Capítulo 7 - Foragido.

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  GABI:

  Eu estava na praia com meu pai e meu irmão quando ouvi o nome do Miguel ser pronunciado. Espera, como?

  Eu olho em direção onde aquela garota ruiva corria e encontro o olhar do Miguel. Ele estava cabisbaixo, totalmente diferente do que eu conheci. Aquela garota o alcança, puxando sua mão. Ele, por acidente, se levanta e quase cai encima dele.

— Bora pegar uma onda, Miguelzinho. — A moça puxa sua mão e ele freia.

— Calma, Letícia. — Ele olha nos olhos dela profundamente. — É noite.

— Desde quando você se importou? — E ele suspira, começando a tirar a camisa. Ah, esse movimento nesse corpo.

  Ele tirou a camisa, os chinelos e as coisas que contia nos bolsos. Eles dois correram pela areia e pegaram duas pranchas ali do lado, uma roxa e outra laranja. O cabelo dele voa enquanto ele entra no mar, jogando sua prancha e se sentando sobre ela.

— Olha, Gabi. Esse cara surfa. — Gustavo diz, observando o Miguel na água.

  Como visto da última vez, Miguel viajou nas ondas á luz da lua. Ele parecia desligado do mundo, dando atenção á somente os movimentos da maresia. E é lógico, por diversas vezes ele levou um caldo e puxou a mulher junto. Pobrezinha, mais uma que fica nas mãos dele sem saber que ele ainda é apaixonado pela ex namorada.

— Gabriela? — Meu pai me chama, impaciente. Eu olho em seus olhos e ele suspira. — Filha, você quer conversar?

— Por que eu iria querer conversar? — E ele ergue uma sobrancelha, com um sorrisinho de lado, duvidando de mim. — É sério, tô bem. — E meu olhar encontra o Miguel.

Depois de alguns segundos de silêncio, vejo meu irmãozinho se levantar e tirar a camisa e os chinelos. Ele estava com um short de malha azul escuro.

— Aonde você vai, Gustavo? — E ele joga a camisa na areia, tirando o boné pra trás da cabeça.

— Aprender á surfar enquanto vocês ficam aí noiando. — E ele sai correndo em direção ao mar. Oh, não...não!

— Droga. — Eu bato na minha testa.

— Bom, se eu não quiser ser comparado com um pedaço de costela assada revirando na farinha, vou ter que ir junto. — Meu pai tirou a camisa e os chinelos, correndo atrás do Gustavo. Era tudo o que me faltava.

  Vocês devem estar se perguntando o que a minha família faz aqui. Enquanto tinha dado um tempo do Miguel, eu fui para um hotel bem simples e ali mesmo chamei meu pai dizendo que queria ir para casa, visto que não tinha dinheiro o suficiente para comprar outra passagem de volta.  Então, meu pai decidiu vir com a família toda e passar um tempo aqui. Grande merda, né? Eu sei.

  Eu fiquei observando meu irmão e meu pai levando vários caldos enquanto Miguel ensinava o Gustavo e a outra garota ensinava meu pai. Cansada, deitei-me na areia e fiquei observando o céu estrelado sentindo a maresia acariciar minha pele. Acabei adormecendo e acordei uns minutos depois, ouvindo meu nome ser pronunciado por uma voz masculina.

— Gabriela? — Ouço meu pai me chamar, de pé na minha frente.

  Eu me sento e observo ao redor. Não vejo mais o Miguel nem a ruiva. Só estamos eu, meu pai e meu irmão aqui na praia.

— Vamos embora logo, Gabriela. — Gustavo pula na areia, como uma lebre feliz. — Amanhã temos que acordar cedo.

— Hãn? — Esfrego os olhos. — Pra que?

— Vamos ir surfar na praia de Copacabana amanhã com o nosso novo truta carioca. — Diz, saltitando de felicidade.

— Vocês estão loucos? — E eles me olham, sem entender. — Vocês marcaram de se encontrar com um cara que vocês nem conhecem?

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