Capítulo 4 - Brincadeiras bobas

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GABI

- Nós estamos...sem gasolina?

- Sim. - Ele tira o cinto de segurança e passa a mão nos cabelos soltos meio molhados pelo mar. - O próximo posto é a trinta quilômetros daqui. - E eu engasgo. Como que a gente vai sair daqui?

Vejo Miguel sair do carro e encostar as nádegas no capô do carro. Eu desço logo depois e caminho até ele. Ele pega seu celular e disca ao seguro. Sorte que essa belezura tem um seguro. Quando Miguel desligou o telefonema e jogou o celular no banco do passageiro, ele olhou em meus olhos e começou á rir.

- O que foi? - Pergunto, observando seus dentes meio amarelados. Esse é um fã de café.

- A sua cara de preocupada. - Ele balança a cabeça, sorrindo. - Relaxa, é só um carro. E ele tem seguro. - E eu semicerro os olhos, mantendo o olhar preso no daquele moço tão baixinho quanto eu. O sorriso dele é encantador, eu diria.

Nós ficamos alguns curtos segundos em silêncio, um olhando para a cara do outro. Que momento constrangedor. Eu não ouso cortar o silêncio, visto que não tenho nada á dizer.

- Bom, já que estamos presos á esse carro enquanto o guincho não chega... o que você acha de voltarmos para o mar? - Miguel olha profundamente nos meus olhos. Oh, ok.

- Certo, mas você está proibido de tentar me afogar de novo. - Digo e ele faz uma cara de confusão engraçada e dá de ombros.

- Eu até te ajudei, Gabi. - Ri, me disposicionando o braço como se fosse um príncipe encantado. Eu entrelaço o braço no dele e caminhamos até o mar. Ele me chamou de Gabi?

Nós ficamos ali bem na beira do mar, sentados na areia molhada que grudava em nossa pele, observando o pôr do sol. Sério, isso está clichê demais.

- Meu Deus, tem um caranguejo no seu cabelo. - Ele parecia assustado. Eu dou um pulo e bato a mão nos cabelos, na tentativa de tirar o animal. Eu me levantei e abaixei a cabeça mais para o fundo do mar, banhando meus fios e batendo-os. De repente, eu sinto uma beliscada no peito do meu pé e eu grito fino, caindo de vez na água. Ouço a voz grossa de Miguel soar em uma gargalhada gostosa e vejo sua mão puxar a minha, me tirando da água.

- Idiota. - Cruzo os braços e faço bico, encarando ele.

- Sabia que tu fica muito fofa quando faz esse biquinho. - Tenta imitar o meu bico e eu aperto seu nariz, correndo para a areia, sendo seguida por ele.

Caímos na areia feito dois pedaços de carne na farofa e gargalhamos alto, ouvindo o barulho do caminhão chegar. Era o guincho.

Finalmente, nós conseguimos tirar aquele carro do chão. Eu pensei que fôssemos junto na cabine do guincho, mas Miguel interviu.

- Nós vamos no mercado, fica tranquilo, irmão. - Seu sotaque carioca soa aos meus ouvidos como um recital de música. Oh, eu estou caidinha por esse cara. Mas calma, eu o conheço não fazem nem vinte e quatro horas.

Depois que o cara do guincho levou o Opala, Miguel olhou para mim e sorriu.

- Vamos? - Apresenta o caminho com as mãos, com um sorriso acolhedor.

- Para onde?

- Ham...para casa? - Indaga, confuso com a minha pergunta. Espera, não era mais fácil ter ido na cabine?

- Mas tivemos a oportunidade de ir no caminhão agora pouco. - Aponto para o caminho que o caminhão fez ao partir.

- Qual é? Vai dizer que não viu como aquele cara te olhava? Esse cara é muito arroz. - E eu arregalo os olhos, pasma com o tom de voz em que ele disse isso. - Quer dizer, eu não estava afim de ouvir as babozeiras dele para tu.

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