente, não recebeu o sobrenome paterno. Para completar sua identidade, ele acrescentou o nome da cidade onde nasceu, Vinci, ao nome. Então, passou a ser Leonardo, o que nasceu em Vinci. Leonardo da Vinci. — narrei orgulhosamente. Se a questão envolvia nomes, eu era capaz de aprender. — Acha que isso vai estar no teste?

— Não sei nem se isso procede. Por que vocês só decoram coisas sem importância como que para matar um zumbi precisa acertar o cérebro ao invés de algo como Caracas é a capital da Venezuela? — ela perguntou, parecendo minha mãe.

— Porque não quero ser nerd como você. — rebati.

— Ah, prefere ser burro como o Ravi?

 Lancei um olhar para meu amigo que estava retirando a capital da Venezuela do nariz disfarçadamente.

 Ravi e eu tínhamos química no primeiro horário, depois veio geometria com Willow e biologia sem nenhum dos dois. Francês foi horrível por causa dos nossos trabalhos e história nacional muito lenta. Meu teste não foi o pior da turma.

No NameOnde histórias criam vida. Descubra agora