Capítulo Sem Nome Vinte e Três

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 Eu corri para a diretoria.

 Não podia acreditar que Rhonda havia me mandado roubar a casa do diretor da escola. Ela era maluca? E se ele me encontrasse lá? E ela mandou que desse os brincos para Ravi, agora o indiano seria expulso! Meu melhor amigo, expulso por minha culpa! Pior, se os brincos valessem tanto quanto eu imaginava, o diretor provavelmente chamaria a polícia.

 Quando virei no corredor, dei de cara com Willow. Ela torcia o boné nas mãos e mordia os lábios. Ao me ver, endireitou a postura, ficou entre a porta da direção e eu e estreitou o olhar.

— Você deu pra ele brincos roubados. — Willow acusou antes que eu pudesse abrir a boca.

— Não foi bem assim. — me defendi.

— Você é um cretino, sabia?

— Cala a boca e me explica o que tá acontecendo aí dentro.

— Seu pedido é um pouco contraditório.

 Pensei em agarrá-la pelo pescoço e sacudi-la até que falasse, mas respirei fundo.

— Por favor. — pedi.

 Willow me estudou por um minuto e revirou os olhos.

— Ravi não está mais aí dentro, saiu há pouco tempo.

— O que ele disse?

— Que a expulsão vai ser assinada hoje mesmo e que o diretor Marshall está pensando se vai levar o roubo como um ato de rebeldia adolescente ou como o início de uma carreira criminal.

— Ravi não tentou se defender? Ele não disse nada?

— Ele é leal a você, York. Falou para o diretor que alguém iria aparecer para explicar tudo, não citou seu nome. Resolveu esperar por você, mas... — ela encolheu os ombros com um ar de insinuação.

— Eu só fiquei sabendo agora, por isso não vim antes. Mas vou falar com o diretor agora mesmo.

— Ele não está recebendo ninguém. Por que acha que ainda estou aqui?

 Apoiei minhas costas ao lado da porta e suspirei.

— Você conseguiu os brincos com outro teste, não foi? — ela perguntou de cara feia.

— Foi. Mas não sabia de quem era a casa.

— Poderia ser de qualquer um, você roubou e isso é errado.

— Eu ia devolver, juro. Se soubesse que ia dar em tudo isso nunca... Como eu iria adivinhar que o diretor Marshall vivia naquela casa? Nem sabia que ele era rico!

 Ficamos em silêncio por meio minuto e eu suspirei novamente.

— Como o Ravi está? — perguntei.

— Digamos que puto com você. Decepcionado também.

 Aquilo afundou meus ombros. Como uma brincadeira poderia se tornar algo tão grande? O pior é que eu sempre soube que não era uma brincadeira.

— Você precisa fazer alguma coisa. — Willow decretou ao meu lado.

— E se não adiantar?

— É claro que vai adiantar.

— E se nós dois acabarmos expulsos? Se o diretor não livrar o Ravi?

— Ele precisa, ele vai.

 Comecei a balançar a cabeça freneticamente em negativa, naquele momento o desespero se apossou de mim. Tive medo de ser expulso, medo que o Ravi seguisse o mesmo destino que o meu, medo de perder meu melhor amigo e terror de acabar em um correcional para menores infratores.

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