— O que a Willow mais gosta no mundo? — Ravi perguntou.— O Reino Unido?
— Algo que seja de comer.
— Hum... Marshmallow?
— Ela olha para você como se fosse o último marshmallow do mundo.
— Nunca vi isso.
— Porque ela só fica desse jeito quando você tá muito ocupado pra prestar atenção nela. Um olhar perdido, como de um zumbi drogado. — ele reparou em meu olhar e deu de ombros. — O quê? Não sou bom em descrever olhares apaixonados, por isso não sou escritor.
Joguei cinco cheetos na boca e mastiguei. Meus dedos estavam laranjas por conta do corante, sujando o controle do videogame que eu segurava, mas não me importei.
— E ela nunca diz não para você. Sim para as caronas, sim para os deveres de casa, sim para a última fatia de pizza, sim para qualquer coisa. Willow é sarcástica, mandona e insuportável, mas o humor dela só fica realmente péssimo quando Rhonda está por perto. Não perto dela, perto de você.
Ravi estava numerando todas as coisas que o faziam acreditar que Willow estava apaixonada por mim.
— Ela pediu uma blusa sua em troca da carona e eu tenho certeza que ela nem vai usar, aposto que foi só pra guardar. As garotas fazem isso. Quero dizer, de nós três é ela quem tem mais grana, poderia comprar qualquer blusa que quisesse ao invés de pegar uma fedorenta sua.
— Tudo bem, já chega.
Explodimos algumas cabeças em silêncio.
— Você não vai ignorá-la, vai? Ela é uma de nós.
Eu já havia pensado tanto naquele assunto, já havia espremido meu cérebro de todas as maneiras em busca de algo que anulasse toda aquela insanidade. Parecia que minha cabeça iria estourar.
— Willow não sabe que eu sei. Tudo vai ser como sempre foi.
Ravi não respondeu, mas tanto eu quanto ele sabíamos que as coisas não seriam iguais. Willow não sabia, mas eu sim. Como ia me comportar como sempre sabendo do segredo dela? Argh, preferia a ignorância total.
O celular vibrou em meu bolso.
— Alô?
— Meus pais vão dirigir até Baltimore para visitar uma tia avó em seu leito de morte. Sabe o que isso significa?
Apenas a voz dela foi suficiente para clarear meus pensamentos. Isla era uma espécie de entorpecente para meus problemas.
— Que você está triste?
— Que vou dar uma festa! — ela gritou, rindo. — E você está convidado. Você e seus amigos.
— Sua tia avó está morrendo e você vai dar uma festa?
— Ela nem gostava de mim. Vivia brigando porque eu comia seus biscoitos. Ela nem tinha dentes, para que queria biscoitos? Apareça lá pelas oito. Adiós.
Desliguei e peguei mais cheetos.
— Isla nos convidou pra festa dela mais tarde. — falei para Ravi.
— Nós?
— Nós.
— Eu? Um banal, comum, ordinário, simples e trivial mortal em uma das lendárias festas de Amy Sophie Rhonda Green?
— Acha que devo convidar a Willow?
— Willow? Na casa da Rhonda? Seria como o diabo na casa de Deus. Ela vai colocar fogo no lugar e a mãe dela vai ter que reconstruir tudo de graça. Não é uma boa ideia
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No Name
Teen FictionYork tinha duas fixações: encontar o primeiro nome perfeito e Amy Sophie Rhonda Green. Quando a segunda fixação decide o ajudar com a primeira, a monotonia de seus dias acaba se transformando em um caos, que o levará a se meter em situações bizarras...