Capitulo Sem Nome Dez

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 Meus braços se fecharam ao redor dela em um abraço de urso. Eu a levantei e a girei.

— Você descobriu! Sabia que conseguiria! — Isla falou quando a coloquei de volta no chão.

 Encontrei um relógio e vi que foi em cima da hora.

— Elementar, minha cara Watson.

 Ela riu e aquilo me fez sorrir. Lembrei que estávamos brigados, ela me fizera de idiota e eu a chamara de hipócrita. Percebi que ela pensava na mesma coisa.

— Esquecemos? — propus oferecendo a mão.

— Como dois sofredores de Alzheimer.  — concordou apertando a mão dela na minha. — Então, posso te chamar de Sherlock daqui pra frente?

— Hum? Não, vou terminar com essa de detetive.

— Mas era para escolher um nome para você.

 Em meio ao jogo esqueci completamente a finalidade daquilo tudo.

— Não vou me chamar Sherlock.

— Por que não?

— É ridículo.

— Eu gosto de Sherlock.

— Sem chance.

 Isla voltou para a cama e sentou na beirada. Eu continuei de pé.

— Qual era a do código na parede? — perguntei, curioso.

— Você não desvendou isso. — ela sorriu.

— Não mesmo. O que diabos é SESAGSE?

— É um anagrama. A palavra real é SAGESSE.

 Fiz uma careta.

— O que diabos isso significa, parte dois?

— É Sabedoria em francês.

Sophie. — ela era brilhante.

— Vamos para o Teste Três então, mas falamos disso depois. Eu queria dizer que aquilo no refeitório não foi do jeito que você pensa que foi.

— Já deixamos para trás.

— Não, é importante para mim. — ela encarou suas meias com abacaxis antes de me olhar. — Eu não fiz aquilo para afastar meus amigos de você, mas para afastar você dos meus amigos.

— Isso é muito esclarecedor.

 Isla parecia tentar encontrar o melhor jeito para explicar.

— Minha turma é formada por esnobes babacas, York. Se eu deixasse você se aproximar acabaria como eles.

 Ok, aquilo foi uma surpresa.

— Então porque anda com eles?

— Porque parte de mim precisa disso, mas outra parte os detesta, e essa parte quer ficar com pessoas como você.

 Acho que entendi o que ela queria dizer.

— Não vou me meter com seus amigos.

— Obrigado.

 E assim ela voltou para o lugar que ocupava em minha vida desde que nossos molares eram de leite.


 Não se deve quebrar uma promessa feita a um cadáver. Por isso, no sábado, Isla, Ravi, Willow e eu embarcamos no Rataplã Radioativo rumo ao enterro do Mussolini.

 Convencer Willow a ir junto me custou uma hora do meu tempo livre, minha blusa de flanela favorita, um pôster animado com a Marilyn Monroe dizendo ‘’oh, this is so vintage!’’ que ela havia visto em uma papelaria e a promessa que ela poderia dirigir.

No NameOnde histórias criam vida. Descubra agora