Terça-Feira

91 35 121
                                    


 Cheguei uma hora mais cedo no Eureka. Eu era o único por ali, eu e alguns pombos na verdade. Sem as pessoas que você odeia, os professores que você odeia e os funcionários que você odeia também, a escola não é tão odiável assim, é só mais um prédio entre tantos outros.

 Cheguei na área dos armários e coloquei minha mochila no chão. Na noite passada tive uma ideia para encontrar testemunhas. Escrevi um bilhete, no computador obviamente, me passando pelo Terceiro Olho e ameacei entregar alguns podres se o destinatário não comparecesse a uma reunião no auditório no oitavo tempo. Fiz cópias e passei os próximos minutos colocando aquilo nos armários.

 Voltei para a frente da escola e decidi espera por Ravi ali. Os funcionários chegaram, depois os professores e até mesmo a maior parte dos alunos, mas nada do indiano. Peguei o celular e liguei para ele.

— Não me diga que cinco coelhinhas da playboy te raptaram durante a noite e estão te levando para Las Vegas ondem podem abusar de você sem serem pegas. — falei.

— Eu poderia estar sonhando com isso nesse momento, mas a porcaria de uma ligação me acordou. Espera, foi a sua! — e ele desligou na minha cara.

 Liguei de novo.

— Eu não vou pra escola hoje, tá legal?

— Preciso de você.

— Eu não sou o oxigênio ou outra coisa vital. Você. Não. Precisa. De. Mim.

— Tenho um plano para conseguir testemunhas. A parte um já está feita, não posso voltar atrás.

— Pensei que havia desistido depois da Watson ter dado no pé.

— Mudei de ideia. Escute, eu imprimi umas mensagens dizendo que o Terceiro Olho...

 Ele desligou.

 Liguei de novo, mas ele não atendeu. Voltei a ligar. Nada. Última chance Ravi. Sem resposta. Com um sorriso cruel, disquei o número do telefone do andar de baixo. A avó dele atendeu no terceiro toque.

— Alô?

— sra. Lal? Aqui é o York! Estava falando com Ravi, ele ainda está na cama, e acho que está no meio de uma crise de asma!

 Ela não me respondeu, mas consegui ouvi-la esbarrando nos móveis enquanto corria para ajudar.

 Pouco antes do primeiro sinal, vi meu amigo de cabeça baixa se aproximando com a avó, ainda de pijama florido, ao seu lado.

— Bom dia, Ravi. — cumprimentei com um sorriso de orelha a orelha.

 Ele me fuzilou com os olhos.

— Obrigada por avisar sobre o ataque, York. — a sra. Lal disse.

— Eu não estava tendo um ataque, vó. — Ravi reclamou. — Agora é melhor a senhora voltar pra casa.

— Você vai ficar bem?

— Sim, vó.

— Antes vou passar na farmácia para comprar outra bombinha de asma. — a velhinha disse antes de dar meia volta e se afastar com passinhos de tartaruga.

— Você é um filho da mãe sem primeiro nome. — Ravi acusou assim que sua avó estava longe o suficiente.

— Foi um golpe desesperado.

— Ela me fez secar uma bombinha de asma e EU NÃO TENHO ASMA!

 O primeiro sinal tocou.

— Vamos, te explico meu plano genial na primeira aula.

No NameOnde histórias criam vida. Descubra agora