Meu trabalho de inglês, intitulado ''Minha Busca Pessoal'', foi entregue no dia que se seguiu a noite de mais uma reviravolta na vida de Amy Sophie Rhonda Green, e na minha também. Ele ficou impresso para o resto da vida assim:
Eu nem sempre fui aficionado em significados de nomes. Você não pode ter sido sempre alguma coisa.
Quando eu era um bebê e meus pais me chamavam de York, eu virava para olhá-los. Eu acreditava que aquele era meu nome, porque as duas pessoas com as quais eu me importava me chamavam assim. Mas eu cresci e fui obrigado a viver em sociedade, como todo mundo. Foi nessa relação que conheci a pergunta: '"Mas ele não tem um nome?'', essa indagação foi feita por dezenas de estranhos a meus pais. A pergunta não variava, mas o tom sim. Às vezes era de surpresa, às vezes de reprovação e até mesmo de pena.
Eu tinha uns sete anos quando comecei minha busca pessoal. Algumas pessoas buscam a paz espiritual, outras o amor de sua vida e há aquelas que buscam os números certos da loteria. Eu busco um nome. Meu nome. Os dicionários me apresentaram milhares de possibilidades de como eu poderia me chamar. Eu não aceitei nenhuma. Levou um tempo para entender que não queria um nome legal, especial ou exótico, eu queria um nome que espelhasse o que eu sou.
Isso complicou ainda mais minha busca pessoal. O que eu era? O que não era? O que deixei de ser? O que viria a ser? Qual nome refletiria tudo isso?
Havia vezes, deitado em minha cama no meio da madrugada com os lençóis amassados em meus pés como minhas esperanças, eu sentia que nunca teria um primeiro nome. As futuras gerações passariam por minha lápide e, ao verem apenas meu sobrenome, pensariam: ''Poxa, mas ele não tinha um nome?'' A pergunta que me atormentou em vida me seguiria através da morte.
Mas eu descobri uma coisa ainda bem jovem. Minha Grande Revelação chegou até mim aos seis anos usando uma mochila de coruja, mas só viria a entendê-la dez anos mais tarde. Amy Sophie Rhonda Green me ensinou duas coisas: o que é estar apaixonado e que eu estava estupidamente errado. Ela tem três nomes, as pessoas levam um tempo para decidir por qual deles irá chamá-la, porque primeiro precisam descobrir qual faceta ela os apresentará.
Ela é Amy com seus pais e irmã, porque eles a consideram doce e gentil.
Ela é Sophie para os professores, porque para eles ela é inteligente e centrada.
E ela é Rhonda para seus amigos, porque eles a enxergam como um tipo de líder que torna a vida deles divertida.
Então, quem é ela? Amy? Sophie? Rhonda?
Ela é o que todos nós somos, uma espécie de ilha. Todos estamos sozinhos conosco mesmos e apenas nós nos conhecemos verdadeiramente e por inteiro. Quando buscamos nomear nós mesmo é fácil, sabemos quem somos, mas quando buscamos um nome para que os outros nos conheça por ele é impossível. Os outros são pessoas demais. Você vai estar lá, parado no meio do mar e inúmeros ''outros'' vão passar de barco, vão te olhar e decidir o que você é através dos olhos deles. Para uns você será bonito, para outros feio. Alguns se sentiriam felizes em estar em você, outros pensariam ser uma prisão.
Eu sempre estive buscando por algo que eu vinha adquirindo todos os dias: uma personalidade. Eu não enxerguei que não poderia nomear algo tão mutável. Eu sou aquilo que me tornei a cada dia e em todos esses dias eu já tinha um nome.
Eu sou uma ilha que não nasceu para ser aquilo que todos e cada um querem que seja. Sou um pouco do que fui, quem me tornei e quem ainda serei. Se um nome pode refletir quem você é para si mesmo, eu sei quem sou e sempre soube qual meu nome.
York.
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No Name
Teen FictionYork tinha duas fixações: encontar o primeiro nome perfeito e Amy Sophie Rhonda Green. Quando a segunda fixação decide o ajudar com a primeira, a monotonia de seus dias acaba se transformando em um caos, que o levará a se meter em situações bizarras...